Abilio Diniz se mostra cansado de perguntas sobre o Pão de Açúcar, grupo fundado por seu pai e ao qual ele não faz mais parte Foto: Divulgação
Abilio Diniz se mostra cansado de perguntas sobre o Pão de Açúcar, grupo fundado por seu pai e ao qual ele não faz mais parte
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O empresário Abilio Diniz não aguenta mais ser abordado sobre questões relacionadas ao Grupo Pão de Açúcar. Segundo postagem em sua página oficial no facebook, ele afirma que é natural ter sua imagem associada à empresa fundada por seu pai em 1948, mas ressalta que o "ciclo" na companhia foi encerrado em setembro do ano passado.
"Hoje, estou em uma nova fase da minha vida como presidente do Conselho de Administração da BRF. Obrigado", afirmou o empresário, que transferiu o controle do Pão de Açúcar ao grupo francês Casino. Na BRF, Abilio substituiu Nildemar Secches, executivo que esteve à frente das negociações para a formação da empresa, resultante da incorporação da Sadia pela Perdigão.

História
O português Valentim dos Santos Diniz, conhecido como "Seu Santos", chegou ao Brasil em 1929, com 16 anos, quando começou a trabalhar no comércio, emum empório localizado na avenida Brigadeiro Luis Antônio, esquina com a Rua Tutoia, no bairro Paraíso, em São Paulo. Em 1936, já casado e com um filho, Abilio Diniz, ele e a esposa Floripes abrem na Rua Vergueiro seu primeiro negócio, uma pequena mercearia. Em 1943, "Seu Santos" já é dono de outra mercearia e de um a panificadora.
Em 1948, ele compra um conjunto de casas antigas e, no dia 7 de setembro, é fundada a Doceira Pão de Açúcar, que oferecia serviços de buffet, eventos sociais e que seria a precursora da rede de supermercados. Em 1952, é aberta a primeira filial da Doceira, na Praça Clóvis Bevilácqua, no centro de São Paulo. Nesse mesmo ano a terceira loja é inaugurada, também na região central, na Rua Barão de Paranapiacaba.
Em 1959, com 19 anos, enquanto estudava administração de empresa na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e já com planos de continuar os estudos nos Estados Unidos, Abilio Diniz foi convidado por seu pai a trabalhar como executivo durante a implantação do primeiro supermercado Pão de Açúcar, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio.
A segunda loja da rede foi aberta em 1963, na rua Maria Antonia, no bairro de Higienópolis. Em 1965, a expansão do grupo começou com a comprar da rede Sirva-se, pioneira do ramo de supermercados em São Paulo, junto com o Peg-Pag. No ano de 1968, o Pão de Açúcar contava com 40 supermercados e 1.642 funcionários. Em 1969, o grupo começa a expansão para o exterior, com a abertura de lojas em Portugal, Angola e Espanha. Em 1971, a rede cria se primeiro hipermercado, o Jumbo Santo André.
Em 1979, Diniz foi convidado a participar do governo como membro do Conselho Monetário Nacional convidado por Mário Henrique Simonsen, que atuava como ministro do Planejamento durante o governo do presidente João Figueiredo. Ele ficou no cargo até 1989.
Momento decisiso
Segundo a biografia oficial de Diniz, na virada dos anos 80 para os 90, três fatos marcantes mudaram "sua visão de si mesmo e do mundo e transformaram sua personalidade." Conforme o site, "foram situações traumáticas, que lhe trouxeram ensinamentos e oportunidades de mudança."
O primeiro fato foi a disputa familiar entre Abilio e seus irmãos pela sucessão no grupo Pão de Açúcar. Segundo Diniz, esses problemas foram resolvidos em janeiro de 1994 com a assinatura do acordo que lhe garantiu o controle da companhia. Ele passa a atuar na presidência em 1995, quando o grupo já negocia ações em bolsa de valores, e "Seu Santos" deixa o cargo e passa a atuar como presidente do Conselho de Administração.
O segundo fato importante foi o seu sequestro, ocorrido no dia 11 de dezembro de 1989. Segundo seu site, após passar sete dias em um cubículo subterrâneo, Diniz "eliminou da sua mente a crença de ser um homem inatingível e indestrutível". A terceira ocorrência marcante foi o quase fechamento do grupo Pão de Açúcar, que esteve à beira da falência em 1990.
Em 1994, ainda como parte do processo de reestruturação do grupo, começou a parceria entre o Pão de Açucar e a rede francesa Casino. Em 2003, Abilio deixa de ser o presidente executivo do Grupo e passa a ser o presidente do Conselho de Administração. Conforme acordo acertado em 2005, a holding do Grupo Pão de Açúcar, chamada Wilkes, era controlada conjuntamente pelos franceses e pelo empresário brasileiro. O acordo previa também que o Casino teria a opção de aumentar sua participação gradativamente na holding, e até deter a maioria das ações com direito a voto.
Em 2009, o Pão de Açúcar compra a rede Ponto Frio e, em 2010, o grupo se torna sócio das Casas Bahia. Em 2012, a assembleia geral da Wilkes marcou a mudança na estrutura de governança corporativa do grupo. Apesar do empresário brasileiro continuar retendo o título de presidente do conselho do Pão de Açúcar, seu peso na tomada de decisões foi bastante reduzido, já que suas manobras dependerão da aprovação do Casino.
"Dia que demonstro que cumpro os contratos e compromissos. Hoje transfiro o controle do GPA", disse Diniz no microblog Twitter. Em seguida, o empresário postou agradeceu "todas as mensagens de apoio. Estou bem, sereno e tranquilo. Forte e preparado para todas as coisas que virão pela frente". O grupo francês, entretanto, não assumiu o controle do Pão de Açúcar imediatamente.
As desavenças entre as duas partes se agravaram e, 2013, quando o empresário foi eleito para ser o presidente da BRF, uma das maiores companhias de alimentos do Brasil e que tem o Pão de Açúcar como seu principal distribuidor de produtos no mercado interno. Diniz foi vendendo aos poucos suas ações na companhia e em setembro deixou a presidência do conselho. Com a saída, Abilio termina a disputa com o grupo francês.
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