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segunda-feira, 7 de abril de 2014

EXPULSOS DO 'MINHA CASA MINHA VIDA' POR MILÍCIA NO RIO DE JANEIRO DENUNCIAM MORTES.


Criminosos invadem e vendem casas do programa em Campo Grande.
'Quando querem brincar, matam a pessoa na marreta', relata vítima.

Do G1 Rio/jocc

Famílias beneficiadas pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal, denunciaram ameaças e assassinatos comandados por milicianos em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, como mostrou o RJTV. Beneficiados pelo programa que receberam um imóvel no bairro foram expulsos de residências em um condomínio na Estrada dos Caboclos. Os criminosos matam com armas de fogo quem não obedece à ordem de deixar a casa.

Após a retirada dos moradores, os criminosos colocam as residências à venda na internet. Segundo denúncias, eles fazem ameaças aos residentes quando o dono não paga taxas cobradas pela milícia.
Duas famílias precisaram caminhar mais de 30 quilômetros e foram morar de favor em uma casa pequena e simples, de local não revelado. Elas deixaram para trás pertences pessoais, inclusive, um carro. “Lá tem fuzil, lá tem pistola, porrete e marreta. Quando eles querem brincar, matam a pessoa na marreta”, disse uma mulher, sem se identificar. Ela comprou uma casa das mãos da milícia e foi expulsa com a família. O filho tentou defendê-la e acabou morto.
A reportagem do RJTV ligou para um dos anúncios dos milicianos, exposto na internet. Os avisos cobram ainda taxas de água, luz e gás, que chegam a até R$ 500.
“Ali pagamento só à vista, tá? O imóvel tá em 52 mil reais. A pessoa vai levar um documento que está comprando, né? Um contrato, que está comprando, a pessoa vendendo, vai assinar comprador e vendedor, a pessoa vai ter todos os documentos originais do imóvel, tá?”, disse um homem, que atendeu a ligação.
Após o telefonema, a reportagem foi até a sede da imobiliária, mas não havia ninguém. Em novo contato telefônico, foi revelado que se tratava de uma reportagem e a resposta mudou. “Aquilo foi um equívoco, o que acontece, eu tinha um corretor lá, ele pegou esse imóvel, como são muitos imóveis que entram, eu vi que esse imóvel entrou, mas esse imóvel não está na imobiliária”, disse o homem.
Em 2011, uma operação da polícia expulsou milicianos deste mesmo condomínio. Mas, segundo moradores, a milícia voltou logo depois.
“Vamos fazer outra operação lá? Vamos fazer. Não tenha dúvida. Mas, se o transporte lá não melhorar, ou se as outras condições de luz, de entrega de gás também não acontecerem, alguém vai ocupar essa lacuna, a falha, e se locupletar com esse serviço que não tá sendo feito de uma maneira bem feita”, disse o secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame.
Reunião
Segundo o Ministério das Cidades, nesta semana haverá uma reunião para tratar das invasões da milícia. "Nela será assinada uma portaria interministerial convidando outros órgãos, as prefeituras, as polícia locais, começando pelo Rio de Janeiro, pra que a gente possa efetivamente dar esse trabalho e dar essa resposta, essa satisfação à sociedade", declarou o ministro Gilberto Occhi.
O ministro informou que a Caixa Econômica possui um número de telefone para denúncias de irregularidades: 0800-721-6268. Neste número, já foram atendidas 256 mil pessoas.
Golpe
Por lei, a Prefeitura faz o cadastro e a Caixa Econômica Federal verifica quem está dentro do perfil exigido pelo programa. Pelo menos 50 famílias do condomínio Aires, no Senador Camará, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, caíram em um golpe em 2012.
"Começaram uns intermediários no local dizendo que se a gente pagasse R$ 5 mil, R$ 6 mil, teria pessoas da própria prefeitura que iriam agilizar a documentação pra gente ser premiado primeiro. O nome dele era Bruno. Ele era funcionário da Secretaria de Habitação", denunciou uma moradora que não quis se identificar.
Quando perceberam que foram enganados, os moradores se reuniram com representantes da Prefeitura do Rio, em janeiro de 2013, depois que Jorge Bittar deixou a secretaria e reassumiu o cargo de deputado federal. Um vídeo mostra o então subprefeito Edson Luiz Menezes admitindo o problema.
"Teoricamente vocês compraram um apartamento de uma pessoa que realmente fazia parte daquela gestão da prefeitura", declarou Edson. Estas famílias já estão recebendo ordem de despejo.

"Elas imaginam que elas entraram regularmente nos imóveis, inclusive desembolsaram quantias que pra elas são economias de uma vida inteira. Como uma pessoa dessa é invasora? Essa pessoa é uma vítima", questionou o defensor público.
Apontado pelos moradores como funcionário da Secretaria de Habitação que cobrava dinheiro para entregar as chaves da casa, Bruno, que não quis revelar o sobrenome, negou ter recebido quantias dos moradores e declarou que elas são invasoras do condomínio.
Em nota, o ex-secretário de Habitação do Rio, Jorge Bittar, afirma que Bruno foi um funcionário dedicado e correto e, por isso, hoje faz parte da equipe de Bittar, que é deputado federal.
A Polícia Civil informou que a Delegacia de Defraudações (Ddef) vai convocar os envolvidos no caso para prestarem depoimento.
"A Prefeitura não vê nenhuma conivência de servidores nossos com milicianos ou qualquer pessoa que possa estar fazendo algo de irregular. Esse Bruno, que seria um prestador de serviços, ele já não atua na prefeitura desde o final de 2012 ", explicou Fernando dos Santos Dionísio, procurador-geral do município.https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=3926392783764741131#editor/target=post;postID=7539106691123056257

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