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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CRONOLOGIA EXPLICA EM DETALHES COMO ACONTECEU O DESASTRE EM SANTA MARIA-RS.



Entrada da boate Kiss em Santa Maria, no Rio Grande do Sul
Entrada da boate Kiss em Santa Maria, no Rio Grande do Sul
 - Zero Hora – O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.
1) 23h de sábado
Em uma noite de céu claro e temperatura amena, na faixa de 17°C, tem início a festa que resultaria na maior tragédia da história gaúcha. Durante as oito horas e meia seguintes, até a chegada do primeiro caminhão carregado de corpos ao Centro Desportivo Municipal (CDM) de Santa Maria, cerca de 1,5 mil participantes do evento na boate Kiss, amigos, familiares e autoridades seriam envolvidos em um turbilhão de eventos trágicos. Boa parte dos frequentadores que chegam ao local são estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) de cursos como Agronomia, Zootecnia e Medicina Veterinária. Duas bandas e três DJs têm a incumbência de animar os alunos e o restante da clientela, que reúne ainda duas festas de aniversário.

2) 0h15min de domingo
O personal trainer Ezequiel Lovato Corte Real, 23 anos, passa pela frente da boate. Não planeja entrar, mas reconhece alguns ex-colegas da UFSM, onde estudara. A fila diante da entrada é um indício de que a festa atrai um grande número de interessados, quase todos na faixa entre 18 e 30 anos. Aos poucos, vai encontrando outros amigos e decide ficar na boate para bater papo e relembrar os tempos da faculdade. A primeira banda a se apresentar, a Pimenta e Seus Comparsas, já faz seu show. Pouco tempo depois, como quase não há espaço para se mexer no corredor, resolvem rumar para a pista e assistir ao show do grupo Gurizada Fandangueira.
3) 3h15min
Enquanto o grupo Gurizada Fandangueira entoa a música Amor de Chocolate, do cantor Naldo, o grupo de amigos da UFSM observa quando uma fagulha vinda do palco alcança o teto e transforma a espuma antirruído em uma nuvem de fumaça negra. Tem início um empurra-empurra em direção à saída. O temor se transforma em pânico quando o fogo se alastra pelo teto. Pedaços de plástico derretido começam a pingar sobre a multidão, que passa a gritar de horror.
Clientes desesperados tentam forçar a saída. Depois de uma resistência inicial dos seguranças, a saída é liberada. Porém, logo surge outro problema: a onda humana acaba trazendo de arrasto uma mesa em direção à porta, o que deixa ainda mais difícil escapar do local. Alguém abre a porta do banheiro em busca de uma saída secundária. Uma leve luz se projeta do interior do banheiro em meio à escuridão, o que atrai a atenção dos jovens desesperados. Uma reação em cadeia leva dezenas deles à peça sem saída, e a pressão da multidão impede que quem entrou consiga voltar. Uma pilha de corpos humanos começa a se formar.
4) 3h16min
Separado dos amigos da UFSM, o personal trainer Ezequiel Corte Real cruza pela área VIP, um pouco mais elevada em relação ao chão da boate, em um atalho rumo à saída. Na luta para sobreviver, passa sobre algumas pessoas que se amontoam junto à saída da boate, desorientadas e afetadas demais pela fumaça para dar o último passo que as salvaria da morte. Percebe que duas mulheres se debatem abaixo dele. Com peso na consciência, volta e começa a retirar pessoas de dentro.
5) 3h19min
O telefone toca no Corpo de Bombeiros de Santa Maria. A nota número 83 preenchida pelo sargento de plantão diz o seguinte: “Fogo em boate. Ocorrência de vulto”. Marca 3h20min como horário de saída de dois carros de combate a incêndio, mesmo horário em que a cliente Michele Cardoso dispara uma mensagem pelo Facebook: “Incêndio na KISS socorro”.
Os bombeiros chegam ao local às 3h23min e iniciam o trabalho de combate ao fogo e resgate das vítimas. Já há gente morta a apenas um metro da porta de saída. Muitos apresentam marcas de pisoteio em braços, pernas e rosto. Frequentadores abrem um rombo na parede com picaretas para tentar aumentar o nível de oxigênio no interior e criar uma nova possibilidade de resgate — o que não ocorre.
6) 3h30min
As autoridades começam a ser alertadas sobre o drama em andamento. Um assessor do prefeito Cezar Schirmer, Rogério Assis Brasil, morador das proximidades da boate, telefona para ele:
— Prefeito, está havendo algum problema. Estou vendo fumaça e tem gente na rua falando em um incêndio.
Nesse momento, corpos já começam a ser dispostos sobre a calçada e em um estacionamento próximo de um supermercado. Viaturas da BM, carros particulares e ambulâncias levam os primeiros feridos para os hospitais mais próximos, como o Caridade.
7) 5h
Quando já não há mais esperança de sobreviventes no interior da boate, o governador Tarso Genro é avisado pelo secretário estadual da Segurança, Airton Michels, de que um incêndio havia deixado vários mortos em Santa Maria. Até aquele momento, porém, acreditava-se que poderiam chegar a poucas dezenas. Mais tarde, por volta das 9h, enquanto o governador aguardava o retorno do avião King Air para visitar a cidade (que havia voado levando peritos para Santa Maria), receberia a primeira ligação da presidente Dilma Rousseff, que se encontrava no Chile. No quarto dos cinco telefonemas trocados, quando já estava clara a dimensão do desastre, ela iria revelar:
— Vou a Santa Maria.
8) 7h10min
Os corpos das primeiras 67 vítimas são carregados no caminhão-baú da Brigada Militar que faria a primeira das quatro viagens fúnebres ao ginásio municipal de Santa Maria. Os mortos são empilhados, e o caminhão parte rumo ao CDM. Chega lá por volta das 7h30min, quando os corpos começam a ser dispostos no chão, separados entre homens e mulheres. Muitos celulares ainda não haviam parado de tocar desde a retirada da Kiss, traduzindo a ansiedade dos familiares dos mortos por notícias.
— Os celulares seguiam tocando, mas não tínhamos autorização de atender. Às vezes, quando dava tempo, apenas nos encostávamos em um canto para chorar — revela a enfermeira do município Maria Lúcia Prestes.
Nessa hora, o Grande do Sul já chorava junto a Maria Lúcia.fonte:Diario do estado/camocim belo mar blog

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