Sem apoio do namorado, Maria Isabel voltou aos estudos após separação.
Jovem quer fazer engenharia civil na Universidade Federal Fluminense.
A jovem Maria Isabel Ferreira de Andrade, de 17 anos, viu sua vida mudar completamente nos últimos anos. Aos 13, ela saiu com os pais de Niterói (RJ), onde era aluna de um colégio militar, para morar em uma pequena cidade do Amazonas. Em seguida, saiu de casa para viver com o namorado, engravidou, separou, voltou para o Rio e se tornou mãe. Agora, Maria Isabel divide o tempo entre cuidar do filho de dois anos e estudar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Após tantas reviravoltas na vida, a jovem quer entrar em uma universidade pública e se formar engenheira. Para isso, estuda até de madrugada.
"Sempre estudei em colégio militar e sempre fui uma das primeiras alunas", contou orgulhosa a adolescente ao G1. Mas a rotina de estudos foi quebrada quando o pai, que é militar, foi transferido para uma comunidade indígena em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas "Lá era tudo muito precário, eu que ajudava os professores e alunos", contou.
Aos 14 anos, a jovem conheceu um rapaz, de 22 anos, que considerava o "amor da sua vida". Muito nova, ela deixou a casa dos pais, e foi morar com o namorado, mesmo sem o apoio da família.
"Eu achei que ele era a pessoa certa e eu queria morar com ele. Depois de seis meses eu engravidei e foi um susto para toda a família. Eu sempre fui exemplo, sempre tirei as maiores notas. Meus pais não concordavam muito [a decisão de sair de casa], mas não adianta proibir uma pessoa que quer muito uma coisa, não é?", disse Maria Isabel.
Sem apoio do companheiro para continuar estudando, Maria Isabel revelou que durante a gestação percebeu que continuar o relacionamento não era a melhor opção para realizar o seu sonho de cursar Engenharia Civil.
"Ele [namorado] consertava carro, era autônomo e não gostava que eu estudasse. Ele só tinha feito até a terceira série e eu sempre gostei muito", falou.
Maria Isabel soube aos sete meses de gravidez que a família voltaria para Niterói e ela viu nesta oportunidade a chance de dar uma nova guinada para a vida. "Se eu não voltasse com eles naquela hora, talvez eu não conseguisse voltar depois. Meus pais me aceitaram de volta com a condição que eu voltasse a estudar."
Retorno
Voltar para Niterói foi só o início da nova jornada de Maria Isabel. Sem condições financeiras para bancar um cursinho, ela se dedicou ainda mais aos estudos para voltar para o colégio militar e posteriormente ficar entre as primeiras colocadas na prova de um curso pré-vestibular.
Voltar para Niterói foi só o início da nova jornada de Maria Isabel. Sem condições financeiras para bancar um cursinho, ela se dedicou ainda mais aos estudos para voltar para o colégio militar e posteriormente ficar entre as primeiras colocadas na prova de um curso pré-vestibular.
"Eu levo o André para a creche às 7h, volto, ajudo a minha mãe a arrumar a casa e estudo. Entro no cursinho às 13h45 e saio às 17h50, fico com ele até ele dormir, por volta das 22h e estudo entre 23h e 4h", contou a jovem.
Maria Isabel, que tem o sonho de cursar Engenharia Civil na Universidade Federal Fluminense (UFF), acredita que a maior dificuldade na prova do Enem será a redação.
“Eu acho que a redação é o mais difícil, porque leva mais peso, tem mais importância, tem vários corretores e é muito relativo. Eu sempre dou um foco maior nisso, quanto mais escrevo, mais tenho que aperfeiçoar para não ter erro nenhum”, contou
Apesar do auxílio dos pais, a adolescente tem uma rotina pesada e muitas vezes os programas com os amigos ficam sem espaço na agenda.
“A gente perde alguma coisa da juventude quando tem um filho muito jovem, eu tenho que cuidar do meu filho, a prioridade é ele. Tem coisas que meus pais me ajudam, eles ficam com ele duas vezes por mês para eu passear. Essa é a minha responsabilidade e eu tenho que fazer isso sozinha. Eles me apoiam para continuar estudando, sem eles eu nem estaria aqui”, contou.
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