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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A QUEDA DO IMPÉRIO DE SARNEY.


Com o título “Maranhão em Transe”, eis artigo de Rodrigo Cardoso, aluno do Curso de Direito da Unifor. Ele aborda a trajetória e a derrocada da Família Sarney. Confira:


José Sarney é imortal, da Academia Brasileira de Letras, apesar de ser um escritor medíocre. Para variar, ele necessita que a embaixada brasileira compre seus livros na Alemanha para que os mesmos sejam editados por lá. Mas, talvez, a sua melhor obra seja a própria biografia política, pois ela personifica a maioria dos políticos brasileiros atuais. A biografia de Sarney será para a posteridade a nossa “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre, pois irá traduzir para os nossos netos como é a política nos dias de hoje. 

José Sarney iniciou sua vida pública como deputado federal pelo Maranhão, depois de “roubar” o nome do seu pai. O jovem desconhecido Ribamar se transformou em Zé do Sarney para ser eleito. O jovem deputado fez parte da Banda de Música da UDN no início da década de 1960 – um grupo de jovens deputados “progressistas”, que tentavam reformular o partido, mas não teve grande êxito nessa empreitada. 

Sarney conseguiu crescer mesmo na sua carreira política após o Golpe Civil-Militar de 1964, apoiando Castelo Branco e os demais governantes que se seguiram, características pelas quais ficaria famoso. Sarney, ao contrario de Che Guevara que dizia “se hay gobierno soy contra”, prefere adotar “se há governo estou dentro”. Essa característica seria fundamental para o prócer maranhense se tornar governador do pobre estado do Maranhão em 1965. Mais ainda: para ser, tempos depois, o principal fiador no Congresso Nacional de todos os governos na “Nova República” e ser eleito quatro vezes presidente do Senado Federal. 

O Maranhão foi comandado pela herdeira política de Sarney; sua filha, Roseana Sarney, que estava à frente do Estado pela quarta vez. O Maranhão enfrenta talvez sua maior crise na história: contas a pagar, crises na segurança pública, uma barbárie que foi exposta ao vivo nas televisões de todo o país. A crise chegou ao seu apogeu quando na prisão de Pedrinhas, partiu a ordem para que bandidos atacassem ônibus em circulação na cidade em represália à entrada da Polícia Militar na cadeia, depois de mais uma rebelião sangrenta. O estado do Maranhão era um feudo comandado pelo senador José Sarney. O estado vive agora em intensa ebulição, pois neste ano acabou a dinastia da família Sarney.  

Antes do fim da Era Sarney, o governo do Maranhão comandado por aliados do senador, renovaram, nos últimos dois meses, 172 convênios com prefeituras. Praticamente todas as administrações beneficiadas são governadas pelos aliados do grupo político de Sarney. A gestão de Roseana Sarney deixa ainda um rombo de ao menos 641 milhões de reais nos cofres do governo do Maranhão. O valor ainda é preliminar e foi calculado pela equipe do governador recém-empossado Flavio Dino (PCdoB-MA) a partir das primeiras análises das contas públicas. 

A história brasileira é peculiar, pois foi o Partido Comunista do Brasil que acabou a “ditadura” do Sarney, ao eleger o primeiro governador da história do partido – logo no estado em que uma oligarquia se perpetuava a mais de 50 anos. O governador Flavio Dino promete dar um banho de capitalismo e democracia no estado. 

O Maranhão foi retratado em um documentário de Glauber Rocha em 1966, que o produziu a pedido do então jovem governador eleito José Sarney. Durante esses quase 50 anos de domínio, o Brasil passou por diversas transformações, mas o Maranhão quase nada mudou. 

O cineasta Glauber Rocha que usou o documentário Maranhão 66 para produzir Terra em Transe, sua principal obra cinematográfica, poderia fazer um grande filme sobre o fim da dinastia Sarney no Maranhão, caso estivesse vivo, pois teria a sua disposição diversos equipamentos ultramodernos. Porém, o seu filme teria a mesma matéria prima do de 1966, ou seja, a pobreza dos maranhenses, claro aqueles que não são apadrinhados ou da família Sarney.

Rodrigo Cardoso,
Aluno do Curso de Direito da Unifor.

Via Blog do Eliomar

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