Adriana, de 31 anos, chegou aos 220 kg e foi declarada obesa mórbida.
Com a ajuda do atual noivo, ela venceu o preconceito e atingiu os 80 kg.
Acostumada a um cardápio de 10 mil calorias por dia, a paulista Adriana Aparecida dos Santos, de Morungaba, teve que mudar totalmente seu estilo de vida para sair dos 220 kg.
Com obesidade mórbida, colesterol alto, diabetes, trombose e hipertensão, ela começou a ganhar peso depois da morte do marido, em 2006. “Perdi a vontade de viver e comia tudo errado. Na época, tinha só 24 anos e já pesava 130 kg”, lembra a conferente, de 31 anos.
Os anos passaram e Adriana ganhou cada vez mais peso, até que decidiu se inscrever na fila para fazer cirurgia bariátrica. “Fui me pesar em uma balança que aguentava até 180 kg e não consegui. A nutricionista disse que se eu quisesse uma vaga para a cirurgia, teria que ir ao mercado me pesar na balança de pesar bois”, conta. Sentindo-se humilhada, a paulista saiu de lá abalada e decidida a tomar uma atitude e a começar uma mudança.
Em fevereiro de 2012, ela começou a participar de um grupo de reeducação alimentar, que ajuda candidatos à cirurgia a perder peso antes de operar. Na época, ela já estava com 220 kg e, em um dos encontros do grupo, teve uma grande surpresa que mudaria totalmente sua vida. “Eu estava conversando com um rapaz há um tempo pela internet, mas tinha colocado fotos falsas minhas. Ele descobriu através de um amigo meu que eu estaria nesse encontro e foi até lá”, lembra.
Então, o rapaz ligou no celular de Adriana para identificá-la no meio dos outros, mas quando conseguiu encontrá-la, descobriu que a mulher com quem falava por internet e telefone há meses era, na verdade, outra pessoa. “Quando nos falávamos por telefone, ele percebia que eu tinha falta de ar, mas eu nunca falei que era obesa. Como ele ia me olhar tão gorda, com 220 kg?”, conta a paulista. Mesmo com a surpresa, ele a tratou bem, a abraçou e se ofereceu para ajudá-la. “Ele me passou uma energia muito positiva e pediu para eu levantar a cabeça. Mas eu não queria que ele me visse, então pedi que me desse um tempo”, lembra.
De fevereiro a julho, o casal continuou conversando por telefone, até que Adriana resolveu se mudar para Americana, onde ele morava. “Ele disse que me daria uma chance e que ia me ajudar. Então me mudei para lá com meu filho e começamos a morar juntos”, conta.
Três meses depois, os dois resolveram se mudar para Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde morava a mãe do rapaz. “Conversava com ela por telefone, mas ela não sabia que eu era obesa. Depois, eu descobri que ela disse para ele que ele estava arrumando uma pedreira na vida, uma mulher que só ia ficar doente”, diz. Por causa disso, eles acabaram voltando para Americana dois meses depois. “Ele saiu de lá muito triste porque não esperava que a família teria esse preconceito comigo”, lembra Adriana.
Por causa de pequenas mudanças na alimentação, em novembro, Adriana já estava com 180 kg, mas continuava sem conseguir controlar sua ansiedade. Então, ela procurou um médico, que passou um remédio para ajudá-la na perda de peso.
“Ele disse que eu não ia conseguir só com a reeducação alimentar no começo. Então associei o medicamento à mudança na minha alimentação e consegui chegar aos 93 kg, que foi quando parei de tomar”, lembra.
A paulista, que estava habituada a comer 4 pães franceses com 8 salsichas no café da manhã, passou a manter uma alimentação rica em fibras e alimentos saudáveis, sem mais precisar da ajuda do medicamento. “Hoje não tomo mais refrigerante e sempre invento alguma coisa diferente”, diz. Para auxiliar na perda de peso, Adriana começou também a se exercitar na academia, onde encontrou um professor que a fez superar seus limites. “Ele foi outro anjo na minha vida e me fez ir além da minha capacidade. Hoje eu corro na rua e faço musculação”, conta satisfeita.
Atualmente com 80 kg, 140 kg a menos na balança, Adriana segue levando seu novo estilo de vida e conta que quer estudar nutrição. “Quero ser nutricionista. Amo a vida saudável e gosto de me cuidar”, diz.
Outra batalha que a paulista pretende vencer com sua história é a do preconceito contra os obesos mórbidos. “Uma vez o dentista não quis me atender porque a cadeira não me aguentava. Fui muito discriminada e derrubei muitas lágrimas, então queria que as pessoas não tivessem preconceito. Os sonhos dos obesos já são pequenos demais”, acredita.
Adriana defende ainda que a cirurgia bariátrica não é a única e nem a melhor solução. "O estômago não tem que pagar pelo que o cérebro está fazendo de errado. Se mudar o cérebro, o estômago também muda", diz. No entanto, para não ter que recorrer à cirurgia, ela ressalta que é preciso preciso ter muita regra, disciplina e força de vontade. “Sem isso, não tem como. Hoje sei que posso seguir sem o remédio e posso fazer tudo o que não fazia. Hoje estou vivendo o que deixei de viver durante 9 anos”, avalia. Fora a perda de peso, agora a paulista tem também outros motivos para comemorar – ela e o noivo planejam se casar. “Ele deixou as pessoas de lado para cuidar de mim. Foi um amigo e agora é meu noivo. Estamos juntos e vamos nos casar”, conclui feliz.
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