O ex-bancário Alberto Tessmer, morador de Santa Maria, passeava com amigos pela região da boate Kiss quando notou os primeiros carros de bombeiros chegando ao local, na madrugada deste domingo.
"Pensei que era alguma brincadeira e comecei a tirar fotos. Mas logo me apavorei com o número de pessoas, larguei a máquina e comecei a ajudar", relatou à BBC Brasil.
"Foi algo muito duro, muito dolorido. Já havia vivenciado acidentes, mas nada nessa proporção. Nem em guerra deve ser tão triste, porque as pessoas não tiveram nenhuma chance."Tessmer foi um dos voluntários que ajudaram a resgatar vítimas de um incêndio na casa noturna - segundo testemunhas, causado por sinalizadores usados pela banda que tocava no local.
Frequentada por jovens universitários de Santa Maria, a popular casa noturna estava cheia no momento do fogo, que rapidamente se espalhou pelo teto do local.
Até o início da tarde deste domingo, a estimativa das autoridades é de que a tragédia tenha deixado ao menos 231 mortos e mais de uma centena de feridos.
Relatos de frequentadores que conseguiram escapar com vida e escutados por Tessmer dão conta de que, a princípio, os seguranças do local teriam tentado impedir a saída das pessoas, pensando que elas queriam sair sem pagar.
"Os comentários rolando são de que, quando eles perceberam (o que estava ocorrendo), era tarde e a porta ficou pequena (para todos saírem)."
'Começamos a tirar gente'
Tessmer disse que ele e um amigo se agacharam e começaram a puxar pessoas inconscientes para fora da porta, de cerca de dois metros de largura.
"Engatinhamos pela entrada e íamos tropeçando em pessoas", relata. "Conseguimos tirar cerca de 25 pessoas. Duas estavam mal, mas ainda raciocinavam. Mas pelo menos umas oito eu acredito que já estivessem mortas."
A maioria devem ser jovens que participavam das festas universitárias do local.
A fumaça os impediu de ir longe, mas um membro da brigada militar lhe contou que dezenas de corpos foram encontrados no banheiro da casa noturna.
"Havia muitas pessoas asfixiadas e apertadas lá. Muitas pensaram que era a porta de saída e foram entrando, e quem estava dentro não conseguiu sair."
Na tentativa de abrir espaço para o resgate, Tessmer diz que ele e outros voluntários tentaram arrancar a grade de uma parte que, imaginam, seja o desenho de uma porta de emergência que não existia.
"Agora estou aqui (perto do ginásio para onde os corpos das vítimas foram levados), vendo pessoas chorando, desesperadas. Temos que nos manifestar. Houve negligência", diz ele, em referência à dificuldade das vítimas em sair, ao aparente uso de pirotecnia no local e ao fato de este funcionar com alvará vencido, segundo o corpo de bombeiros.fonte:BBC Brasil/jardim das oliveiras blog
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