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domingo, 11 de novembro de 2012

QUEIJO COALHO DE JAGUARIBE CONQUISTA MERCADO NACIONAL.





Produtores da região estão ganhando capacitação para investir mais ainda na produção
Jaguaribe. O alimento que se transformou em identidade de um povo conquistou não só o Estado, mas também o reconhecimento do País inteiro. Da prensa de madeira à industrialização, o queijo coalho do Jaguaribe aprimorou seu sabor inconfundível e encontra-se em momento de inovação. Os produtores estão ganhando capacitação para investir na variedade. Muitas histórias são contadas pelo povo jaguaribano, que cresceu vendo a arte da produção do queijo coalho dentro de casa. Do gado se tirava o principal sustento. Vendia a carne, o leite e com a sobra se produzia o queijo. Em pequenos quartos, o trabalho de transformar o leite em queijo saciava a fome de muitas famílias, principalmente, na época da seca.

VII Festival do Queijo surpreende pela variedade de produtos. Da tradição para a comercialização, hoje o mercado do queijo é crescente e precisa de novos investimentos fotos: ellen freitas

A cidade já foi a maior bacia leiteira do Estado do Ceará, o que deu visibilidade ao pequeno povo às margens do Rio Jaguaribe. Com o tempo, a falta de preparo dos criadores de gado leiteiro e as dificuldades, o município perdeu o posto para região do Sertão Central, ficando em segundo lugar. A fartura do leite não tinha tanta importância comercial como se tem hoje.

Da produção original sabe-se que o coalho natural era extraído do estômago de pequenos animais existentes no Nordeste, dai vem o nome queijo coalho. O conhecimento era passado de geração para geração. As grandes toras de queijo chegavam a pesar até 30kg e tinham um sabor e textura diferentes. Eram mais salgados para conservação durante longos períodos, ou mais duros, de onde se fazia a farinha do queijo. Com o tempo e a descoberta de novas formas de produzir, o queijo foi ganhando o aroma, sabor e textura que o tornou tão popular.

Ada Maria Diógenes cresceu vendo seu pai produzir queijo. Ela recorda as várias histórias da tradição do queijo em sua família. "Antigamente, no tempo do meu avô, se fazia queijo para comer, eles eram enormes e ficavam armazenados em caixões de farinha. Meu pai conta que eles eram fabricados no inverno para serem consumidos no verão ou na seca", conta. Ela relembra que, quando estudava na Capital, vendia o queijo produzido pelo pai para ter algum dinheiro. Hoje, a família possui dois laticínios que abastecem comércios de várias cidades. Fortaleza é um dos principais consumidores do queijo coalho do Jaguaribe.

A empresária acompanha todo o processo de fabricação para garantir a qualidade do produto. A queijaria emprega seis pessoas. Além do queijo tradicional, ela produz variedade, como os queijos temperados, mas em menos escala. Atualmente, a empresa está se adequando para produzir também bebidas lácteas, como iogurtes.

A fama do queijo de Jaguaribe se tornou tamanha que o produto, que é produzido artesanalmente a partir do leite cru, é vendido por encomenda para vários estados. Tem-se conhecimento que na terra do queijo minas há quem consuma a variedade típica do Nordeste. O baixo Jaguaribe conta com apoio técnico do Sebrae para desenvolver o mercado com mais qualidade. De acordo com a analista técnica responsável pelo setor, Elzileide de Sousa, os laticínios estão se adequando à legislação, principalmente para assegurar a venda do produto livremente por novos mercados.

Festival
"Estamos lutando para conseguir a legislação estadual para o queijo coalho da região, podendo depois ser vendido livremente como produto artesanal", explica. Uma das ações realizadas para fortalecer o setor é o Festival Regional do Queijo, que é realizado anualmente. A ocasião serve para troca de experiência e novos aprendizados. Na edição deste ano, que ocorreu nos últimos dias 6 e 7 de novembro, em Jaguaribe, houve estímulo para produção de derivados, como bebidas lácteas e outras variedades de queijo. O destaque do festival foi o concurso do melhor queijo da região, onde participaram 14 laticínios, principalmente de Jaguaribe. O vencedor leva o título de melhor queijo regional do ano, além de brindes. Este ano o vencedor veio do distrito de Feiticeiro, famoso pela renda Filé. Foi o produtor Raimundo Miranda. Ele possui um laticínio há mais de 14 anos, onde trabalha toda a família.

Demanda
Mesmo com dificuldades, principalmente pela escassez de chuvas, os laticínios do Jaguaribe e região continuam a atender a crescente demanda em todo o Estado. De acordo com levantamento feito pela Associação dos Produtores de Leite e Derivados do Jaguaribe (Queijaribe), o rebanho bovino conta com cerca de 49 mil cabeças, produzindo cerca de 35 mil litros de leite por dia. De toda a produção, 90% são destinados para os laticínios só do município, que contabilizam atualmente 150 produtores de queijo coalho e derivados.

Produtores participam de feira internacional
Jaguaribe. A terra do queijo coalho tem nas suas raízes a explicação que lhe tornou famosa. Mesmo com essa identidade, cada produto ganha uma particularidade, dependendo do seu produtor. Recentemente, saiu desta cidade o vencedor do concurso de melhor queijo do Nordeste - o produtor José Flávio -, e de uns tempos pra cá se teve notícia de que um morador da comunidade de Brum, interior deste município, ousou em levar a tal iguaria ao paladar italiano.

José Flávio Pinheiro Diógenes, da cidade de Jaguaribe, foi agraciado com o prêmio de melhor queijo coalho do Nordeste neste ano

Todos são queijos coalho de Jaguaribe, mas nenhum é igual a outro. Cada produtor aprendeu os segredos vindos de seus pais, que então aprenderam com os pais deles. A sabedoria que foi passada de gerações conta com o apoio da ciência e da tecnologia para manter um novo padrão de qualidade. Muitas queijeiras se industrializaram e são chamadas de laticínios, com foco na conquista de novos mercados com a produção em larga escala. Outras preferem continuar em suas fabriquetas, dentro ou ao lado de suas casas, fazendo o queijo que conquistou paladares pela sua simplicidade.

Uma dessas histórias pode ser contada na comunidade do Brum, localizada a 35Km do Centro da cidade. Lá o produtor Francisco Nogueira Neto, popularmente conhecido como Neto do Brum, teve a ousadia para levar o queijo coalho do Jaguaribe para terras europeias, no evento mundial em Turim, na Itália.

De 25 a 29 de outubro ele, juntamente com mais três produtores de queijo de outros estados, representou o Nordeste e o País na maior feira de gastronomia do planeta, que reuniu milhares de pequenos produtores em um evento único, o Salone del Gusto, o Terra Madre, em Turim, na Itália. À convite da Slow Food, uma associação internacional sem fins lucrativos criada em 1989, que segue o conceito de ecogastronomia, ele foi participar do evento neste ano.

"Eu viajei para Itália com cinco peças de queijo dentro da mala e lá tive a liberdade de expor para degustação. Esse queijo foi apreciado pelo melhor degustador de queijo do mundo e ainda fiz um queijinho na chapa", conta o produtor.

Segundo ele, a experiência serviu de exemplo para todo o planeta, mostrando que a agricultura familiar é o caminho e precisa ser valorizada pelo poder público.

Família
Neto convive com o queijo desde pequeno. Ele e os irmãos viram dentro de casa a fabricação do alimento. Já adulto, sentiu a necessidade de conhecer mais seu produto, então passou a fazer cursos sobre leite e derivados. Hoje ele presta assistência a sete produtores de leite na sua comunidade, também comprando destes a matéria-prima para a fabricação do produto. "Para fazer um bom queijo é preciso de um leite à altura, então o sucesso do nosso produto é de todos". Em maio de 2008, Neto ganhou o concurso de melhor queijo coalho artesanal no Festival de Leite (FestLeite), em Quixeramobim.

Conquista
Além do destaque na mesa do consumidor, o coalho do Jaguaribe se destaca nos concursos em várias regiões. Atualmente, ganhou o prêmio de melhor queijo do Nordeste, no X Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (X Enel), realizado no fim do mês de outubro, na cidade de Imperatriz, no Maranhão, que reuniu produtores de todos os estados do Nordeste.

Segundo José Flávio, a boa qualidade de matéria-prima, o uso de novas tecnologias e a capacitação para melhorar a forma de produzir são os segredos para fazer um queijo de qualidade para apreciadores exigentes.

Juntamente com os demais produtores, Zé Flávio, como é conhecido, participa de capacitações para produzir novos gêneros, atendendo à crescente demanda.fonte::diario do nordeste/jardim das oliveiras blog

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