um bebê de Caxias morreu esta semana, em um hospital de Teresina, vítima de leishmaniose visceral, ou calazar. Maria Eduarda tinha seis meses e morava numa área onde anos atrás cães doentes teriam sido enterrados depois de sacrificados.
Antes de ser encaminhada para Teresina, ela teria sido atendida no Hospital Infantil João Viana, em Caxias. Segundo a mãe, os médicos demoraram a dar o diagnóstico da doença. O atestado de óbito dá como causa da morte insuficiência respiratória aguda e leshimaniose visceral.
“Ela passou três dias no hospital aqui de Caxias e daqui levaram para Teresina. O médico falou que a doença dela era grave e que para a idade dela era muito forte. Os médicos de lá ficaram revoltados com os daqui. Eles demoraram a descobrir, a me atender, a enxergar o problema da menina”, relata a mãe, Janaína Carvalho
A mãe e o bebê moravam no bairro Soledade, afastado do centro da cidade. O pai da criança está inconformado com a morte da filha. “Quando chegamos no hospital não tinha médico na hora. Eu pedi urgência medicação e atendimento para a menina. Eles me disseram que realmente não tinha médico, então ameacei chamar a televisão. A atendente disse que era para eu esperar antes de chamar a TV para ela se arrumar, para aparecer bonita”, disse Raimundo Nonato Pereira, revoltado.
O Centro de Zoonoses já havia alertado os moradores que a área, no passado, era utilizada como cemitério de cães. Eles morriam em Caxias por conta da doença e eram levados para a região para serem enterrados.
“Já falaram que não adianta criar cachorro aqui, que é terra contaminada. Todos os cachorros aqui adoecem sempre”, Francisca Mendes dos Santos, moradora, que é vizinha a casa onde morava o bebê. Está com filho recém-nascido também e com medo depois da confirmação da morte por calazar.
Rosa Maria de Ribamar mora no local há dez anos. Disse que não é de hoje que corre a notícia que os cães do bairro estariam com calazar. Ela teme que a doença se espalhe entre os moradores e que atinja outras crianças. “A preocupação aqui é enorme, porque quase todos têm crianças e você sabe que a imunidade de uma criança é muito frágil”.
Nas ruas do bairro não é difícil encontrar cahorros soltos. Há casas que têm mais de um. Os animais apresentam alguns sintomas clássicos do calazar. Aparentam está debilitados e alguns estão com as unhas grandes.
A direção do Hospital infantil Doutor João Viana, em Caxias, informou que a bebê de Janaina Caravalho já chegou ao hospital com a saúde muito debilitada, e tão logo foi constatada a suspeita de leishmaniose, foi recomendada a transferência da criança para tratamento em Teresina.
A diretora do centro de zoonoses de Caxias, Suely Guimarães, informou que vai enviar uma equipe à comunidade Soledade, com o objetivo de fazer estudos que possam constatar se há ou não riscos de contaminação pelo calazar.G1-MA
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