- Presidente Nicolás Maduro promete agir com mão firme
- Em Caracas, polícia lança gás lacrimogêneo contra estudantes
- Organizações estudantis convocaram mobilização no dia em que se completa um mês de manifestações contra Maduro
CARACAS — No dia em que se completa um mês de manifestações contra o governo do presidente Nicolás Maduro, protestos em várias cidades da Venezuela registram ao menos três mortos e dezenas de feridos nesta quarta-feira. Após convocar uma reunião de seu Gabinete de Segurança, Maduro prometeu agir com mão firme:
— Vou tomar medidas drásticas com todos esses setores que estão atacando e matando o povo da Venezuela — afirmou o presidente, em Caracas.
Em Caracas, o confronto teve início quando 3 mil manifestantes foram interpelados por cerca de 300 policiais de choque, que bloquearam seu avanço em direção à Praça Venezuela, onde havia uma concentração de chavistas. Sob o lema “Movimento estudantil marcha contra a impunidade”, a passeata tinha como destino final a sede da Defensoria Pública.
Dirigentes estudantis e políticos opositores tentaram dialogar com os policiais, que negaram a passagem. Grupos de jovens passaram, então, a jogar pedras contra a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água, dispersando a maior parte dos manifestantes.
Em Valencia, o estudante Jesús Enrique Acosta, de 20 anos, e o capitão da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) Ernesto Bravo Bracho morreram a tiros durante os enfrentamentos. Guillermo Sánchez, de 42 anos, foi baleado enquanto pintava a fachada de sua casa. O governador Francisco Ameliach usou as redes sociais para anunciar a morte do capitão, chamando os manifestantes de “grupo de terroristas”.
Mais cedo, organizações estudantis convocaram uma grande mobilização apesar da proibição de Maduro que afirmou que “opositores não entrariam no centro de Caracas”. A mobilização foi marcada para o mesmo lugar onde, no sábado e segunda-feira, as forças de ordem impediram a realização de manifestações.
Há um mês, no dia 12 de fevereiro, após um apelo das organizações estudantis, Caracas foi tomada por um dos maiores protestos opositores da história, acompanhado por manifestações em San Cristóbal (oeste) e em outras cidades do país.
O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reafirmou na terça-feira que o governo enfrentou uma tentativa violenta de golpe, que já foi neutralizada.
— Vim representando Maduro, que, como todos sabemos, está enfrentando uma tentativa violenta de golpe que já neutralizamos — declarou aos jornalistas ao chegar no Chile, para a posse de Michelle Bachelet.
O chefe de Estado venezuelano suspendeu de última hora sua viagem para participar na cerimônia de posse.
Quase 100 jornalistas atacados no último mês
Quase uma centena de jornalistas, incluindo 28 correspondentes estrangeiros, sofreram com detenções arbitrárias, roubos e agressões físicas durante o mês de protestos, de acordo com o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP).
“Até 11 de março, 97 trabalhadores da imprensa foram vítimas de ataques por membros da segurança do Estado, civis armados e manifestantes”, disse Marco Ruiz, secretário-geral do SNTP.
Como vários jornalistas foram agredidos mais de uma vez, a lista de ataques do SNTP ultrapassa 120, segundo um comunicado. Caracas e outras cidades venezuelanas, como Mérida, Valencia, Barquisimeto e Maracay, registram há um mês protestos da oposição, muitos deles com incidentes violentos, que deixaram 23 mortos e mais de 300 feridos.
“A maioria das agressões contra os trabalhadores da mídia durante este mês foram realizadas por funcionários do Estado, num total de 61 casos”, acrescentou o relatório.
em http://oglobo.globo.com/mundo/protestos-antigoverno-deixam-mortos-feridos-na-venezuela-11855096#ixzz2voA0wxZk
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