A crença popular aponta que os anos terminados no numeral 4 têm boa incidência de chuvas, mas a situação é preocupante
Os anos de 2012 e 2013 foram marcados pela forte estiagem no Ceará. Animais mortos, vegetação seca e reservatórios esgotando-se. O cenário só apresentava sinais de piora que se agravavam à medida que o tempo passava. Porém, em 2014, aseca parece ter dado trégua, e a chuva finalmente chegou ao solo cearense.
Mesmo com as chuvas mais constantes neste ano, se comparadas ao mesmo período do ano passado, a situação do estado ainda é preocupante. Segundo o Ministério da Integração Nacional, 152 municípios cearenses estão em estado de emergência em razão da estiagem. Isso significa que 83% do Ceará ainda sofre com o problema.
Luiz Carlos Lima, que é presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares no Estado do Ceará (Fetraece), conhece o problema de perto. “O cenário de 2013, nesse período, era de muita desolação. Não havia pasto para os animais, nem produção. Hoje, isso melhorou consideravelmente. Mas não tem uma sustentabilidade a longo prazo”.
Para os agricultores, o abrandamento da seca no ano de 2014 já era esperado. É que a crença popular aponta que os anos terminados no numeral 4 têm boa incidência de chuvas. “Melhorou, mas temos problemas na questão da água ainda. A chuva não foi suficiente para suprir a demanda dos reservatórios. Temos problemas sérios”.
Safra
Segundo o diretor-técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Walmir Severo, a situação de 2014 está bem melhor que a de 2013, quando se fala em safra. “Ano passado colhemos 332 mil toneladas de grãos e mandioca. Neste ano, poderemos colher 1,4 milhão de toneladas. Número bem superior”.
Além disso, outros quesitos em que houve melhora foram nas pastagens e no armazenamento de água na unidade familiar. “A carência que temos é de água para irrigação. Em algumas comunidades têm água, enquanto na vizinha não tem. Mas em relação à safra, este ano já foi melhor do que a expectativa. Choveu 26% a menos da média, mas foram chuvas bem distribuídas, o que significou uma grande possibilidade de safra”.
Sobre o segundo semestre, há a preocupação com a questão da irrigação. Já que durante o período não há chuvas, é necessário irrigar os locais para ter boa safra. “Aí é que vamos ter problema, porque não tem água. Os açudes não foram ‘recarregados’, estão vazios”.
Reservatórios
E a falta de água no Ceará é evidente. Ricardo Adeodato, que é diretor da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), confirmou que os reservatórios não estão com quantidade boa do líquido. Ao todo, são 99 açudes, sendo três com volume acima de 90%, o que é bom, e 96 com volumes inferiores a 30%, o que é lamentável.
“Não poderia ter melhorado. É consequência do terceiro ano de seca.. São chuvas abaixo da média e, em 2014, teve uma recarga incipiente. Isso tudo vem do baixo nível do sistema persistente depois de dois anos”, avaliou.
Mesmo assim, há algumas regiões que conseguiram se sobressair e armazenar um pouco mais de água, como a serra da Ibiapaba e a Região dos Inhamuns. “Trabalhamos para que não aconteça falta de água para consumo humano. Isso não pode faltar. Monitoramos no sistema e fazemos ações complementares para garantir o abastecimento difuso”.
A espera do segundo semestre também é agoniante, e a Cogerh tem de se desdobrar para garantir água, mesmo que ela não seja reposta pela falta de chuva. Enquanto o problema persiste, os cearenses esperam que em 2015 a situação melhore de vez.https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=3926392783764741131#editor/target=post;postID=991780961590892095
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