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segunda-feira, 9 de março de 2015

FAZENDA URBANA EM BERLIM PRODUZ VEGETAIS E PEIXES EM LARGA ESCALA.

Foto: Clarissa Neher
Alemães desenvolveram técnica a partir de práticas antigas (Foto: Clarissa Neher)
Um grupo de empreendedores alemães desenvolveu uma série de técnicas para produzir em larga escala peixes, verduras e legumes em uma fazenda urbana na capital Berlim.
"A aquaponia, que combina a criação de peixes e a agricultura, é sistema antigo usado pelos astecas e chineses. O que nós fizemos foi profissionalizar a técnica para a produção comercial", disse à BBC Brasil Nicolas Leschke, um dos criadores do sistema de fazendas ECT.
A motivação inicial de Leschke e sua equipe foi o desenvolvimento de um meio de produção de alimentos em larga escala sustentável, que não necessitasse de tantos recursos e fosse menos poluente do que a agricultura tradicional.
A partir de maio, os moradores de Berlim poderão comprar os primeiros legumes produzidos no que poderá ser a maior fazenda aquapônica urbana da Europa.
Os peixes criados no local, no entanto, estarão à venda a partir de outubro. A estufa de 1,8 mil metros quadrados construída no bairro de Schöneberg, ao sul da capital alemã, tem capacidade de produzir anualmente cerca de 35 toneladas de vegetais e 25 toneladas de peixe.

Água da chuva

Um dos diferenciais da fazenda ECT o é aproveitamento da água da chuva, que corresponde a cerca de 70% do total desse recurso utilizado no sistema. Além disso, esse uso é totalmente sustentável.
Foto: Clarissa Neher
Água da criação dos peixes é rica em nutrientes e é reaproveitada em outros setores da fazenda (Foto: Clarissa Neher)
A água da criação de peixes é enriquecida naturalmente pelos resíduos produzidos pelos animais. Essa água rica em nutrientes, por sua vez, é usada na irrigação das plantas. O CO2 gerado na criação dos peixes também é "reciclado". Ao ser direcionado para a estufa, ele age com um fertilizante adicional para os legumes e vegetais.
Outra grande vantagem da fazenda urbana é a proximidade do consumidor.
"Por estarmos no meio da cidade não temos mais custos com transporte e nossos alimentos chegam mais frescos aos clientes", diz Robert Dietrich, um dos "farmerboys", como são chamados os funcionários do local.
Cerca de cinco funcionários são necessários para tocar a fazenda, que combina o uso de um sistema computadorizado para irrigação e controle de temperatura com a plantação manual das mudas.
Atualmente estão sendo produzidos no local tomate, pepino, pimentão, berinjela, diversos tipos de salada, temperos e os chamados microgreens – pequenos vegetais ricos em nutrientes. O sistema, no entanto, pode produzir cerca de 400 espécies de plantas.

Inauguração lotada

Foto: Clarissa Neher
Inauguração da fazenda e mercado atraiu público variado (Foto: Clarissa Neher)
Foto: Clarissa Neher
Cada caixa com legumes e verduras custa 15 euros e é entregue no mercado (Foto: Clarissa Neher)
A fazenda e o mercado foram inaugurados nesta sexta-feira (06/03). O evento atraiu pessoas de todas as idades. Alguns estavam apenas curiosos em conhecer o sistema de produção, como o empresário no ramo da jardinagem Michel Steinland.
"Eu vim aqui profissionalmente para conhecer o projeto que uniu de forma perfeita dois campos distintos em um design moderno. Há várias iniciativas parecidas, mas focadas na pesquisa e não voltadas para a produção comercial como aqui", diz Steinland.
A inauguração também atraiu potenciais clientes. Os produtos, no entanto, não serão comercializados avulsos como nos mercados e feiras tradicionais. Os consumidores precisam fazer uma assinatura para receber semanalmente uma caixa com diversos legumes e vegetais colhidos no local. Sua composição varia conforme a colheita.
Cada caixa custa 15 euros (pouco mais de R$ 50) e é entregue no mercado ao lado da estufa. A fazenda tem capacidade de produção inicial de 300 caixas por semana. Já os peixes serão retirados dos tanques de acordo com a demanda.
Kathrin Hoffmann que foi conhecer o projeto aprovou essa forma de agricultura e criação de peixes e pretende apoiar a iniciativa.
"Os alimentos produzidos aqui são relativamente caros, mas de vez enquanto, para ocasiões especiais, dá para comprar a caixa de legumes e verduras", afirma.
Foto: Clarissa Neher
Tudo o que é produzido na fazenda é vendido no mercado, logo ao lado da estufa (Foto: Clarissa Neher)
Foto: Clarissa Neher
Kathrin Hoffmann diz que vai apoiar iniciativa, mas acha produtos 'relativamente caros' (Foto: Clarissa Neher)
Os produtos comercializados são orgânicos, inclusive os peixes que são alimentados apenas com ração orgânica. Além disso, não são utilizados pesticidas e fertilizantes químicos na produção dos vegetais.
A empresa ECT foi criada em 2012 e usou um container como protótipo para desenvolver a técnica aplicada na fazenda. A construção da estufa levou seis meses e custou mais de 1 milhão de euros (cerca de R$ 3,3 milhões). O projeto foi financiado por um fundo de capitais e um investidor privado.
Uma segunda fazenda ECT já está sendo construída na Suíça.
Fonte:BBC Brasil

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