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sexta-feira, 28 de março de 2014

VIOLÊNCIA NO CEARÁ: MAIS HOMICÍDIOS QUE SOLDADOS MORTOS NA GURRA DO IRAQUE.


Em sete anos e três meses houve 20.740 homicídios, contra 21.428 soldados mortos em oito anos e nove meses. Na média anual, criminalidade cearense supera horror da guerra


Policia
Política de segurança pública da gestão de Cid Gomes fracassou, diante do número de 20 mil homicídios registrados em sete anos de governo (Foto: Divulgação)
Invasões, tiros de metralhadora, explosões e pessoas morrendo como moscas. Um cenário de guerra. E de guerra urbana também. O número de homicídios registrados no Ceará nos últimos sete anos e três meses, durante a gestão do governador Cid Gomes (Pros), pode ser comparado ao de militares mortos em combate na última Guerra do Iraque.
Tribuna do Ceará fez um levantamento e constatou que, de janeiro de 2007 a março de 2014, foram registrados 20.740 homicídios no Estado (sendo 2.860 por ano). A estatística praticamente se iguala ao número de soldados mortos durante os oito anos e nove meses de guerra no Iraque, de todas as nações em combate, com 21.428 (sendo 2.448 por ano).

Ceará-x-Iraque
(Arte: Tiago Leite)
Guerra do Iraque iniciou em março de 2003 e foi encerrada em 15 de dezembro de 2011. Durante o período de conflito, foi reportado que 4.805 combatentes da coalizão ocidental foram mortos, incluindo 4.487 americanos, 179 britânicos e 139 militares de pelo menos 22 outros países. Das forças de segurança iraquiana, foram 16.623 mortes.
Enquanto isso, nos últimos sete anos, que coincide com o governo Cid Gomes, o Ceará – ressalte-se: sem guerra – teve 20.740 vidas interrompidas por causa da criminalidade. Conforme dados colhidos no Mapa da Violência e na Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o número de homicídios (incluindo lesões seguidas de morte e latrocínios) no Estado só aumenta. Enquanto em 2007 foram contabilizados 1.936 crimes de morte, em 2013 o número subiu 130%, com 4.462 homicídios. Nesse último, pode-se dizer que foi registrado um homicídio a cada duas horas.
Para o sociólogo Márcio Renato, como medida de prevenção, o Estado precisa valorizar a vida antes de combater o crime. Caso contrário, o Ceará entrará mais adiante nesse abismo, onde o medo prevalece, e sugere mudanças: “Desmilitarizar a polícia, discutir a descriminalização das drogas e repensar em políticas que batam de frente com a desigualdade social devem ser metas urgentes por parte do Estado”, pontua.
Epidemia
Em Fortaleza, houve crescimento de 18,4% na quantidade de assassinatos, comparando 2012 e 2013. Apenas no ano passado, a capital cearense registrou 2.017 casos, respondendo sozinha por 45,2% do total de mortes violentas no Estado.
    Iraque
    Cearense faz piada com tudo, até no momento de dor. Essa é uma imagem que circulou em redes sociais nos últimos dias entre fortalezenses (Foto: Fanpage Fortaleza Apavorada)
    A cidade foi considerada a 13ª mais violenta do mundo em 2013. No ano seguinte, já pulou para a 7ª colocação. E os números oficiais da SSPDS comprovam: somente em 2014, a cada dia, 9,8 pessoas são mortas em Fortaleza.
    Segundo relatório da ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, Fortaleza tem uma taxa de 79.42 homicídios a cada 100 mil habitantes, com 2.754 homicídios registrados em 2013. Essa taxa é a 2ª maior do mundo, inferior apenas a Caracas, capital da Venezuela.

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