Policia efetuou prisões em Camocim.
Grupo era beneficiado por liminares concedidas durante os plantões do TJCE
A Polícia Federal desarticulou uma quadrilha especializada no tráfico internacional de drogas, com ramificação em cinco países, que era comandada a partir do Ceará. Ao todo, 26 pessoas foram presas, na manhã de ontem. Entre eles estão empresários de diversos setores. Apenas cinco estavam no Rio Grande do Norte. Todo o restante do grupo foi capturado nos municípios cearenses de Caucaia, Trairi, Camocim e Tianguá, além de Fortaleza.
As investigações revelaram que a quadrilha agia com o suporte de desembargadores do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), que beneficiavam membros do grupo que eram presos com liminares vendidas por R$ 150 mil.
De acordo com o superintendente da PF no Ceará, delegado Renato Casarini Muzy, com a soltura de alguns deles, a PF obteve informações sobre a venda de liminares no TJCE, dando início à Operação Expresso 150, que resultou na investigação de quatro desembargadores e dez advogados e na aposentadoria compulsória de um juiz. “Trata-se de um grupo acostumado a corromper policiais e servidores públicos, pagando diversas quantias em dinheiro para obter benefícios”, disse o delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Janderlyer Gomes.
Segundo a PF, a organização criminosa era bastante articulada e tinha ramificações na Bolívia e no Paraguai, onde a droga era adquirida, e na Europa (Portugal e Itália), para onde a cocaína era enviada, camuflada em garrafas de cachaça. Cinquenta quilos da droga foram apreendidas no Aeroporto Internacional Pinto Martins.
Núcleos de atuação
A quadrilha atuava em cinco núcleos distintos, dedicados ao tráfico internacional, interestadual, transporte, compra de produtos químicos e lavagem de dinheiro. Cada um movimentava, aproximadamente, R$ 1 milhão por mês, segundo a Polícia.
As medidas judiciais incluíam 15 mandados de prisão preventiva, 13 mandados de prisão temporária, 22 mandados de condução coercitiva e 51 mandados de busca e apreensão, além do sequestro de bens (móveis e imóveis) e bloqueio de contas de 118 pessoas físicas e jurídicas.
Saiba mais
Megaoperação foi batizada de Cardume em referência à lavagem de dinheiro através da piscicultura. Desde 2013, cerca 30 pessoas foram presas. Foram apreendidas mais de uma tonelada de cocaína, 21 kg de maconha, 300 kg de substâncias químicas para refino de cocaína e R$ 474,4 mil. Três laboratórios de drogas foram fechados: dois em Fortaleza e um em Setúbal (Portugal).
A Cardume é considerada pela PF como a maior ação de combate ao tráfico no Estado desde 2012, quando a Operação Corumbatu resultou na condenação de quatro membros de outra quadrilha internacional.
Ações ocorreram em Natal, Macaíba, Acari e Mossoró (RN); Cuiabá, Chapada dos Guimarães e Pontes e Lacerda (MG); Corumbá e Mundo Novo (MS); São Paulo e São Bernardo do Campo (SP); Governador Valadares (MG); Foz do Iguaçu (PR); Bagé (RS); e 19 municípios cearenses.
O POVO
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