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quarta-feira, 26 de março de 2014

CÂMARA APROVA COTAS PARA NEGROS EM CONCURSO PÚBLICOS.


Poderão concorrer candidatos que se autodeclararem pretos ou pardos na inscrição
Agência Estado
Projeto foi aprovado por ampla maioria dos deputados e estabelece cotas para os próximos dez anosLuis Macedo/Câmara dos Deputados
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira projeto que reserva 20% das vagas em concursos públicos da administração direta e indireta da União a candidatos negros que assim se declararem na inscrição.
O resultado da votação foi de 314 votos a favor, 36 contra e seis abstenções. A matéria vai para análise do Senado. A reserva de vagas será aplicada sempre que o número de vagas oferecidas no concurso público for igual ou superior a três. De acordo com o texto, a reserva de vagas a candidatos negros deverá constar expressamente nos editais dos concursos públicos, que deverão especificar o total de vagas correspondentes à reserva para cada cargo ou emprego público oferecido.
Poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público, conforme o quesito cor ou raça utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Durante a discussão do projeto na noite de hoje, chegou a ser colocada a possibilidade de se estender a cota de 20% para os cargos comissionados do Executivo. A proposta, no entanto, não teve apoio e foi derrubada.


A discussão no plenário teve momentos mais acalorados em que opositores e favoráveis ao estabelecimento dos percentuais para negros se alternaram nos microfones. "São hipócritas, demagogos, quem defende o projeto", afirmou da tribuna o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). O deputado Silvio Costa (PSC-PE) também criticou. "Como é que a gente pode qualificar este País tendo a cor como bandeira? Isso é demagogia pura".
Apesar das queixas, a maioria apoiou a votação da matéria. "As cotas dos não negros, nós sempre, negros, convivemos com elas, porque não foram para a escola nossos filhos, não foram para a universidade nossos filhos; eles não tiveram nenhum cargo que nós pudéssemos achar que era um cargo digno do seu conhecimento. Essa é a cota com a qual nós convivemos", afirmou Benedita da Silva (PT-RJ). "Nós vivemos num país onde a cor da pele discrimina, sim. Nós vivemos num país onde a grande maioria da população pobre é negra, onde as chances de disputa são menores, as chances de igualdade são menores", acrescentou Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

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