Idealizadora da campanha 'Eu não mereço ser estuprada' se preocupa com familiares: 'Nunca achei que a reação do machismo seria tão feroz'
Uma pesquisa nacional sobre violência contra a mulher divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na última quinta-feira, 27, constatou que a maior parte dos brasileiros acredita que as mulheres são responsáveis por sofrerem abusos sexuais. O assunto tomou conta das redes sociais e as mulheres decidiram reagir. A jornalista Nana Queiroz começou uma campanha na qual aparecia em uma foto com os dizeres "Eu não mereço ser estuprada" escritos nos braços. A imagem ficou famosa, mas causou ofensas e ameaças que Nana não esperava.
"Se antes eu tinha que me preocupar com o que o meu cachorro ia comer, hoje eu tenho que me preocupar se o meu marido está seguro", revoltou-se. Fátima se surpreendeu: "Por quê? Até o seu marido?". Na noite da segunda-feira, 31, o esposo da jornalista recebeu a primeira ameaça nas redes sociais: "Eu fico pensando quem será o próximo: a minha mãe, o meu pai? Eu nunca achei que a reação do machismo seria tão feroz".
Sem querer dar muitos detalhes, Nana resumiu o acontecido: "Foram mensagens extremamente agressivas. Uma pessoa tirou um print screen da minha página dizendo onde eu trabalho, em seguida escreveu para eu tomar cuidado com quem eu denuncio na delegacia da mulher porque eu posso me arrepender", relatou ela, antes de concluir: "Depois, a pessoa disse coisas terríveis ao meu marido, que se ele não cuidasse de me manter em casa calada as pessoas iam fazem o trabalho que ele não está fazendo na cama".
Engajada, a jornalista contou como resolveu criar a campanha. "Enquanto mulher, imagino que qualquer mulher vai denunciar um ato de abuso que sofreu na rua. Seja verbal ou no transporte público lotado. Eu falei: 'Pode ser que não seja tanto, mas alguma coisa tem que ser feita", disse ela, que aconselha a classe feminina: "Se a mulher está representada por um decote naquele dia, ela tem que usá-lo. Se ela está representada por uma saia longa e um cabelo comprido, pela fé dela, ela tem que usar. O que eu estou dizendo para as mulheres é: 'Mulherada, faça do seu corpo a verdade sobre o que vocês têm por dentro".
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