Presidente fez um discurso em defesa dos direitos e do protagonismo das mulheres aprovando a lei que coloca o feminicídio na lista de crimes hediondos e o classifica AGÊNCIA BRASIL
''Meter a colher nesse caso não é invadir a privacidade, é garantir padrões morais, éticos e democráticos. Quem souber de casos de violência deve denunciar'', afirmou
Na solenidade em que sancionou, na tarde desta segunda-feira, 9, a lei que coloca o feminicídiona lista de crimes hediondos e o classifica como homicídio qualificado, a presidenta Dilma Rousseff fez um discurso em defesa dos direitos e do protagonismo das mulheres.
Ao citar outros tipos de discriminação, como a racial e a contra homossexuais, Dilma disse que os casos de violência contra qualquer minoria têm origem na intolerância e preconceito das pessoas, e pediu a colaboração de todos no combate à violência.
“Eu proponho que todas as mulheres desmintam o velho ditado de que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Nós achamos que se mete a colher sim, principalmente se resultar em assassinato”, defendeu a presidenta, acrescentando que parentes e amigos não devem se omitir em situações como essa.
“Meter a colher nesse caso não é invadir a privacidade, é garantir padrões morais, éticos e democráticos. Quem souber de casos de violência deve denunciar”, afirmou. Segundo ela, ações nesse sentido podem salvar a vida de uma mulher.
Ao calcular que 500 mil mulheres são vítimas de estupro por ano, a presidenta destacou que 10% dos casos chegam às autoridades policiais porque “as mulheres que sofrem, muitas vezes têm medo e vergonha de denunciar”.
Integrantes da Via Campesina, do Movimento das Mulheres Camponesas, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e do Movimento Brasileiro dos Sem Terra foram ao evento, no Palácio do Planalto.
Antes da cerimônia, e quando Dilma foi anunciada, os presentes gritaram palavras de ordem pela reforma agrária e de apoio à sanção da lei. “Na sociedade que a gente quer, basta de violência contra mulher”.
De acordo com a ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, os números que comprovam que a maioria das mortes violentas de mulheres ocorrem nas próprias residências.
“É no âmbito doméstico, nas relações privadas e mais íntimas que a violência tem sido cometida. Via de regra [a violência é cometida por quem mantém ou mantinha relação de afeto com a mulher”, afirmou.
O projeto de lei, aprovado na semana passada pelo Congresso Nacional, foi elaborado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência contra a Mulher. O texto modifica o Código Penal para incluir o crime – assassinato contra a mulher por razões da condição de sexo feminino – entre os tipos de homicídio qualificado.
A lei considera como razões de condição de sexo feminino violência doméstica e familiar, o menosprezo ou a discriminação contra a condição de mulher.
Agência Brasil
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