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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

ATRASO EM PAGAMENTO DEIXA BOLSISTA DO GOVERNO SEM DINHEIRO NA EUROPA.


Marina Leal, da UFSC, faz intercâmbio na Universidade de Hamburgo e diz não ter recebido os últimos dois meses de bolsa (Foto: Arquivo pessoal)



 
Marina Leal, da UFSC, faz intercâmbio na Universidade de Hamburgo e diz não ter recebido os últimos dois meses de bolsa.
Estudantes brasileiros selecionados pelo programa Ciência sem Fronteiras para fazer intercâmbio em universidades da Alemanha afirmaram ao G1 que estão há dois meses sem receber os recursos da bolsa de estudo. Alguns jovens dizem que estão praticamente sem dinheiro para se manter na Alemanha e tiveram de pedir empréstimos a colegas. O programa dá uma verba de 870 euros por mês (cerca de R$ 2.350) para estudantes de graduação. Cerca de 25 alunos estariam prejudicados pelo atraso no pagamento das bolsas.
As bolsas dos estudantes ouvidos pelo G1 são pagas trimestralmente pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O primeiro pagamento foi feito ainda no Brasil, no meio do ano. O atraso afetou o pagamento dos meses referentes ao segundo trimestre. Nesta quinta-feira (29), os bolsistas receberam um e-mail da Capes dizendo que alguns pagamentos em moedas diferentes do dólar americano não foram devidamente processados dentro do prazo estabelecido, e que em caráter de emergência serão depositadas duas mensalidades no prazo de 48 horas. O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Capes na quarta-feira (28) e ainda aguarda retorno.
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) também participa do fomento a bolsas do Ciência sem Fronteiras.
Marina Martins Leal, de 23 anos, aluna de engenharia mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina, chegou em julho para o intercâmbio de um ano na Universidade de Hamburgo, na Alemanha. Ela saiu do Brasil com a primeira parcela da bolsa adiantada, relativa aos primeiros três meses. "Quando chegou outubro não recebi mais nada", afirma a estudante.
Ela diz que recebeu uma parcela extra de 1 mil euros que deveria ser usada para a compra de material didático na Alemanha, mas está usando este dinheiro para pagar aluguel e alimentação. "Pago 250 euros de aluguel para morar na residência estudantil, e estou usando o dinheiro do material didático para pagar coisas básicas. Não tenho mais dinheiro, tive de pedir emprestado para outro bolsista da universidade. Agora já acabou o que ele me emprestou. Não sei o que fazer."
Luiz Flávio da Silveira, que faz ingtercâmbio em Hannover, afirma que suas reservas acabaram (Foto: Arquivo pessoal)
Luiz Flávio da Silveira, que faz ingtercâmbio em Hannover, afirma que suas reservas acabaram. 
O estudante Luiz Flávio da Silveira, de 23 anos, passa pelo mesmo problema na Alemanha. Bolsista do Ciência sem Fronteiras, ele está em outra instituição alemã, a Leibniz Universitat Hannover, estudando engenharia de controle e automação. Aluno da Universidade Federal de Minas Gerais, Luiz Flávio diz que recebeu o dinheiro referente aos três primeiros meses, mas agora suas reservas acabaram.
"Meu pai está tentando me mandar dinheiro", afirma. Ele diz que gasta 300 euros de aluguel e está sem dinheiro para poder comer na faculdade. "Não recebi nem o dinheiro do material didático. E já gastei R$ 100 de ligações pelo Skype para a Capes tentando saber o que está acontecendo."
Saskia Nickel, da UFSC, recebeu notificação por atraso do aluguel na Alemanha (Foto: Arquivo pessoal)
Saskia Nickel, da UFRGS, recebeu notificação por atraso do aluguel em Trier.
Já a estudante Saskia Medeiros Nickel, de 21 anos, aluna de ciências biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirma que já recebeu uma notificação da casa estudantil onde mora, na Universidade Trier, dizendo que o pagamento do aluguel de 280 euros está atrasado e será cobrada multa. "É uma situação muito chata vir para cá para pedir dinheiro emprestado."
Na terça-feira, os estudantes receberam no grupo da comunidade no Facebook o recado de uma funcionária da embaixada do Brasil em Berlim dizendo que "tanto a Embaixada de Berlim, quanto os consulados de Frankfurt e Munique enviaram uma comunicação oficial a Brasília assinada pelo Embaixador e também pelos cônsules de Munique e Frankfurt tratando sobre o atraso das bolsas e citando os nomes dos bolsistas afetados até o momento. Nós estamos aguardando a resposta aos nossos telegramas".
Problema no processamentoNesta quarta-feira, a Capes enviou um e-mail aos bolsistas esclarecendo o atraso. "A Capes esclarece que, tendo em vista a implementação de novo sistema, Virtual Private Network (VPN), alguns pagamentos em moedas diferentes do dólar americano não foram devidamente processados dentro do prazo estabelecido. Sendo assim, as equipes técnicas da Capes e do Banco do Brasil encontram-se trabalhando conjuntamente para que os atrasos ocasionados por essa mudança sejam solucionados imediatamente." 
Na mensagem, a Capes pede para os bolsistas enviarem dados para um email para que seja feito de forma excepcional o pagamento de duas mensalidades no valor de 870 euros cada, e que o depósito será concretizado em até 48 horas. A mensagem assinada pelas diretorias de relações internacionais, gestão e tecnologia da informação conclui: "A Capes lamenta os transtornos causados e se compromete a resolver essa questão o mais breve possível".
Ciência sem Fronteiras
O objetivo do programa Ciência sem Fronteiras é preparar os jovens estudantes para criar novas tecnologias que serão aproveitadas no Brasil quando voltarem. O programa seleciona os estudantes com base no histórico escolar e na nota obtida no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Os selecionados têm ajuda financeira para pagar o curso, as despesas da viagem, alimentação e hospedagem. Mais de 100 mil estudantes deverão ser contemplados no programa.
O foco são as áreas de ciências exatas, biomédicas, tecnológicas ou da área de energia, em cursos como engenharia, química, física, computação, tecnologia da informação, medicina, biotecnologia, desenho industrial e vários outros.
O governo concede um curso intensivo de idiomas, de seis a oito meses, para os alunos que não conhecem o idioma do país onde vão estudar.fonte:G1 SC/jardim das oliveiras blog

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