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domingo, 16 de fevereiro de 2014

ARTISTAS DE CIRCO:DE SANTIMBRANCOS A UMA VIDA DE LUXO.


O Tribuna do Ceará foi até o Le Cirque para constatar que o ritmo é puxado, mas atingiu um novo patamar de sofisticação, construído em mais de 100 anos de tradição

Bryan Stevanovich se apresenta desde os 12 anos no globo da morte (Foto: Renatta Pimentel/Tribuna do Ceará)
Bryan Stevanovich se apresenta desde os 12 anos no globo da morte (Foto: Renatta Pimentel/Tribuna do Ceará)
“Eu vivo para o circo de manhã, tarde e noite”. Essa frase – ou estilo de vida – é de Bryan Stevanovich, que desde os 12 anos se apresenta no globo da morte. Mas como é a vida dos artistas de circo dos dias atuais?
Tribuna do Ceará foi até o Le Cirquepara constatar que o ritmo é puxado, mas atingiu um novo patamar de sofisticação. Respeitável público, com vocês a vida dos novos artistas de circo, agora de luxo.
vida itinerante e agitada dos circenses desperta curiosidade do público não somente pelo espetáculo glamouroso, cheio de acrobacias e apresentações radicais. Mas também existe a vontade de saber como eles vivem e se adaptam a rotina, seja instalados em trailers ou mesmo hospedados em hotéis, durante meses e meses.
É o caso de Augusto Stevanovich e Bryan Stevanovich, membros da quarta e quinta geração da família do Le Cirque. Circo tradicional e natural da França (apesar do sobrenome Iugoslavo, a herança nesse caso, é do lado paterno da família), mas que tem histórias em diversas cidades de vários países do mundo, inclusive em Fortaleza. Há dois meses locados na capital cearense, Augusto volta ao passado e conta que os bisavós eram saltimbancos, isso há mais de 100 anos.
Napoleão Bonaparte
“Na França, o segundo circo organizado no mundo foi o da minha família, o primeiro foi na Inglaterra com espetáculos de cavalos, contorcionistas, malabaristas, acrobatas e por aí vai. Napoleão Bonaparte apresentou um circo, e dele se construiu cinco circos fixos conhecidos como‘Circos de Invernos‘”.

Hitler
Augusto também recorda que seus antepassados sofreram perseguição de Hitler. “Meus avós contavam que vinham para a América do Sul por volta de 1890. Hoje  tentamos resgatar a história da nossa família, porque Hitler perseguia os ciganos, judeus e andarilhos, e o circo se enquadrava como andarilho e cigano”, relembra.
Moradia
No Brasil, a residência fixa da família Stevanovich é em Florianópolis, mas dificilmente eles desfrutam da rotina de uma família convencional. “Temos casa também na Argentina, Espanha e França. São nossas casas mesmo, mas ninguém gosta de estar em casa, minha vida é dentro do circo o dia inteiro. Não tem rotina no circo, diferente da cidade que é todo dia a mesma coisa. Aqui, a cada dois meses você está em cidades e países diferentes. Essa vida é muito mais gostosa”, diverte-se.
Como passam a maior parte dos dias do ano fora de casa, trailers bem equipados – com sala de estar, jantar, cozinha, quartos e banheiro – são usados para abrigar o clã Stevanovich. “A gente mora aqui no trailer. É bem confortável e não me incomoda viver assim”, diz Bryan, que tem seu próprio trailer.
Le Cirque Amar

Le Cirque Amar

Espetáculo vindo diretamente da França encanta o público cearense (Foto: Divulgação)
Do circo e para o circo
A tradição passada de geração para geração, o circo é sem dúvidas a maior herança de Bryan e seus quatro irmãos. Que nasceram em países diferentes – ele e irmã mais nova são da Espanha, nacionalidade da mãe Fernanda Gil, que fugiu com o patriarca Robert Stevanovich – nascido no Rio de Janeiro e radicado em São Paulo, outros dois são argentinos e somente um brasileiro. “É pelo mundo que o circo nasce“, brinca Bryan.
Bryan nasceu e cresceu no circo e é nele, que o jovem de 20 anos, pretende viver o resto da sua vida. Além de desenvolver um trabalho artístico no picadeiro – com acrobacias, globo da morte e um personagem cômico -  o espanhol destaca como também cresceu culturalmente.
“O circo é ótimo. Aqui é a mãe de todas as faculdades, você aprende a fazer o marketing, cuidar da burocracia e fazer os meios de comunicação que o circo oferece. Ser motorista de circo, engenheiro – meu irmão é engenheiro e aprendeu através do circo a engenharia, senão não conseguiria montar. Eu sou piloto e estudei estudei na França, Itália, Dinamarca, Argentina, Iugoslávia, Austrália, Brasil e México. Aprendi a falar português, francês, russo e inglês no circo, só ouvindo”.
Aos seis anos ele já demonstrava habilidades, mas somente aos 12 anos deu início asapresentações no globo da morte. Outra atração apresentada por Bryan é o seu personagem cômico, uma espécie de Charles Chaplin – um dos ídolos do garoto. “Nosso espetáculo é mais mímica. Eu sou um cômico e diferença de cômico para o palhaço é que não usamos nariz de palhaço e nem as roupas extravagantes”, explica.
Com passagem por tanto países, o acrobata faz um elogio ao público cearense. “O público cearense é o melhor para assistir um espetáculo circense, é o que mais anima. O público europeu já é mais contido, eles batem palma para tudo, aí não dá para saber se eles gostaram ou não”. Ele estende o elogio a culinária local. “Eu gostei muito de baião de dois, é delicioso”.
Le Cirque
O circo traz 27 artistas de diferentes países, como o México, a Mongólia, Rússia, França – esses ficam hospedados em hotéis. Ao todos são 74 funcionários fixos e 30 locais – o circo gera emprego para a população das cidades por onde passa. O espetáculo  que está na capital cearense há mais de um mês fala sobre o amor. “Todo mundo sai daqui amando“, poetiza Bryan.
Você pode conferir as atrações do Le Cirque as terças a sextas-feiras,  às 20h30; aossábado, em duas sessões de 18h e 20h30; e aos domingos em três horários – 14h, 18h e 20h30, na Avenida Washigton Soares, em frente a Unifor.

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