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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

QUEIXARAMOBIM-CE REÚNE VAQUEIROS.


Evento, que teve sua primeira edição, segue antiga tradição sertaneja que acontece em matas fechadas
Quixeramobim. Mais de 100 vaqueiros, de várias cidades do Sertão Central, participaram, ontem, do I Circuito de pega de novilha no mato. O evento tem como principal objetivo valorizar a figura do vaqueiro no âmbito das tradições sertanejas.

Para participar do circuinto, é exigida indumentária completa, do gibão de couro, das perneiras, do guarda-peito e do chapéu, Os locais de competição devem contar com 50 hectares de mata fechada e, pelo menos, sete reses. Fotos: Alex Pimentel

A competição foi realizada em cerca de 100 hectares de mata nativa, de caatinga, no Haras Paraíso, uma propriedade rural situada na localidade de Algodões, no distrito de Damião Carneiro, na zona rural de Quixeramobim. No fim da manhã os competidores, de várias idades, se embrenharam na mata à procura de suas presas. Houve premiação para os três primeiros colocados, divididos nas categorias profissional e amador. A ordem de classificação foi de acordo com as regras da competição. Vencia quem pegava a novilha e retornava para o curral no menor tempo.

Surpresa

O número de participantes, inclusive de municípios mais distantes, como Iguatu, surpreendeu o vaqueiro Valeriano Moita, um dos organizadores da disputa. Para ele, foi um aprova de que ofício não está em extinção. "Apenas estavam escondidos", comentou satisfeito no clube Baixa da Égua, onde todos se concentraram para o café da manhã acompanhado de um arrasta pé comandando pelo sanfoneiro Tenilson do Acordeon. A confraternização aconteceu antes de seguirem para a área da disputa, na mata fechada, simulando as dificuldades do dia a dia do vaqueiro. "Sete novilhas, três delas brabas, foram preparadas para os vaqueiros profissionais; outras três, mansas, foram marcadas para os principiantes. Para tornar a disputa ainda mais animada também soltamos uma novilha "melé", para enganar quem ficar desatento as largadas", explicou José Augusto Victor, mais conhecido como Tito Victor, proprietário do Haras Paraíso, o outro idealizador do Circuito. Segundo ele a ideia surgiu a partir da insistência dos vaqueiros da sua fazenda. Estavam, saudosos, dos tempos das prosas, como se referem as brincadeiras nos currais das fazendas.

Um deles é Francisco Roseno, de 50 anos. Desde criança acompanhava o avô e o pai nas pelejas no mato a procura do gado. Há cerca de cinco anos é gerente do Haras Paraíso. Para ele, a figura do vaqueiro realmente está desaparecendo, e não é somente por conta da preferência pelas motocicletas. Por mais potentes quanto sejam não conseguem atravessar mata fechada.

" Nessas horas o parceiro de habilidade é o cavalo. Mas como hoje em dia as matas são poucas, a maioria está descampada, muitas vezes não é mais preciso partir atrás dos animais a cavalo", explica. Mesmo assim, o vaqueiro tangedor de gado ainda vai continuar sendo o herói do sertão. Essa é a opinião de Nairton Ferreira, de 62 anos. Ele mora na Fazenda São Luiz, no município de Choró. Quando soube da competição não pensou duas vezes. Inscreveu o neto Wesley Pereira, de 13 anos, e mais quatro vaqueiros: Tetê, Diassis, Everardo e Daniel. Sua equipe não estava ali apenas para competir. Aceitaram o convite para fortalecer também a imagem do desbravador nordestino.

Indumentária
A exigência da indumentária completa, do gibão de couro, das perneiras, do guarda-peito e do chapéu, para poder participar do Circuito é uma prova dos organizadores do Circuito no compromisso com a preservação desse personagem, destacou. Com o sucesso do I Circuito de pega de novilha no mato, Valeriano Moita e Tito Victor pretendem planejar para o próximo mês o II Circuito, provavelmente também em Quixeramobim.

Eles estão à procura de outra fazenda, com sete reses e mais de 50 hectares de caatinga preservada. Acreditam que com a continuidade das provas, vaqueiros e amantes dessa tradição tipicamente nordestina, de outros municípios do Ceará vão se interessar em sediá-lo. Se depender deles e dos patrocinadores, como a Casa do Campo, de Quixadá, a disputa vai continuar este ano em todos os cantos do Estado. No Circuito, os três primeiros classificados nas categorias profissional e amador ganham prêmios em dinheiro e troféus.

Mais informações:

1º Circuito Pega da Novilha no Mato

Haras Paraíso
Localidade de Algodões - Quixeramobim
Telefone: (88) 9264.4442

ALEX PIMENTELCOLABORADOR /jardim das oliveiras camocim ceara

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