Moradores colocam a culpa em órgão responsável pelo patrimônio histórico.
O telhado de uma casa desabou na última semana após uma forte chuva.
Casas com mais de 100 anos começaram a cair no centro de Natividade, o município mais antigo do Tocantins. Os moradores colocam a culpa no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). É que em 1987,Natividade foi tombada pelo Iphan. Desde então, uma lei federal impede que as construções sejam modificadas e o órgão estabelece muitas normas para a realização de reformas.
As construções do município são todas do século XVIII. Uma delas é a da aposentada Lenir Suarte Nogueira. Depois de décadas sem reforma, o telhado da residência desabou na última semana após uma forte chuva. A parede que fazia a divisão da casa com outro terreno também caiu. A aposentada está morando de favor na casa da irmã dela. A casa fica na mesma rua onde se localiza o Iphan.
"Não chegou nenhuma manifestação e provavelmente o técnico deve ter orientado, sim, porque temos os relatórios técnicos das visitas que são feitas", justificou o superintendente do Iphan no Tocantins, Antônio Miranda.
Em uma outra casa, os problemas começaram com uma infiltração. O pedaço de uma parede caiu, o dono, o professor Crystiano Camelo, fez o reparo e comprou material para consertar outros problemas que existem no imóvel. Mas, segundo o proprietário, o Iphan mandou a obra parar e o material ficou jogado pela casa. "O Iphan simplesmente quer que eu contrate um arquiteto, o valor é muito alto, eu não tenho condições financeiras de pagar".
A cabeleireira Renata Braz tenta pintar as paredes do salão de beleza dela há quatro meses para tirar o descascado, as manchas de infiltração e dar uma aparência mais limpa para o negócio. Mas, segundo ela, o Iphan dificulta. "Esta fachada é determinada pelo Iphan, as cores também foram determinadas pelo Instituto. Agora eu só quero pintar da mesma cor e eu tenho que fazer um requerimento para pedir documentação do dono para que o órgão libere".
"A gente precisa trabalhar com documentos. Eu preciso ter uma manifestação do proprietário, que não pode ser verbal", explicou o superintendente do Iphan.
Os moradores reclamaram da atuação do órgão, querem que o Iphan seja mais ativo, para manter a segurança das construções e a beleza da cidade. Quem tem imóvel em Natividade diz que herdou a história e os problemas. "O Iphan tem que fiscalizar porque a cidade é tombada mas tem que nos fornecer uma fiscalização porque eles não entram na nossa casa para fiscalizar".
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