Ex-árbitro relembra lance em que foi xingado pelo irmão e recorda polêmica com Edmundo, que o chamou de 'Paraíba'
Não era só uma decisão de turno. Era um Clássico-Rei. O Fortaleza perdia por 1 a 0 em 15 de abril de 1996. A bola foi alçada na pequena área, e Aloísio, jogador do Leão, subiu sozinho para cabecear e iniciar a reação de sua equipe. No entanto, o assistente levantou a bandeira, assinalando impedimento, e o árbitro da partida, Dacildo Mourão, acabou anulando o lance (relembre no vídeo).
Naquele instante, ao ver o gol tricolor ir por água abaixo, o então técnico do Fortaleza, Newton Albuquerque, irmão de Dacildo, invadiu o campo de jogo para xingar o árbitro. Num impulso, ofendeu a mãe do apitador - que, naturalmente, era a mesma do próprio treinador.
- Meu irmão invadiu o campo e me chamou de filho da p.... Daí eu disse pra ele que a mãe era a mesma (risos) - lembra Dacildo.
Foi uma confusão. O presidente do Fortaleza, Francisco de Souza Filho, também invadiu o campo. Queria bater no auxiliar. Até correu atrás dele - que se defendeu de um pontapé usando a própria bandeira.
Mas o jogo seguiu. O Fortaleza, de pênalti, empatou a partida, e o Ceará depois fez mais um. O 2 a 1 a favor do Vozão era o troco para a vitória de mesmo placar do Tricolor na primeira partida. Com isso, o jogo foi à prorrogação. No tempo extra, o Fortaleza voltou a ficar perto do título, com outro gol de pênalti, mas o Ceará empatou a partida com um gol salvador de Sérgio Alves. A disputa foi aos pênaltis, e o Vozão se sagrou campeão do turno - depois, conquistou o Estadual. O jogo marcou a história do futebol cearense e a memória do árbitro da partida.
Mas o jogo seguiu. O Fortaleza, de pênalti, empatou a partida, e o Ceará depois fez mais um. O 2 a 1 a favor do Vozão era o troco para a vitória de mesmo placar do Tricolor na primeira partida. Com isso, o jogo foi à prorrogação. No tempo extra, o Fortaleza voltou a ficar perto do título, com outro gol de pênalti, mas o Ceará empatou a partida com um gol salvador de Sérgio Alves. A disputa foi aos pênaltis, e o Vozão se sagrou campeão do turno - depois, conquistou o Estadual. O jogo marcou a história do futebol cearense e a memória do árbitro da partida.
- Dificilmente o árbitro vai divergir do bandeirinha. A marcação do impedimento é do bandeira, daí eu só segui a regra. Foi um lance polêmico e engraçado - afirma.
Dacildo lembra que, depois do jogo, quando Newton voltou para casa, levou uma bronca da mãe pelos xingamentos feitos no campo.
Dacildo lembra que, depois do jogo, quando Newton voltou para casa, levou uma bronca da mãe pelos xingamentos feitos no campo.
Outra polêmica
Antes de ser ábitro, Dacildo tentou atuar como jogador, mas percebeu ser com o apito que poderia se destacar no futebol. Ele relata que sempre se interessou pela profissão. Começou a carreira aos 20 anos, mas aos 14 já havia ingressado no mundo da arbitragem.
Dacildo Mourão apitou seu primeiro clássico regional, Ceará x Ferroviário, aos 21 anos. Teria uma carreira longa. E marcante. Também ficou famoso por uma polêmica em 1997, na Série A do Campeonato Brasileiro, em jogo entre América-RN e Vasco e Natal. O atacante Edmundo já havia levado o primeiro cartão amarelo na partida. Em outro lance, puxou o adversário pela camisa, o que lhe rendeu a segunda advertência e, consequentemente, a expulsão. Na saída de campo, o "Animal" atacou o juiz com palavras (relembre no vídeo).
- Ele disse assim: "Como que vem jogar na Paraíba e colocam um paraíba para apitar?" - recorda.
Dacildo, que é cearense, preferiu não entrar com processo contra o jogador por racismo. Ele conta que apitou novamente um jogo do Vasco pouco tempo depois da confusão. Na ocasião, cumprimentou Edmundo, como se nada tivesse acontecido.
- Passou, pronto. Depois que o árbitro apita, acaba. São coisas do futebol - explicou.
Atualmente, Dacildo Mourão é representante comercial, no estado do Ceará, de uma empresa que comercializa instalações e faz montagens elétricas. Além disso, continua atuando no futebol. O ex-árbitro da Fifa é membro da diretoria da Ligaffi (Liga de Árbitros de Futebol) e organiza torneios esportivos por todo o Estado.
Dacildo diz que não há mais árbitros "natos". Para ele, "basta saber correr para apitar". Sobre o advento da tecnologia ao futebol, é enfático:
- Sou contra. Quanto mais se usa, mais piora a arbitragem. Quem tem de decidir é o juiz, sozinho. O vigia lá de trás (da trave), por exemplo, não serve de nada. Ficam agora com um negócio no ouvido que não serve de nada! - conclui.
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