— Santos Cornélio e Cipriano
Unidos pela fé e
sangue, encontramos como exemplo de amizade e santidade estas
testemunhas de Cristo, que foram martirizados no mesmo dia, porém, com
diferença de cinco anos.
São Cornélio
Cornélio tinha sido eleito Papa em 251, após um
grande período de ausência do pastor por causa da terrível perseguição
de Décio. Sua eleição foi contestada por Novaciano, que acusava o Papa
de ser muito indulgente para com os que haviam renegado a fé (lapsos) e
separaram-se da Igreja.
Por causa dos êxitos obtidos com sua pregação, foi
processado e exilado para o lugar hoje chamado Civitavecchici, onde
Cornélio morreu. Foi sepultado nas catacumbas de Calisto.
São Cipriano
Uma das grandes figuras do século III, Cipriano, de
família rica de Cartago, capital romana na África do Norte. Quando pagão
era um ótimo advogado e mestre de retórica, até que provocado pela
constância e serenidade dos mártires cristãos, converteu-se entre 35 e
40 anos de idade.
Por causa de sua radical conversão muitos ficaram
espantados já que era bem popular. Com pouco tempo foi ordenado
sacerdote e depois sagrado Bispo num período difícil da Igreja
africana.
Duas perseguições contra os cristãos ocorreram: a de
Décio e Valeriano. Estas perseguições marcaram o começo e o fim de seu
episcopado, além de uma terrível peste que assolou o norte da África,
semeando mortes. Problemas doutrinários, por outro lado, agitavam a
Igreja daquela região.
Diante da perseguição do imperador Décio em 249,
Cipriano escolheu esconder-se para continuar prestando serviços à
Igreja. No ano 258, o santo Bispo foi denunciado, preso e processado.
Existem as atas do seu processo de martírio que relatam suas últimas
palavras do saber da sua sentença à morte: "Graças a Deus!"
Santos Cornélio e Cipriano, rogai por nós!
16.09.2012
24º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "Quem dizeis que eu sou? Tu és o Messias!" __
NOTA ESPECIAL:
VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGLEHO COM SUGESTÕES
PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E
SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E
COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Neste
domingo, o terceiro do mês da Bíblia, somos convidados a dar nosso
testemunho a respeito de quem é Jesus. Ele quer ouvir de nós o que
pensamos e dizemos dele. O que podemos afirmar da identidade de Jesus?
Não basta a resposta dos outros; cada um deve dar a própria resposta e
aderir à sua pessoa. Crendo que Jesus é o Messias, o enviado de Deus,
nossa fé se manterá inalterada mesmo diante de provocações, e se
traduzirá em obras a favor da fraternidade. Iniciemos nossa celebração,
intercedendo o dom da fé, para que o Senhor manifeste sua justiça em
nossas vidas e através de nós..
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos
e irmãs, viemos celebrar a Eucaristia e fazer a nossa profissão de fé,
dizendo a Jesus o que São Pedro afirmou: "Tu és o Messias". Também
queremos abrir o nosso coração para ouvir do Senhor a exortação: "Se
alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.
Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua
vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la". É com esse espírito
que nos preparamos para a Assembleia Arquidiocesana que se aproxima.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER:
Neste domingo, a mensagem é sobre o sofrimento que acompanha o profeta
em sua missão. A Palavra de Deus, muitas vezes, e em muitos ambientes,
encontra resistência. Deus pede transformação e conversão, mas isto não
agrada a muita gente. Então, como o ímpio não pode atingir a Deus,
procura atingir o seu mensageiro. Como ouviremos na primeira leitura, o
servo de Deus não deve correr nos momentos difíceis, porque Deus não o
abandonará jamais. Jesus mesmo profetiza no Evangelho que ele não
passará sem sofrimento e morte, mas vencerá pela ressurreição. Isto faz
parte da vida daquele que quer transformar o mundo e trazer vida para os
demais. Que a Bíblia seja para nós, realmente, o livro que contém a
Palavra de Deus.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada: Ouvi,
Senhor, as preces do vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz
àqueles que esperam em vós, para que os vossos profetas sejam
verdadeiros (Eco 36,18).
Oração do dia
Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e,
para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de
todo o coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
Primeira Leitura (Isaías 50,5-9)
Leitura do livro do profeta Isaías.
50 5 O Senhor Deus abriu-me o ouvido e eu não relutei, não me esquivei.
6 Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as
faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos
ultrajes e dos escarros.
7 Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que
não me senti desonrado; enrijeci meu rosto como uma pedra, convicto de
não ser desapontado.
8 Aquele que me fará justiça aí está. Quem ousará
atacar-me? Vamos medir-nos! Quem será meu adversário? Que se apresente!
9 O Senhor Deus vem em meu auxílio: quem ousaria
condenar-me? Cairão em frangalhos como um manto velho; a traça os roerá.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo responsorial 114/115
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Eu amo o Senhor, porque ouve
o grito da minha oração.
Inclinou para mim seu ouvido
no dia em que eu o invoquei.
Prendiam-me a cordas da morte,
apertavam-me os laços do abismo;
invadiam-me angústias e tristeza.
Eu então invoquei o Senhor:
"Salvai, ó Senhor, minha vida!"
O Senhor é justiça e bondade,
nosso Deus é amor-compaixão.
É o Senhor quem defende os humildes:
eu estava oprimido, e salvou-me.
Libertou minha vida da morte,
enxugou de meus olhos o pranto
e livrou os meus pés do tropeço.
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Segunda Leitura (Tiago 2,14-18)
Leitura da carta de são Tiago.
2 14 De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?
15 Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano,
16 e algum de vós lhes disser: "Ide em paz,
aquecei-vos e fartai-vos", mas não lhes der o necessário para o corpo,
de que lhes aproveitará?
17 Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.
18 Mas alguém dirá: "Tu tens fé, e eu tenho obras.
Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas
obras".
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu de nada me glorio, a não ser da cruz de Cristo;
vejo o mundo em cruz pregado e para o mundo em cruz me avisto (Gl 6,14).
EVANGELHO (Marcos 8,27-35)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 8 27 Jesus saiu com
os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e pelo caminho
perguntou-lhes: "Quem dizem os homens que eu sou?"
28 Responderam-lhe os discípulos: "João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas".
29 Então perguntou-lhes Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Respondeu Pedro: "Tu és o Cristo".
30 E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele.
31 E começou a ensinar-lhes que era necessário que o
Filho do homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos
sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse
depois de três dias.
32 E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
33 Mas, voltando-se ele, olhou para os seus
discípulos e repreendeu a Pedro: "Afasta-te de mim, Satanás, porque teus
sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens".
34 Em seguida, convocando a multidão juntamente com
os seus discípulos, disse-lhes: "Se alguém me quer seguir, renuncie-se a
si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
35 Porque o que quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho,
salvá-la-á".
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!
HOMILIA - CREIO - PRECES
(Ver abaixo ao final desta liturgia 3 sugestões de Homilia para este domingo)
Sobre as oferendas
Sede propício, ó Deus, às nossas súplicas e acolhei
com bondade as oferendas dos vossos servos e servas, para que aproveite à
salvação de todos o que cada um trouxe em vossa honra. Por Cristo,
nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Quão preciosa é, Senhor, vossa graça! Eis que os filhos dos homens se abrigam sob a sombra das asas de Deus (Sl 35,18).
Depois da comunhão
Ó Deus, que a ação da vossa eucaristia penetre todo o nosso ser para
que não sejamos movidos por nossos impulsos, mas pela graça do vosso
sacramento. Por Cristo, nosso Senhor.
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Primeira epiclese
Após o pós-santo segue-se a
primeira epiclese ou epiclese de consagração, que o padre realiza com as
mãos estendidas sobre os dons do pão e do vinho. Epiclese, ou epíclese,
é palavra derivada do grego epi- -kalein e significa "chamar sobre" (em
latim, in-vocar). É, pois, uma invocação que se dirige a Deus, pedindo
que envie o Espírito Santo para transformar pessoas ou coisas. Via de
regra, são duas as epicleses presentes na Oração Eucarística. A primeira
encontra-se antes das palavras da instituição, e a outra, depois dessas
palavras. Observemos, a seguir, as palavras da primeira epiclese:
"Santificai, pois, estas oferendas, a fim de que se tornem para nós o
Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso". No caso
da presente epiclese, a Igreja invoca a Deus pedindo a intervenção do
Espírito Santo no sentido de que o pão e o vinho que se encontram sobre o
altar sejam transformados no corpo e no sangue do Senhor. Precisamente
dessa ação de consagrar deriva o nome dado a essa parte da Oração
Eucarística: "epíclese de consagração".
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Vd – 1Cor 11,17-26.33; Sl 39 (40); Lc 7,1-10
3ª Vd – 1Cor 12,12-14.27-31; Sl 99 (100); Lc 7,11-17
4ª Vd – 1Cor12,31-13,13; Sl 32 (33); Lc 7,31-35
5ª Vm – 1Cor 15,1-11; Sl 117 (118); Lc 7,36-50
6ª Vm – Ef 4,1-7.11-13; Sl 18 (19A); Mt 9,9-13
Sb Vd – 1Cor 15,35-37; Sl 55 (56); Lc 8,4-15
25º DTC-: Sb 2,12.17-20; Sl 53 (54),3-4.5.6.8 (R/. 6b); Tg 3,16–4,3 ; Mc 9,30-37 (Paixão e ambições)
COMENTÁRIOS
DO EVANGELHO
1. O CRISTO DOS DESILUDIDOS!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim – SP
Com certeza esse evangelho do 24º.
Domingo do Tempo Comum, traz em nosso coração essa pergunta tão
inquietante: O que significa perder a vida por causa de Jesus e do seu
evangelho? Quem é Jesus, e o que significa a afirmativa de que é
preciso “Perder para ganhar”?.
Nos primeiros três séculos da
Igreja primitiva, quando o Cristianismo não estava atrelado ao Império,
tivemos centenas de mártires que derramaram seu sangue na arena, por
causa do testemunho. Nas comunidades de Marcos a perseguição do império
romano era muito intensa e os que eram pegos e não renunciavam a fé em
Jesus, eram presos e acabavam também mortos. Na América Latina não
foram poucos os mártires, que tombaram defendendo o direito e a justiça
do povo sofrido e injustiçado.
Será que é deles que o evangelho
está falando, no sentido literal? Será que não podemos aplicar hoje ás
pessoas de nossas comunidades essa expressão, de que elas também perdem
a vida por causa de Cristo e do seu evangelho? Em certo sentido, é
muito válido dizer que nossos agentes de pastorais, perdem a vida,
quando se dedicam a tantos trabalhos estafantes, muitos até nem vivem
mais para si mesmo, mas organizam suas vidas a partir da comunidade, e
fazem isso com muita alegria e seriedade. Deixar de lado os interesses
pessoais, para dedicar-se ao trabalho pastoral, sem dúvida é também
perder a vida.
Entretanto, não é apenas isso,
porque muitas vezes recebemos algo em troca, e nesse caso, se ganhamos e
não estamos perdendo, o evangelho não se aplica, ainda que haja uma
roupagem de trabalho pastoral, mas é só roupagem, pois no fundo a gente
se apega ao cargo, ao poder, que sempre nos fascina, nas comunidades há
certos coordenadores que “mandam” até mais que o padre, e o poder
satisfaz ao nosso “ego”.
Jesus havia se dado conta de que a
visão sobre o seu Messianismo, era equivocada. Com o objetivo de fazer
a necessária correção, fez uma prova oral com seus discípulos,
primeiro eles são indagados sobre o que o povão pensa a respeito dele, e
ao saber que o povo o confundia com João Batista, Elias ou um dos
profetas, parece que Jesus não demonstrou nenhuma preocupação, e foi
direto ao assunto que mais lhe interessava: “E vocês, quem dizem que eu
sou?”. A resposta de Pedro foi corretíssima “Tu és o Messias!”. A
questão é saber, de que Messias Pedro estava falando. Por isso, em
seguida, Jesus revela o sentido do seu messianismo, que irá se
consolidar no sofrimento, na rejeição, na morte e ressurreição.
Na visão de Pedro, no Messianismo
de Jesus tudo vai dar certo e as coisas vão se resolver, as contas irão
fechar, pois Jesus irá por ordem na casa, com o seu poder divino.
Ninguém irá resisti-lo... Não é essa a ilusão que toma conta do coração
de muitos cristãos em nossas comunidades? O Jesus do “tudo certo”, do
“mar de rosas”, da “doce paz, da saúde, da prosperidade”, o Jesus da
reviravolta, que só me dá vitória em cima de vitória, o Jesus que sempre
me tira dos “enroscos” da vida. Esse não é o Jesus do Evangelho, mas o
Cristo dos Desiludidos!
Encontrar sempre respostas
prontas, caminhos largos, problemas resolvidos, portas abertas, nunca
foi e nem será uma característica do cristianismo. Anunciar um Jesus
assim é trair o projeto de Deus, é falsificar o evangelho, é ser
Satanás, aquele que se opõe ao Reino do Céu. Infelizmente na
pós-modernidade, muitas igrejas, sem raiz, sem história e nem tradição,
idealizaram um Jesus produto do consumo, um Cristo que só abençoa os
ricos e poderosos. Nessa teologia de fundo de quintal, os dois últimos
versículos do evangelho desse domingo, são deixados de lado, pois não
falam a linguagem da pós modernidade. Quem irá, nos dias de hoje, fazer
marketing de um projeto que implique renúncia, cruz e sofrimento? Um
projeto cuja proposta de Salvação seja pautada pelo desprezo á própria
vida, deixando de lado até interesses particulares.
Proposta de Salvação que não fale
em vitória, em sucesso, em prosperidade, não dá IBOPE, não lota templo,
não dá audiência. Qualquer marqueteiro da atualidade teria a mesma
reação de Pedro e repreenderia Jesus... Onde já se viu, começar um
projeto prenunciando o fracasso da cruz?
O Messianismo de Jesus vislumbra
sim, um mundo totalmente novo, mas ele não descarta a aspereza do
caminho, as pedras do calvário, os penhascos, os espinhos, a ousadia de
um sonho, que vai se construindo com os pés no chão da história,
vivendo já no coração os valores desse reino que virá. O autêntico
discípulo é aquele que, vislumbrando esse reino, descobre-o presente em
Jesus que caminha com a sua igreja, e passa a viver cada minuto, hora e
dia, apenas em função desse projeto, menosprezando todo e qualquer
valor ou ideologia, que o mundo possa oferecer, porque crê sinceramente
que nada é maior ou mais importante do que Cristo e a Boa Nova do
Evangelho. É exatamente assim que o quadro se reverte, e a PERDA se
transforma em GANHO, como ensina o evangelho... (24º Domingo do Tempo
Comum)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
2. A identidade de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Jesus e seus discípulos partem para
os povoados além das fronteiras da Galileia, ao norte. A partir de
então Jesus decide tomar rumo ao sul, seguindo o caminho para Jerusalém,
através da Judeia, em um ambiente exclusivamente judaico, para aí fazer
seu anúncio libertador. Aproxima-se a festa ritual da Páscoa judaica. É
o momento oportuno para aprofundar a própria identidade de Jesus. Vai
se encerrando o ministério na Galileia e vizinhanças, em ambiente
predominantemente gentílico, para o confronto em Jerusalém,
completando-se a missão de Jesus.
Conforme as expectativas das elites
religiosas e econômicas de Jerusalém, aguardava-se um líder, o messias,
representado na figura do "Servo de Javé", das profecias de Isaías (cf.
primeira leitura), o qual daria à Judeia um poder e status de acordo
com antigo império de Davi, conforme as glórias que constavam na
tradição. Na escatologia e na apocalíptica do Primeiro Testamento
encontravam a esperança de Israel vir a ser uma nação hegemônica sobre
todas as nações do mundo, em pleno poder e glória. Parte do povo
assimilava esta tradição das elites, introjetando-a. Assim também
acontecia com os discípulos de Jesus, originários do judaísmo.
A questão da identidade de Jesus
vinha sendo discutida entre o povo e as opiniões eram variadas. O
próprio Herodes se interrogava sobre esta questão (cf. 27 set.). Entre o
povo, contudo, havia opiniões que identificavam Jesus com alguns
líderes populares, contestadores do poder, como foram João Batista,
Elias ou os profetas.
Contudo, junto de Jesus, Pedro
representando os discípulos, ao ser interrogado, externa sua opinião de
que Jesus seria o messias ("cristo", do grego) esperado pelas elites.
Jesus os repreende severamente, com o mesmo vigor que exorcizava os
espíritos impuros.
Em continuidade, Jesus prenuncia as
perseguições que o ameaçam em Jerusalém, da parte das autoridades
religiosas (primeiro "anúncio da Paixão"). Pedro rejeita o confronto com
os possíveis sofrimentos e é repreendido mais severamente por Jesus.
Jesus propõe as "coisas de Deus", a comunicação da vida, sem limites.
Pedro atém-se às "coisas dos homens", à preservação do poder e à paz da
ordem iníqua estabelecida.
Jesus, então, retoma a instrução
aos discípulos quanto ao despojamento e a disponibilidade a serem
assumidos por eles. Perder sua vida por causa de Jesus é desprezar os
sedutores projetos de sucesso de enriquecimento e de consumismo,
oferecidos pelos poderosos deste mundo. Perder sua vida é ser para o
outro, estar a serviço e em comunhão com os mais necessitados e
excluídos, como Jesus. É viver o amor, comprometendo-se com a luta em
vista da restauração da vida e da conquista da Paz.
Oração
Senhor Jesus, revela-me sempre mais tua face de
Messias Servo, para que eu não me engane no caminho do teu seguimento.
3. TU ÉS O MESSIAS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da
FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A pessoa de Jesus não se enquadrava
nas categorias da época e era interpretada de formas as mais variadas.
Seu modo de ser austero e a maneira incisiva de sua pregação levavam
alguns a confundi-lo com João Batista ou com Elias. Pensava-se que Jesus
tivesse como que feito reviver em si estas figuras. A postura de Jesus
era também identificada com as dos profetas do passado, cujas vidas
pareciam servir-lhe de inspiração.
Jesus quis saber a opinião dos
discípulos a seu respeito, por não estar bem seguro de como o
consideravam. A resposta foi dada por Pedro, em nome do grupo, de
maneira correta, e convenceu a Jesus. Ele, de fato, era o Messias.
Entretanto, o Mestre sentiu-se na
obrigação de oferecer aos discípulos pistas para a correta compreensão
de sua condição messiânica. Seu messianismo leva-lo-ia a confrontar-se
com a rejeição das autoridades e com a morte violenta. Ele, no entanto,
estava também destinado à ressurreição.
As expectativas em voga giravam em
torno de um futuro Messias revestido de glória e poder. Os discípulos,
pois, tiveram de fazer um esforço gigantesco para introduzir o
sofrimento no messianismo do Mestre. Jamais se esperava um Messias
sofredor, como Jesus se proclamava ser. Os discípulos viram-se,
portanto, na obrigação de refazer seus esquemas.
Oração
Senhor Jesus, faze-me compreender que escolheste o
caminho da cruz e do sofrimento, para realizar a missão recebida do Pai.
— Santos Cornélio e Cipriano
Unidos pela fé e
sangue, encontramos como exemplo de amizade e santidade estas
testemunhas de Cristo, que foram martirizados no mesmo dia, porém, com
diferença de cinco anos.
São Cornélio
Cornélio tinha sido eleito Papa em 251, após um
grande período de ausência do pastor por causa da terrível perseguição
de Décio. Sua eleição foi contestada por Novaciano, que acusava o Papa
de ser muito indulgente para com os que haviam renegado a fé (lapsos) e
separaram-se da Igreja.
Por causa dos êxitos obtidos com sua pregação, foi
processado e exilado para o lugar hoje chamado Civitavecchici, onde
Cornélio morreu. Foi sepultado nas catacumbas de Calisto.
São Cipriano
Uma das grandes figuras do século III, Cipriano, de
família rica de Cartago, capital romana na África do Norte. Quando pagão
era um ótimo advogado e mestre de retórica, até que provocado pela
constância e serenidade dos mártires cristãos, converteu-se entre 35 e
40 anos de idade.
Por causa de sua radical conversão muitos ficaram
espantados já que era bem popular. Com pouco tempo foi ordenado
sacerdote e depois sagrado Bispo num período difícil da Igreja
africana.
Duas perseguições contra os cristãos ocorreram: a de
Décio e Valeriano. Estas perseguições marcaram o começo e o fim de seu
episcopado, além de uma terrível peste que assolou o norte da África,
semeando mortes. Problemas doutrinários, por outro lado, agitavam a
Igreja daquela região.
Diante da perseguição do imperador Décio em 249,
Cipriano escolheu esconder-se para continuar prestando serviços à
Igreja. No ano 258, o santo Bispo foi denunciado, preso e processado.
Existem as atas do seu processo de martírio que relatam suas últimas
palavras do saber da sua sentença à morte: "Graças a Deus!"
Santos Cornélio e Cipriano, rogai por nós!
16.09.2012
24º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "Quem dizeis que eu sou? Tu és o Messias!" __
NOTA ESPECIAL:
VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGLEHO COM SUGESTÕES
PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E
SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E
COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Neste
domingo, o terceiro do mês da Bíblia, somos convidados a dar nosso
testemunho a respeito de quem é Jesus. Ele quer ouvir de nós o que
pensamos e dizemos dele. O que podemos afirmar da identidade de Jesus?
Não basta a resposta dos outros; cada um deve dar a própria resposta e
aderir à sua pessoa. Crendo que Jesus é o Messias, o enviado de Deus,
nossa fé se manterá inalterada mesmo diante de provocações, e se
traduzirá em obras a favor da fraternidade. Iniciemos nossa celebração,
intercedendo o dom da fé, para que o Senhor manifeste sua justiça em
nossas vidas e através de nós..
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos
e irmãs, viemos celebrar a Eucaristia e fazer a nossa profissão de fé,
dizendo a Jesus o que São Pedro afirmou: "Tu és o Messias". Também
queremos abrir o nosso coração para ouvir do Senhor a exortação: "Se
alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.
Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua
vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la". É com esse espírito
que nos preparamos para a Assembleia Arquidiocesana que se aproxima.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER:
Neste domingo, a mensagem é sobre o sofrimento que acompanha o profeta
em sua missão. A Palavra de Deus, muitas vezes, e em muitos ambientes,
encontra resistência. Deus pede transformação e conversão, mas isto não
agrada a muita gente. Então, como o ímpio não pode atingir a Deus,
procura atingir o seu mensageiro. Como ouviremos na primeira leitura, o
servo de Deus não deve correr nos momentos difíceis, porque Deus não o
abandonará jamais. Jesus mesmo profetiza no Evangelho que ele não
passará sem sofrimento e morte, mas vencerá pela ressurreição. Isto faz
parte da vida daquele que quer transformar o mundo e trazer vida para os
demais. Que a Bíblia seja para nós, realmente, o livro que contém a
Palavra de Deus.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada: Ouvi,
Senhor, as preces do vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz
àqueles que esperam em vós, para que os vossos profetas sejam
verdadeiros (Eco 36,18).
Oração do dia
Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e,
para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de
todo o coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
Primeira Leitura (Isaías 50,5-9)
Leitura do livro do profeta Isaías.
50 5 O Senhor Deus abriu-me o ouvido e eu não relutei, não me esquivei.
6 Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as
faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos
ultrajes e dos escarros.
7 Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que
não me senti desonrado; enrijeci meu rosto como uma pedra, convicto de
não ser desapontado.
8 Aquele que me fará justiça aí está. Quem ousará
atacar-me? Vamos medir-nos! Quem será meu adversário? Que se apresente!
9 O Senhor Deus vem em meu auxílio: quem ousaria
condenar-me? Cairão em frangalhos como um manto velho; a traça os roerá.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo responsorial 114/115
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Eu amo o Senhor, porque ouve
o grito da minha oração.
Inclinou para mim seu ouvido
no dia em que eu o invoquei.
Prendiam-me a cordas da morte,
apertavam-me os laços do abismo;
invadiam-me angústias e tristeza.
Eu então invoquei o Senhor:
"Salvai, ó Senhor, minha vida!"
O Senhor é justiça e bondade,
nosso Deus é amor-compaixão.
É o Senhor quem defende os humildes:
eu estava oprimido, e salvou-me.
Libertou minha vida da morte,
enxugou de meus olhos o pranto
e livrou os meus pés do tropeço.
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Segunda Leitura (Tiago 2,14-18)
Leitura da carta de são Tiago.
2 14 De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?
15 Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano,
16 e algum de vós lhes disser: "Ide em paz,
aquecei-vos e fartai-vos", mas não lhes der o necessário para o corpo,
de que lhes aproveitará?
17 Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.
18 Mas alguém dirá: "Tu tens fé, e eu tenho obras.
Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas
obras".
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu de nada me glorio, a não ser da cruz de Cristo;
vejo o mundo em cruz pregado e para o mundo em cruz me avisto (Gl 6,14).
EVANGELHO (Marcos 8,27-35)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 8 27 Jesus saiu com
os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e pelo caminho
perguntou-lhes: "Quem dizem os homens que eu sou?"
28 Responderam-lhe os discípulos: "João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas".
29 Então perguntou-lhes Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Respondeu Pedro: "Tu és o Cristo".
30 E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele.
31 E começou a ensinar-lhes que era necessário que o
Filho do homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos
sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse
depois de três dias.
32 E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
33 Mas, voltando-se ele, olhou para os seus
discípulos e repreendeu a Pedro: "Afasta-te de mim, Satanás, porque teus
sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens".
34 Em seguida, convocando a multidão juntamente com
os seus discípulos, disse-lhes: "Se alguém me quer seguir, renuncie-se a
si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
35 Porque o que quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho,
salvá-la-á".
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!
HOMILIA - CREIO - PRECES
(Ver abaixo ao final desta liturgia 3 sugestões de Homilia para este domingo)
Sobre as oferendas
Sede propício, ó Deus, às nossas súplicas e acolhei
com bondade as oferendas dos vossos servos e servas, para que aproveite à
salvação de todos o que cada um trouxe em vossa honra. Por Cristo,
nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Quão preciosa é, Senhor, vossa graça! Eis que os filhos dos homens se abrigam sob a sombra das asas de Deus (Sl 35,18).
Depois da comunhão
Ó Deus, que a ação da vossa eucaristia penetre todo o nosso ser para
que não sejamos movidos por nossos impulsos, mas pela graça do vosso
sacramento. Por Cristo, nosso Senhor.
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Primeira epiclese
Após o pós-santo segue-se a
primeira epiclese ou epiclese de consagração, que o padre realiza com as
mãos estendidas sobre os dons do pão e do vinho. Epiclese, ou epíclese,
é palavra derivada do grego epi- -kalein e significa "chamar sobre" (em
latim, in-vocar). É, pois, uma invocação que se dirige a Deus, pedindo
que envie o Espírito Santo para transformar pessoas ou coisas. Via de
regra, são duas as epicleses presentes na Oração Eucarística. A primeira
encontra-se antes das palavras da instituição, e a outra, depois dessas
palavras. Observemos, a seguir, as palavras da primeira epiclese:
"Santificai, pois, estas oferendas, a fim de que se tornem para nós o
Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso". No caso
da presente epiclese, a Igreja invoca a Deus pedindo a intervenção do
Espírito Santo no sentido de que o pão e o vinho que se encontram sobre o
altar sejam transformados no corpo e no sangue do Senhor. Precisamente
dessa ação de consagrar deriva o nome dado a essa parte da Oração
Eucarística: "epíclese de consagração".
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Vd – 1Cor 11,17-26.33; Sl 39 (40); Lc 7,1-10
3ª Vd – 1Cor 12,12-14.27-31; Sl 99 (100); Lc 7,11-17
4ª Vd – 1Cor12,31-13,13; Sl 32 (33); Lc 7,31-35
5ª Vm – 1Cor 15,1-11; Sl 117 (118); Lc 7,36-50
6ª Vm – Ef 4,1-7.11-13; Sl 18 (19A); Mt 9,9-13
Sb Vd – 1Cor 15,35-37; Sl 55 (56); Lc 8,4-15
25º DTC-: Sb 2,12.17-20; Sl 53 (54),3-4.5.6.8 (R/. 6b); Tg 3,16–4,3 ; Mc 9,30-37 (Paixão e ambições)
COMENTÁRIOS
DO EVANGELHO
1. O CRISTO DOS DESILUDIDOS!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim – SP
Com certeza esse evangelho do 24º.
Domingo do Tempo Comum, traz em nosso coração essa pergunta tão
inquietante: O que significa perder a vida por causa de Jesus e do seu
evangelho? Quem é Jesus, e o que significa a afirmativa de que é
preciso “Perder para ganhar”?.
Nos primeiros três séculos da
Igreja primitiva, quando o Cristianismo não estava atrelado ao Império,
tivemos centenas de mártires que derramaram seu sangue na arena, por
causa do testemunho. Nas comunidades de Marcos a perseguição do império
romano era muito intensa e os que eram pegos e não renunciavam a fé em
Jesus, eram presos e acabavam também mortos. Na América Latina não
foram poucos os mártires, que tombaram defendendo o direito e a justiça
do povo sofrido e injustiçado.
Será que é deles que o evangelho
está falando, no sentido literal? Será que não podemos aplicar hoje ás
pessoas de nossas comunidades essa expressão, de que elas também perdem
a vida por causa de Cristo e do seu evangelho? Em certo sentido, é
muito válido dizer que nossos agentes de pastorais, perdem a vida,
quando se dedicam a tantos trabalhos estafantes, muitos até nem vivem
mais para si mesmo, mas organizam suas vidas a partir da comunidade, e
fazem isso com muita alegria e seriedade. Deixar de lado os interesses
pessoais, para dedicar-se ao trabalho pastoral, sem dúvida é também
perder a vida.
Entretanto, não é apenas isso,
porque muitas vezes recebemos algo em troca, e nesse caso, se ganhamos e
não estamos perdendo, o evangelho não se aplica, ainda que haja uma
roupagem de trabalho pastoral, mas é só roupagem, pois no fundo a gente
se apega ao cargo, ao poder, que sempre nos fascina, nas comunidades há
certos coordenadores que “mandam” até mais que o padre, e o poder
satisfaz ao nosso “ego”.
Jesus havia se dado conta de que a
visão sobre o seu Messianismo, era equivocada. Com o objetivo de fazer
a necessária correção, fez uma prova oral com seus discípulos,
primeiro eles são indagados sobre o que o povão pensa a respeito dele, e
ao saber que o povo o confundia com João Batista, Elias ou um dos
profetas, parece que Jesus não demonstrou nenhuma preocupação, e foi
direto ao assunto que mais lhe interessava: “E vocês, quem dizem que eu
sou?”. A resposta de Pedro foi corretíssima “Tu és o Messias!”. A
questão é saber, de que Messias Pedro estava falando. Por isso, em
seguida, Jesus revela o sentido do seu messianismo, que irá se
consolidar no sofrimento, na rejeição, na morte e ressurreição.
Na visão de Pedro, no Messianismo
de Jesus tudo vai dar certo e as coisas vão se resolver, as contas irão
fechar, pois Jesus irá por ordem na casa, com o seu poder divino.
Ninguém irá resisti-lo... Não é essa a ilusão que toma conta do coração
de muitos cristãos em nossas comunidades? O Jesus do “tudo certo”, do
“mar de rosas”, da “doce paz, da saúde, da prosperidade”, o Jesus da
reviravolta, que só me dá vitória em cima de vitória, o Jesus que sempre
me tira dos “enroscos” da vida. Esse não é o Jesus do Evangelho, mas o
Cristo dos Desiludidos!
Encontrar sempre respostas
prontas, caminhos largos, problemas resolvidos, portas abertas, nunca
foi e nem será uma característica do cristianismo. Anunciar um Jesus
assim é trair o projeto de Deus, é falsificar o evangelho, é ser
Satanás, aquele que se opõe ao Reino do Céu. Infelizmente na
pós-modernidade, muitas igrejas, sem raiz, sem história e nem tradição,
idealizaram um Jesus produto do consumo, um Cristo que só abençoa os
ricos e poderosos. Nessa teologia de fundo de quintal, os dois últimos
versículos do evangelho desse domingo, são deixados de lado, pois não
falam a linguagem da pós modernidade. Quem irá, nos dias de hoje, fazer
marketing de um projeto que implique renúncia, cruz e sofrimento? Um
projeto cuja proposta de Salvação seja pautada pelo desprezo á própria
vida, deixando de lado até interesses particulares.
Proposta de Salvação que não fale
em vitória, em sucesso, em prosperidade, não dá IBOPE, não lota templo,
não dá audiência. Qualquer marqueteiro da atualidade teria a mesma
reação de Pedro e repreenderia Jesus... Onde já se viu, começar um
projeto prenunciando o fracasso da cruz?
O Messianismo de Jesus vislumbra
sim, um mundo totalmente novo, mas ele não descarta a aspereza do
caminho, as pedras do calvário, os penhascos, os espinhos, a ousadia de
um sonho, que vai se construindo com os pés no chão da história,
vivendo já no coração os valores desse reino que virá. O autêntico
discípulo é aquele que, vislumbrando esse reino, descobre-o presente em
Jesus que caminha com a sua igreja, e passa a viver cada minuto, hora e
dia, apenas em função desse projeto, menosprezando todo e qualquer
valor ou ideologia, que o mundo possa oferecer, porque crê sinceramente
que nada é maior ou mais importante do que Cristo e a Boa Nova do
Evangelho. É exatamente assim que o quadro se reverte, e a PERDA se
transforma em GANHO, como ensina o evangelho... (24º Domingo do Tempo
Comum)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
2. A identidade de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Jesus e seus discípulos partem para
os povoados além das fronteiras da Galileia, ao norte. A partir de
então Jesus decide tomar rumo ao sul, seguindo o caminho para Jerusalém,
através da Judeia, em um ambiente exclusivamente judaico, para aí fazer
seu anúncio libertador. Aproxima-se a festa ritual da Páscoa judaica. É
o momento oportuno para aprofundar a própria identidade de Jesus. Vai
se encerrando o ministério na Galileia e vizinhanças, em ambiente
predominantemente gentílico, para o confronto em Jerusalém,
completando-se a missão de Jesus.
Conforme as expectativas das elites
religiosas e econômicas de Jerusalém, aguardava-se um líder, o messias,
representado na figura do "Servo de Javé", das profecias de Isaías (cf.
primeira leitura), o qual daria à Judeia um poder e status de acordo
com antigo império de Davi, conforme as glórias que constavam na
tradição. Na escatologia e na apocalíptica do Primeiro Testamento
encontravam a esperança de Israel vir a ser uma nação hegemônica sobre
todas as nações do mundo, em pleno poder e glória. Parte do povo
assimilava esta tradição das elites, introjetando-a. Assim também
acontecia com os discípulos de Jesus, originários do judaísmo.
A questão da identidade de Jesus
vinha sendo discutida entre o povo e as opiniões eram variadas. O
próprio Herodes se interrogava sobre esta questão (cf. 27 set.). Entre o
povo, contudo, havia opiniões que identificavam Jesus com alguns
líderes populares, contestadores do poder, como foram João Batista,
Elias ou os profetas.
Contudo, junto de Jesus, Pedro
representando os discípulos, ao ser interrogado, externa sua opinião de
que Jesus seria o messias ("cristo", do grego) esperado pelas elites.
Jesus os repreende severamente, com o mesmo vigor que exorcizava os
espíritos impuros.
Em continuidade, Jesus prenuncia as
perseguições que o ameaçam em Jerusalém, da parte das autoridades
religiosas (primeiro "anúncio da Paixão"). Pedro rejeita o confronto com
os possíveis sofrimentos e é repreendido mais severamente por Jesus.
Jesus propõe as "coisas de Deus", a comunicação da vida, sem limites.
Pedro atém-se às "coisas dos homens", à preservação do poder e à paz da
ordem iníqua estabelecida.
Jesus, então, retoma a instrução
aos discípulos quanto ao despojamento e a disponibilidade a serem
assumidos por eles. Perder sua vida por causa de Jesus é desprezar os
sedutores projetos de sucesso de enriquecimento e de consumismo,
oferecidos pelos poderosos deste mundo. Perder sua vida é ser para o
outro, estar a serviço e em comunhão com os mais necessitados e
excluídos, como Jesus. É viver o amor, comprometendo-se com a luta em
vista da restauração da vida e da conquista da Paz.
Oração
Senhor Jesus, revela-me sempre mais tua face de
Messias Servo, para que eu não me engane no caminho do teu seguimento.
3. TU ÉS O MESSIAS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da
FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A pessoa de Jesus não se enquadrava
nas categorias da época e era interpretada de formas as mais variadas.
Seu modo de ser austero e a maneira incisiva de sua pregação levavam
alguns a confundi-lo com João Batista ou com Elias. Pensava-se que Jesus
tivesse como que feito reviver em si estas figuras. A postura de Jesus
era também identificada com as dos profetas do passado, cujas vidas
pareciam servir-lhe de inspiração.
Jesus quis saber a opinião dos
discípulos a seu respeito, por não estar bem seguro de como o
consideravam. A resposta foi dada por Pedro, em nome do grupo, de
maneira correta, e convenceu a Jesus. Ele, de fato, era o Messias.
Entretanto, o Mestre sentiu-se na
obrigação de oferecer aos discípulos pistas para a correta compreensão
de sua condição messiânica. Seu messianismo leva-lo-ia a confrontar-se
com a rejeição das autoridades e com a morte violenta. Ele, no entanto,
estava também destinado à ressurreição.
As expectativas em voga giravam em
torno de um futuro Messias revestido de glória e poder. Os discípulos,
pois, tiveram de fazer um esforço gigantesco para introduzir o
sofrimento no messianismo do Mestre. Jamais se esperava um Messias
sofredor, como Jesus se proclamava ser. Os discípulos viram-se,
portanto, na obrigação de refazer seus esquemas.
Oração
Senhor Jesus, faze-me compreender que escolheste o
caminho da cruz e do sofrimento, para realizar a missão recebida do Pai.
— Santos Cornélio e Cipriano
Unidos pela fé e
sangue, encontramos como exemplo de amizade e santidade estas
testemunhas de Cristo, que foram martirizados no mesmo dia, porém, com
diferença de cinco anos.
São Cornélio
Cornélio tinha sido eleito Papa em 251, após um
grande período de ausência do pastor por causa da terrível perseguição
de Décio. Sua eleição foi contestada por Novaciano, que acusava o Papa
de ser muito indulgente para com os que haviam renegado a fé (lapsos) e
separaram-se da Igreja.
Por causa dos êxitos obtidos com sua pregação, foi
processado e exilado para o lugar hoje chamado Civitavecchici, onde
Cornélio morreu. Foi sepultado nas catacumbas de Calisto.
São Cipriano
Uma das grandes figuras do século III, Cipriano, de
família rica de Cartago, capital romana na África do Norte. Quando pagão
era um ótimo advogado e mestre de retórica, até que provocado pela
constância e serenidade dos mártires cristãos, converteu-se entre 35 e
40 anos de idade.
Por causa de sua radical conversão muitos ficaram
espantados já que era bem popular. Com pouco tempo foi ordenado
sacerdote e depois sagrado Bispo num período difícil da Igreja
africana.
Duas perseguições contra os cristãos ocorreram: a de
Décio e Valeriano. Estas perseguições marcaram o começo e o fim de seu
episcopado, além de uma terrível peste que assolou o norte da África,
semeando mortes. Problemas doutrinários, por outro lado, agitavam a
Igreja daquela região.
Diante da perseguição do imperador Décio em 249,
Cipriano escolheu esconder-se para continuar prestando serviços à
Igreja. No ano 258, o santo Bispo foi denunciado, preso e processado.
Existem as atas do seu processo de martírio que relatam suas últimas
palavras do saber da sua sentença à morte: "Graças a Deus!"
Santos Cornélio e Cipriano, rogai por nós!
16.09.2012
24º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "Quem dizeis que eu sou? Tu és o Messias!" __
NOTA ESPECIAL:
VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGLEHO COM SUGESTÕES
PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E
SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E
COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Neste
domingo, o terceiro do mês da Bíblia, somos convidados a dar nosso
testemunho a respeito de quem é Jesus. Ele quer ouvir de nós o que
pensamos e dizemos dele. O que podemos afirmar da identidade de Jesus?
Não basta a resposta dos outros; cada um deve dar a própria resposta e
aderir à sua pessoa. Crendo que Jesus é o Messias, o enviado de Deus,
nossa fé se manterá inalterada mesmo diante de provocações, e se
traduzirá em obras a favor da fraternidade. Iniciemos nossa celebração,
intercedendo o dom da fé, para que o Senhor manifeste sua justiça em
nossas vidas e através de nós..
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos
e irmãs, viemos celebrar a Eucaristia e fazer a nossa profissão de fé,
dizendo a Jesus o que São Pedro afirmou: "Tu és o Messias". Também
queremos abrir o nosso coração para ouvir do Senhor a exortação: "Se
alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.
Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua
vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la". É com esse espírito
que nos preparamos para a Assembleia Arquidiocesana que se aproxima.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER:
Neste domingo, a mensagem é sobre o sofrimento que acompanha o profeta
em sua missão. A Palavra de Deus, muitas vezes, e em muitos ambientes,
encontra resistência. Deus pede transformação e conversão, mas isto não
agrada a muita gente. Então, como o ímpio não pode atingir a Deus,
procura atingir o seu mensageiro. Como ouviremos na primeira leitura, o
servo de Deus não deve correr nos momentos difíceis, porque Deus não o
abandonará jamais. Jesus mesmo profetiza no Evangelho que ele não
passará sem sofrimento e morte, mas vencerá pela ressurreição. Isto faz
parte da vida daquele que quer transformar o mundo e trazer vida para os
demais. Que a Bíblia seja para nós, realmente, o livro que contém a
Palavra de Deus.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada: Ouvi,
Senhor, as preces do vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz
àqueles que esperam em vós, para que os vossos profetas sejam
verdadeiros (Eco 36,18).
Oração do dia
Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e,
para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de
todo o coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
Primeira Leitura (Isaías 50,5-9)
Leitura do livro do profeta Isaías.
50 5 O Senhor Deus abriu-me o ouvido e eu não relutei, não me esquivei.
6 Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as
faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos
ultrajes e dos escarros.
7 Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que
não me senti desonrado; enrijeci meu rosto como uma pedra, convicto de
não ser desapontado.
8 Aquele que me fará justiça aí está. Quem ousará
atacar-me? Vamos medir-nos! Quem será meu adversário? Que se apresente!
9 O Senhor Deus vem em meu auxílio: quem ousaria
condenar-me? Cairão em frangalhos como um manto velho; a traça os roerá.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo responsorial 114/115
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Eu amo o Senhor, porque ouve
o grito da minha oração.
Inclinou para mim seu ouvido
no dia em que eu o invoquei.
Prendiam-me a cordas da morte,
apertavam-me os laços do abismo;
invadiam-me angústias e tristeza.
Eu então invoquei o Senhor:
"Salvai, ó Senhor, minha vida!"
O Senhor é justiça e bondade,
nosso Deus é amor-compaixão.
É o Senhor quem defende os humildes:
eu estava oprimido, e salvou-me.
Libertou minha vida da morte,
enxugou de meus olhos o pranto
e livrou os meus pés do tropeço.
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Segunda Leitura (Tiago 2,14-18)
Leitura da carta de são Tiago.
2 14 De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?
15 Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano,
16 e algum de vós lhes disser: "Ide em paz,
aquecei-vos e fartai-vos", mas não lhes der o necessário para o corpo,
de que lhes aproveitará?
17 Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.
18 Mas alguém dirá: "Tu tens fé, e eu tenho obras.
Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas
obras".
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu de nada me glorio, a não ser da cruz de Cristo;
vejo o mundo em cruz pregado e para o mundo em cruz me avisto (Gl 6,14).
EVANGELHO (Marcos 8,27-35)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 8 27 Jesus saiu com
os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e pelo caminho
perguntou-lhes: "Quem dizem os homens que eu sou?"
28 Responderam-lhe os discípulos: "João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas".
29 Então perguntou-lhes Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Respondeu Pedro: "Tu és o Cristo".
30 E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele.
31 E começou a ensinar-lhes que era necessário que o
Filho do homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos
sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse
depois de três dias.
32 E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
33 Mas, voltando-se ele, olhou para os seus
discípulos e repreendeu a Pedro: "Afasta-te de mim, Satanás, porque teus
sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens".
34 Em seguida, convocando a multidão juntamente com
os seus discípulos, disse-lhes: "Se alguém me quer seguir, renuncie-se a
si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
35 Porque o que quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho,
salvá-la-á".
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!
HOMILIA - CREIO - PRECES
(Ver abaixo ao final desta liturgia 3 sugestões de Homilia para este domingo)
Sobre as oferendas
Sede propício, ó Deus, às nossas súplicas e acolhei
com bondade as oferendas dos vossos servos e servas, para que aproveite à
salvação de todos o que cada um trouxe em vossa honra. Por Cristo,
nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Quão preciosa é, Senhor, vossa graça! Eis que os filhos dos homens se abrigam sob a sombra das asas de Deus (Sl 35,18).
Depois da comunhão
Ó Deus, que a ação da vossa eucaristia penetre todo o nosso ser para
que não sejamos movidos por nossos impulsos, mas pela graça do vosso
sacramento. Por Cristo, nosso Senhor.
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Primeira epiclese
Após o pós-santo segue-se a
primeira epiclese ou epiclese de consagração, que o padre realiza com as
mãos estendidas sobre os dons do pão e do vinho. Epiclese, ou epíclese,
é palavra derivada do grego epi- -kalein e significa "chamar sobre" (em
latim, in-vocar). É, pois, uma invocação que se dirige a Deus, pedindo
que envie o Espírito Santo para transformar pessoas ou coisas. Via de
regra, são duas as epicleses presentes na Oração Eucarística. A primeira
encontra-se antes das palavras da instituição, e a outra, depois dessas
palavras. Observemos, a seguir, as palavras da primeira epiclese:
"Santificai, pois, estas oferendas, a fim de que se tornem para nós o
Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso". No caso
da presente epiclese, a Igreja invoca a Deus pedindo a intervenção do
Espírito Santo no sentido de que o pão e o vinho que se encontram sobre o
altar sejam transformados no corpo e no sangue do Senhor. Precisamente
dessa ação de consagrar deriva o nome dado a essa parte da Oração
Eucarística: "epíclese de consagração".
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Vd – 1Cor 11,17-26.33; Sl 39 (40); Lc 7,1-10
3ª Vd – 1Cor 12,12-14.27-31; Sl 99 (100); Lc 7,11-17
4ª Vd – 1Cor12,31-13,13; Sl 32 (33); Lc 7,31-35
5ª Vm – 1Cor 15,1-11; Sl 117 (118); Lc 7,36-50
6ª Vm – Ef 4,1-7.11-13; Sl 18 (19A); Mt 9,9-13
Sb Vd – 1Cor 15,35-37; Sl 55 (56); Lc 8,4-15
25º DTC-: Sb 2,12.17-20; Sl 53 (54),3-4.5.6.8 (R/. 6b); Tg 3,16–4,3 ; Mc 9,30-37 (Paixão e ambições)
COMENTÁRIOS
DO EVANGELHO
1. O CRISTO DOS DESILUDIDOS!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim – SP
Com certeza esse evangelho do 24º.
Domingo do Tempo Comum, traz em nosso coração essa pergunta tão
inquietante: O que significa perder a vida por causa de Jesus e do seu
evangelho? Quem é Jesus, e o que significa a afirmativa de que é
preciso “Perder para ganhar”?.
Nos primeiros três séculos da
Igreja primitiva, quando o Cristianismo não estava atrelado ao Império,
tivemos centenas de mártires que derramaram seu sangue na arena, por
causa do testemunho. Nas comunidades de Marcos a perseguição do império
romano era muito intensa e os que eram pegos e não renunciavam a fé em
Jesus, eram presos e acabavam também mortos. Na América Latina não
foram poucos os mártires, que tombaram defendendo o direito e a justiça
do povo sofrido e injustiçado.
Será que é deles que o evangelho
está falando, no sentido literal? Será que não podemos aplicar hoje ás
pessoas de nossas comunidades essa expressão, de que elas também perdem
a vida por causa de Cristo e do seu evangelho? Em certo sentido, é
muito válido dizer que nossos agentes de pastorais, perdem a vida,
quando se dedicam a tantos trabalhos estafantes, muitos até nem vivem
mais para si mesmo, mas organizam suas vidas a partir da comunidade, e
fazem isso com muita alegria e seriedade. Deixar de lado os interesses
pessoais, para dedicar-se ao trabalho pastoral, sem dúvida é também
perder a vida.
Entretanto, não é apenas isso,
porque muitas vezes recebemos algo em troca, e nesse caso, se ganhamos e
não estamos perdendo, o evangelho não se aplica, ainda que haja uma
roupagem de trabalho pastoral, mas é só roupagem, pois no fundo a gente
se apega ao cargo, ao poder, que sempre nos fascina, nas comunidades há
certos coordenadores que “mandam” até mais que o padre, e o poder
satisfaz ao nosso “ego”.
Jesus havia se dado conta de que a
visão sobre o seu Messianismo, era equivocada. Com o objetivo de fazer
a necessária correção, fez uma prova oral com seus discípulos,
primeiro eles são indagados sobre o que o povão pensa a respeito dele, e
ao saber que o povo o confundia com João Batista, Elias ou um dos
profetas, parece que Jesus não demonstrou nenhuma preocupação, e foi
direto ao assunto que mais lhe interessava: “E vocês, quem dizem que eu
sou?”. A resposta de Pedro foi corretíssima “Tu és o Messias!”. A
questão é saber, de que Messias Pedro estava falando. Por isso, em
seguida, Jesus revela o sentido do seu messianismo, que irá se
consolidar no sofrimento, na rejeição, na morte e ressurreição.
Na visão de Pedro, no Messianismo
de Jesus tudo vai dar certo e as coisas vão se resolver, as contas irão
fechar, pois Jesus irá por ordem na casa, com o seu poder divino.
Ninguém irá resisti-lo... Não é essa a ilusão que toma conta do coração
de muitos cristãos em nossas comunidades? O Jesus do “tudo certo”, do
“mar de rosas”, da “doce paz, da saúde, da prosperidade”, o Jesus da
reviravolta, que só me dá vitória em cima de vitória, o Jesus que sempre
me tira dos “enroscos” da vida. Esse não é o Jesus do Evangelho, mas o
Cristo dos Desiludidos!
Encontrar sempre respostas
prontas, caminhos largos, problemas resolvidos, portas abertas, nunca
foi e nem será uma característica do cristianismo. Anunciar um Jesus
assim é trair o projeto de Deus, é falsificar o evangelho, é ser
Satanás, aquele que se opõe ao Reino do Céu. Infelizmente na
pós-modernidade, muitas igrejas, sem raiz, sem história e nem tradição,
idealizaram um Jesus produto do consumo, um Cristo que só abençoa os
ricos e poderosos. Nessa teologia de fundo de quintal, os dois últimos
versículos do evangelho desse domingo, são deixados de lado, pois não
falam a linguagem da pós modernidade. Quem irá, nos dias de hoje, fazer
marketing de um projeto que implique renúncia, cruz e sofrimento? Um
projeto cuja proposta de Salvação seja pautada pelo desprezo á própria
vida, deixando de lado até interesses particulares.
Proposta de Salvação que não fale
em vitória, em sucesso, em prosperidade, não dá IBOPE, não lota templo,
não dá audiência. Qualquer marqueteiro da atualidade teria a mesma
reação de Pedro e repreenderia Jesus... Onde já se viu, começar um
projeto prenunciando o fracasso da cruz?
O Messianismo de Jesus vislumbra
sim, um mundo totalmente novo, mas ele não descarta a aspereza do
caminho, as pedras do calvário, os penhascos, os espinhos, a ousadia de
um sonho, que vai se construindo com os pés no chão da história,
vivendo já no coração os valores desse reino que virá. O autêntico
discípulo é aquele que, vislumbrando esse reino, descobre-o presente em
Jesus que caminha com a sua igreja, e passa a viver cada minuto, hora e
dia, apenas em função desse projeto, menosprezando todo e qualquer
valor ou ideologia, que o mundo possa oferecer, porque crê sinceramente
que nada é maior ou mais importante do que Cristo e a Boa Nova do
Evangelho. É exatamente assim que o quadro se reverte, e a PERDA se
transforma em GANHO, como ensina o evangelho... (24º Domingo do Tempo
Comum)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
2. A identidade de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Jesus e seus discípulos partem para
os povoados além das fronteiras da Galileia, ao norte. A partir de
então Jesus decide tomar rumo ao sul, seguindo o caminho para Jerusalém,
através da Judeia, em um ambiente exclusivamente judaico, para aí fazer
seu anúncio libertador. Aproxima-se a festa ritual da Páscoa judaica. É
o momento oportuno para aprofundar a própria identidade de Jesus. Vai
se encerrando o ministério na Galileia e vizinhanças, em ambiente
predominantemente gentílico, para o confronto em Jerusalém,
completando-se a missão de Jesus.
Conforme as expectativas das elites
religiosas e econômicas de Jerusalém, aguardava-se um líder, o messias,
representado na figura do "Servo de Javé", das profecias de Isaías (cf.
primeira leitura), o qual daria à Judeia um poder e status de acordo
com antigo império de Davi, conforme as glórias que constavam na
tradição. Na escatologia e na apocalíptica do Primeiro Testamento
encontravam a esperança de Israel vir a ser uma nação hegemônica sobre
todas as nações do mundo, em pleno poder e glória. Parte do povo
assimilava esta tradição das elites, introjetando-a. Assim também
acontecia com os discípulos de Jesus, originários do judaísmo.
A questão da identidade de Jesus
vinha sendo discutida entre o povo e as opiniões eram variadas. O
próprio Herodes se interrogava sobre esta questão (cf. 27 set.). Entre o
povo, contudo, havia opiniões que identificavam Jesus com alguns
líderes populares, contestadores do poder, como foram João Batista,
Elias ou os profetas.
Contudo, junto de Jesus, Pedro
representando os discípulos, ao ser interrogado, externa sua opinião de
que Jesus seria o messias ("cristo", do grego) esperado pelas elites.
Jesus os repreende severamente, com o mesmo vigor que exorcizava os
espíritos impuros.
Em continuidade, Jesus prenuncia as
perseguições que o ameaçam em Jerusalém, da parte das autoridades
religiosas (primeiro "anúncio da Paixão"). Pedro rejeita o confronto com
os possíveis sofrimentos e é repreendido mais severamente por Jesus.
Jesus propõe as "coisas de Deus", a comunicação da vida, sem limites.
Pedro atém-se às "coisas dos homens", à preservação do poder e à paz da
ordem iníqua estabelecida.
Jesus, então, retoma a instrução
aos discípulos quanto ao despojamento e a disponibilidade a serem
assumidos por eles. Perder sua vida por causa de Jesus é desprezar os
sedutores projetos de sucesso de enriquecimento e de consumismo,
oferecidos pelos poderosos deste mundo. Perder sua vida é ser para o
outro, estar a serviço e em comunhão com os mais necessitados e
excluídos, como Jesus. É viver o amor, comprometendo-se com a luta em
vista da restauração da vida e da conquista da Paz.
Oração
Senhor Jesus, revela-me sempre mais tua face de
Messias Servo, para que eu não me engane no caminho do teu seguimento.
3. TU ÉS O MESSIAS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da
FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A pessoa de Jesus não se enquadrava
nas categorias da época e era interpretada de formas as mais variadas.
Seu modo de ser austero e a maneira incisiva de sua pregação levavam
alguns a confundi-lo com João Batista ou com Elias. Pensava-se que Jesus
tivesse como que feito reviver em si estas figuras. A postura de Jesus
era também identificada com as dos profetas do passado, cujas vidas
pareciam servir-lhe de inspiração.
Jesus quis saber a opinião dos
discípulos a seu respeito, por não estar bem seguro de como o
consideravam. A resposta foi dada por Pedro, em nome do grupo, de
maneira correta, e convenceu a Jesus. Ele, de fato, era o Messias.
Entretanto, o Mestre sentiu-se na
obrigação de oferecer aos discípulos pistas para a correta compreensão
de sua condição messiânica. Seu messianismo leva-lo-ia a confrontar-se
com a rejeição das autoridades e com a morte violenta. Ele, no entanto,
estava também destinado à ressurreição.
As expectativas em voga giravam em
torno de um futuro Messias revestido de glória e poder. Os discípulos,
pois, tiveram de fazer um esforço gigantesco para introduzir o
sofrimento no messianismo do Mestre. Jamais se esperava um Messias
sofredor, como Jesus se proclamava ser. Os discípulos viram-se,
portanto, na obrigação de refazer seus esquemas.
Oração
Senhor Jesus, faze-me compreender que escolheste o
caminho da cruz e do sofrimento, para realizar a missão recebida do Pai.