PROBLEMAS PREOCUPAM TRADE TURÍSTICO DO CEARÁ.

jERICOACOARA

fonte:dr/tn

Reportagem do Diário do Nordeste mostrou a insegurança e a poluição em uma das praias mais bonitas do Brasil

População e empresários criticam a falta de ações para preservar o local

FOTO: NATINHO RODRIGUES

Fortaleza A situação de descaso em relação a aspectos como segurança pública e gestão de resíduos sólidos em Jericoacoara, retratada em reportagem do Diário do Nordeste da última sexta-feira (16), trouxe à tona um lado ainda desconhecido da praia que está entre as mais belas e visitadas do Brasil. Além dos próprios moradores do distrito de Jijoca, no litoral cearense, os problemas impactam, em especial, o trade turístico do Estado. Diante de possíveis prejuízos para o setor, empresários veem o quadro como preocupante.

Darlan Teixeira Leite, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis no Ceará (ABIH-CE), afirma que o cenário merece atenção do poder público. "Não se faz turismo com insegurança e sujeira. Essa é a atividade mais importante para a economia do Estado, então deveria ser prioridade do governo e da Prefeitura do município. Os reflexos dessa situação são imediatos, há uma retração do mercado. Por isso, temos que fazer uma força-tarefa e buscar solução para os turistas e para nós, cearenses", destaca.

Violência

Para José Walder Lins, presidente da Associação de Meios de Hospedagem e Turismo do Ceará (AMHT), a insegurança pública é problema recorrente em todo o litoral cearense, o que tem prejudicado a imagem do Estado no restante do País e no exterior. Em sua visão, a morte da turista italiana Gaia Molinari, no mês passado, pode ter sido um caso pontual em Jericoacoara, mas os relatos de violência na orla da Capital e nas praias da Região Metropolitana, por exemplo, evidenciam a ausência de ações do poder público.

"Em termos de Turismo, esse é o ponto mais frágil do Estado e que deve ser trabalhado pelo novo Governo. Vemos hóspedes e turistas que voltam com má impressão do Ceará por conta disso. Está prejudicando a imagem que levamos 20 anos para tentar construir, com muito esforço dos empresários e grandes investimentos. Por causa desse problema, corremos o risco de perder", lamenta Lins.

Debate

Nas redes sociais e no site do Diário do Nordeste, leitores também criticaram o quadro de negligência em que o distrito de Jijoca se encontra e solicitaram providências.

"A delegacia responsável, que, por sinal, fica distante do local, funciona só de segunda à quinta. Pode um negócio desse, se as ocorrências acontecem mais aos finais de semana?", questiona um internauta.

Outro ponto de debate foi o problema de recolhimento de lixo no local. A praia, que produz cerca de 80 toneladas de resíduos por dia no período de alta estação, sofre com a coleta irregular e a gestão do lixo. "Soma-se a isso tudo, o descaso com o esgotamento sanitário, deixando os mananciais do lugar com altos níveis de nitrato", afirma um leitor.

"Com a chegada dos visitantes, os problemas ambientais também aumentam, especialmente quando o assunto é a produção de lixo. O turismo de praia é um grande gerador e isso se reflete na degradação da paisagem e no crescimento dos riscos de transmissão de doenças a moradores e turistas", ressalta Gemmelle Santos, professor de Gestão Ambiental do Instituto Federal do Ceará (IFCE).

Campanhas

Para o docente, a administração pública local precisa pensar em estratégias para a realização efetiva dos serviços de limpeza, em especial nas épocas de maior concentração de turistas. "A coleta nos locais mais procurados deve ser diária e não em dia alternados, como às vezes ocorre. Os municípios devem também desenvolver campanhas educativas com os visitantes para orientá-los quanto aos cuidados com o lixo por eles produzido".