Hemorragia, infecções puerperais e eclâmpsia despontam entre as causas de problemas na hora de dar à luz
Uma questão delicada e importante para o bem-estar da mulher e da família ainda tem preocupado o Ceará: o número de óbitos maternos. No Estado, entre 1998 e 2012, foram registrados 1.751 mortes, com uma média anual de 117 óbitos e cerca de dez mortes por mês.
Entre 1998 e 2012, foram registrados 1.751 óbitos, uma média anual de 117. De 2005 a 2011, caiu 23,3% no Ceará a Razão da Mortalidade Materna (RMM), mas em 2012, as mortes voltaram a preocupar FOTO: WALESKA SANTIAGO
Embora entre os anos de 2005 e 2011, o Ceará tenha apresentado um decréscimo na Razão da Mortalidade Materna (RMM) de 23,3%, passando de 88 para 67 óbitos por 100 mil nascidos vivos, em 2012, o número de óbitos voltou a preocupar. Só no passado, 114 mulheres morreram devido a complicações no parto, a maioria delas em Fortaleza, 19 no total. Caucaia, Sobral, Icó, Amontada, Aracati, Juazeiro do Norte e Itapipoca estão entre os 20 municípios com óbitos registrados.
Os dados são da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). A Razão da Mortalidade Materna é utilizada como indicador de pobreza, iniquidade social, da cobertura e qualidade da atenção médico-sanitária da população.
O maior risco de óbito por causa materna está na população acima de 30 anos, com destaque para aquelas mulheres entre 45 e 49 anos, com 638,8 óbitos por 100.000 nascidos vivos. Entre os fatores principais das mortes, causas obstétricas diretas, com 426 óbitos (54,2%). Entre elas, a Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG) com 179 (42,3%) óbitos no período, seguido da hemorragia antes e após parto, com 101 óbitos (23,9%).
Há também as mortes resultantes de doenças pré-existentes ou que se desenvolvem durante a gestação e agravadas por outros aspectos, a exemplo de problemas circulatórios e respiratórios somaram 254 óbitos maternos (33,6%) no período de 2005 a 2011. Entretanto, todas as causas citadas acima podem ser evitadas em 98%.
As complicações do trabalho de parto e do parto, assim como das infecções puerperais representam 7,3% dos óbitos, com 31 mortes, ainda entre 2005 e 2011. A questão da criminalização do aborto contribui para agravar o problema, já que muitas mulheres realizam a interrupção da gravidez em condições precárias de assistência. Em 2011, o aborto foi responsável por 3,6 % das mortes.
Problema nacional
De acordo com a Sesa, o resultado não seria tão agravante se a atenção ao ciclo gravídico-puerperal fosse mais rígido e de qualidade a partir do pré-natal. O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde, o médico Manoel Fônseca, admite ser elevada a morte materna no Estado, mas adianta: "este é um problema do País". Para ele, três fatores são preponderantes: a hemorragia antes, durante e depois do parto, a eclâmpsia e a infecção puerperal. "O aborto viria em quarto lugar", citou.
Manoel Fonseca informa que no Interior cearense, por falta de um obstetra, às vezes o clínico é quem atende a mulher na hora de dar à luz. Também cita como um agravante a escassez de leitos em Fortaleza ou a lotação nas unidades de referência como a Maternidade Escola Assis Chateaubriand, o Hospital César Cals e Hospital Geral de Fortaleza. O médico citou, ainda, que a falta de padronização em condutas profissionais também podem trazer complicações no parto.
O próprio índice de cesária no Ceará - de 40 a 50% - já é motivo mais que suficiente de preocupação, alertou. "A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera aceitável de 10 a 15%", disse. "Uma melhor assistência no pré-natal, parto humanizado e redução da cesária são medidas fundamentais".
O Ministério da Saúde registrou, de 1990 a 2010, redução das mortes maternas (50%). Por outro lado, a 5ª meta do milênio das Nações Unidas estabelece taxa de 35 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos até 2015. Para alcançá-la, o Brasil precisa reduzir a taxa atual de 68 óbitos por 100 mil nascidos vivos em 2010 pela metade.
As Normas Técnicas de Atenção Humanizada do pré-natal e puerpério, elaboradas pelo Governo Federal, recomendam que sejam feitas no mínimo seis consultas de pré-natal a partir do primeiro trimestre de gravidez. Em 2010, o número de mortalidade materna no Brasil foi de 68 óbitos por 100 mil nascidos vivos sendo considerada alta.
A OMS considera aceitável o índice de 20 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos, entre 20 e 49 mortes, o índice é considerado médio, entre 50 e 149 mortes é alto e, acima de 150, muito alto.fonte:Diário do Nordeste/jardim das oliveiras blo
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