O projeto S11D vai ser um dos maiores projetos de mineração de ferro do mundo. A exploração inicial prevista será de 90 milhões de toneladas por ano de minério de ferro da Serra Sul, localizada na Floresta Nacional de Carajás, município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará.
Esse projeto inclui além das infraestruturas para exploração da mina, a construção de um ramal ferroviário, com extensão de 100 Km, que ligará a mina na Serra Sul até a ferrovia Carajás/São Luís. E a duplicação dos mais de 800 km de ferrovia que liga Parauapebas a São Luís do Maranhão.
Visto assim, trata-se de um grande empreendimento, que vai movimentar a economia do Pará. O problema é que as comunidades que vivem hoje com rachaduras nas casas, barulho do trem, atropelamento e mortes nos trilhos terão a vida perturbada mais ainda.
É o que denuncia documento assinado pelas entidades “Em Defesa das Famílias Atingidas pela Vale e Contra o Saque dos Nossos Minérios!”, “Movimento Debate e Ação” e “Coletivo Amazônida de Formação e Ação Revolucionária”.
De acordo com o documento, Canaã dos Carajás e região voltarão a viver com o inchaço populacional e grandes problemas sociais e ambientais vividos durante os anos de implantação do Projeto Sossego (entre 2000 e 2004).
“Cidade cheia de gente, mais violenta, com saúde e educação precárias: Um exemplo desses impactos é o aumento populacional e a falta de estrutura de moradia, saúde e educação para atender essas pessoas. O que não era bom vai piorar! O aumento dos crimes, do custo de vida onde tudo que se ganha fica no aluguel e alimentação, crescimento das ocupações urbanas e de filas nos hospitais vão ser agravadas. Tudo isso para quê: Para a Vale lucrar mais!”, denunciam as entidades.
Mas isso não é tudo. Milhares de trabalhadores temporários serão contratados pelas empreiteiras da Vale no pico das obras de instalação do projeto, depois disso, milhares serão demitidos e terão que ir mais uma vez à procura de algum trabalho. Poucos serão contratados, muitos deles principalmente os que ganham maiores salários serão de fora da região.
Outro problema que está se enfrentando é a saída dos trabalhadores rurais de suas terras. A Vila Racha Placa é um exemplo disso. O grande problema é que os agricultores estão tendo que sair de suas terras para implantar o projeto e assim deixando de produzir o arroz, feijão, milho, macaxeira, leite. Isso tem causado a diminuição da produção de alimento. “Seremos campeões em ferro, mas sem alimento na mesa, tudo virá de outras regiões”, completa.
Outro impacto denunciado pelo documento diz respeito à questão ambiental, pois o S11D, assim como outros, está em áreas de proteção ambiental como a Floresta Nacional de Carajás. Essas florestas são uma das últimas áreas, onde existe floresta, água e animais preservados.
“O governo disse que criou essas florestas e reservas para guardar, só que para mineração não tem limite, toda vez que a Vale quer explorar nova área o governo permite, assim o que está preservado hoje, amanhã pode não estar. Para implantar o S11D cavernas serão destruídas, lagoas como a do Violão estão ameaçadas e as nossas águas serão bombeadas diariamente durante quase um século”, alerta.
Licença – No dia 3 de julho a Vale comemorou mais um ato de submissão do Estado brasileiro aos seus interesses. Foi a emissão da Licença de Instalação nº 947/2013, feita pelo IBAMA, do Projeto Ferro Carajás S11D. Com isto a empresa está autorizada a implantar as infraestruturas necessárias para extração do minério.
Embora que a Licença de Instalação nº 947/2013 exija da empresa, o cumprimento de diversas medidas para proteção da fauna, flora, cavernas e demais ambientes naturais da região, que não sabemos se serão respeitados, muitos problemas sociais ficaram sem ser resolvidos, principalmente das populações por onde passará o Ramal Ferroviário.