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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

DO TEMPO EM QUE HAVIA ONÇA.

Sítios arqueológicos revelam indústria mineral dos povos primitivos ribeirinhos


Jaguaribara / Limoeiro do Norte O Rio Jaguaribe é a água que se vê e a que não se vê. Em Limoeiro do Norte, Padre Pitombeira versou "meu rio é como se fosse". Às margens e no leito, as memórias mais antigas ficaram no lugar das águas. Quem fala são as pedras. O antigo "rio mais seco do mundo" era o caminho mais fácil de desbravar. A ribeira sempre fez trilha, mas é o próprio leito seco, o caminho das pedras um dia submersas, estrada de desbravamento.
Gravuras em pedras, cerâmica e minérios revelam diferentes épocas. FOTOS: BRUNO GOMES
Em Jaguaribara, gravuras rupestres são encontradas em um vasto território às margens do Jaguaribe. Há mais de 50 anos, os populares ainda residentes na localidade de Lagoa Grande sabem da existência das gravuras.

Depois, foram piratas de sítios arqueológicos: muitas pedras estão cortadas, numa evidente violação para retirada das gravuras. Somente neste ano, o material começa a ser estudado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan).

Mas os sítios arqueológicos no Vale do Jaguaribe não deveriam ser de todo uma surpresa na atualidade. Designada por dom Pedro II, uma comissão científica aportou por essas paragens em 1859.
Pinturas rupestres na comunidade de Lagoa Grande foram reconhecidas, neste ano, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas algumas peças foram arrancadas

A intenção era a exploração científica em todo o Norte do País, mas a falta de recurso fê-los limitarem-se ao Ceará. A comissão apresentou, dois anos depois, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), no Rio de Janeiro, relatos da investigação sobre a geologia e botânica em áreas de Aracati, Russas e Tabuleiro do Norte.

Evidências
Tempos depois, em Limoeiro do Norte e em Morada Nova, foram encontrados sítios arqueológicos com registro de gravuras rupestres, lítico lascado e cerâmica. Lembra a presença de índios, com destaque para os payacu , se considerados os últimos séculos. Um conjunto de evidências que podem ser denominadas de indústrias líticas do arenito silicificado, uma excelente matéria-prima que teria propiciado ao homem pré-histórico desenvolver uma indústria com peças cuidadosamente elaboradas, como furadores e os raspadores semicirculares e circulares.

"São mais de 100 sítios arqueológicos já encontrados em todo o curso do Jaguaribe", afirma Verônica Viana, arqueóloga do Iphan no Ceará. Somente no Baixo-Jaguaribe, foram encontrados 53 sítios arqueológicos, especialmente no município de Aracati. Nos Inhamuns, onde o Jaguaribe começa, a descoberta de sítios arqueológicos deu-se com a instalação de uma linha de transmissão da Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco (Chesf). Em Aracati, a descoberta (e parte da destruição também) deu-se com a instalação de usinas eólicas.


Os registros datam do pré-histórico à colonização no século 16. "Existem símbolos que se repetem em vários locais, indicando um sistema de comunicação, embora primitivo". Um vasto acervo encontrado em Aracati foi levado para o Rio Grande do Norte e só em 2014 retornará, sob a coordenação do Iphan, para o museu em Aracati.

Uma dificuldade dos pesquisadores é a datação do material, especialmente em casos nos quais a mesma pedra possui gravuras rupestres, de período pré-histórico, e outras de inscritos que, suspeita-se, foram feitos por bandeirantes, no século XVII, como forma de identificar a localização do ouro que escondiam. Em tempos de cobrança de imposto real e bandidagem, andar com todo o ouro não era um bom negócio. Mas essa última informação não é conferida pelo Iphan, que aponta o predomínio da pré-história.

Esconder-se do que se move sempre foi uma grande tarefa na região de Caatinga, de vegetação rasteira, com baixa densidade. A memória popular diz que têm lugares que são tão temerosos que até a água correu com medo. As gravuras com formas de cavalo e figuras geométricas em áreas de difícil acesso, para os tempos atuais, figuram entre os elementos da narrativa oral dos ribeirinhos.

Francisco Valdênio, da comunidade de Lagoa Grande, diz já ter visto disco voador e acredita que alguns desenhos geométricos teriam sido feito por seres extraterrestres. "Têm os que foram feitos pelos homens mesmo. É preciso saber distinguir".fonte:Diário do Nordeste/jardim das oliveiras camocim ceara

Melquíades JúniorRepórte
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