No Pacaembu, time de Itu faz 1 a 0 com gol de ex-corintiano e estraga festa verde. Kardec lesionado e 'presente' para Kleina compõem drama
Tudo o que poderia prejudicar o Palmeiras na noite deste domingo prejudicou. O Ituano, que nada tem a ver com o drama alviverde, conseguiu uma vitória histórica, por 1 a 0, no Pacaembu, e assegurou uma vaga na final do Campeonato Paulista. Vai enfrentar o Santos nos próximos dois domingos - a Federação Paulista de Futebol define os locais nesta segunda-feira. Ironia ou não, o gol responsável por eliminar o Verdão na primeira chance de título de seu centenário foi de um ex-corintiano: Marcelinho, atacante, campeão da Copa São Paulo em 2009 pelo maior rival palmeirense.
O Ituano, agora, tem a chance de buscar seu segundo título paulista após campanha histórica. Com a melhor defesa do campeonato (dez gols sofridos na primeira fase), o Galo quer repetir a façanha de 2002, em uma edição que não tinha os quatro maiores clubes do estado, que disputaram uma versão turbinada Torneio Rio-São Paulo.
Ao Palmeiras, resta juntar os cacos na primeira frustração de seu centenário. A festa tinha tudo para ser alviverde no Pacaembu, que recebeu o maior público do campeonato (29.166 pagantes). O clube comemorava o aniversário do técnico Gilson Kleina e não perdia no estádio desde o ano passado – a última derrota foi para o Tijuana, na Libertadores. Terminou o jogo sem Alan Kardec e Fernando Prass, machucados, com Valdivia e Bruno César jogando no sacríficio e sem a vaga na decisão estadual.
Agora, restou a Copa do Brasil. Quarta-feira o Verdão enfrenta o Vilhena, no Pacaembu, no jogo de volta da primeira fase. Como venceu em Rondônia, por 1 a 0, o Alviverde joga pelo empate.
Difícil com o artilheiro, pior sem ele
O Palmeiras entrou em campo sem Valdivia, que não estava 100% e começou no banco. Enfrentou a melhor defesa do campeonato. E pior: perdeu seu principal jogador ainda no primeiro tempo. A batalha no Pacaembu teve seus primeiros 45 minutos duros, com muita marcação do Ituano, lances mais fortes e duas entradas que tiraram do jogo o atacante Alan Kardec, artilheiro do Paulistão com nove gols.
Desde o início, o Verdão percebeu que o Ituano não era o Bragantino, vencido no mesmo Pacaembu, nas quartas de final, com controle total da partida. Era preciso ter paciência para rodar a bola de um lado ao outro, trocar passes e tentar achar uma brecha no excelente esquema defensivo armado pelo técnico Doriva. Mendieta, substituto de Valdivia, teve seus bons momentos: bons passes para Leandro e Wesley, mas ambos pararam no goleiro Vagner, um dos detaques da partida.
O Ituano atacou pouco e só exigiu uma defesa de Fernando Prass, em chute de Rafael Silva. Seu jogo era tirar qualquer espaço do meio-campo palmeirense, não importava a maneira. Foram 11 faltas cometidas no primeiro tempo – todas muito duras. Em duas delas, o zagueiro Alemão atingiu Alan Kardec. Na primeira, o atacante voltou, mancando. Na segunda, não deu mais. A arbitragem vacilou: nem deu cartão amarelo para o defensor do Ituano.
Chorando no banco de reservas, Kardec viu Vinícius entrar e o Palmeiras perder muito poder ofensivo. O Pacaembu lotado não escondeu a apreensão após o apito final da primeira etapa. O Ituano exagerou em algumas pancadas e tirou de campo o jogador que poderia ser mais decisivo na semifinal.
Sufoco até o fim
O artilheiro saiu no fim do primeiro tempo, e o paredão nem voltou do intervalo. Com dores no tornozelo, Fernando Prass teve de ser substituído por Bruno. Apenas mais uma pitada de drama na noite alviverde.
O Verdão começou a achar espaços na defesa do Ituano, mais cansada, e exigiu muito do ótimo goleiro Vagner. Graças a ele, o time de Itu segurou o empate após cabeçada quase certeira de Marcelo Oliveira, logo aos 4 minutos. Do outro lado, Bruno também trabalhou e espalmou chute de Rafael Silva.
Nas arquibancadas, o retrato do nervosismo. Aos poucos, os palmeirenses começaram a chiar – a cada erro de passe, a cada contra-ataque dado ao Ituano. Vibração, mesmo, só quando Valdivia deixou o aquecimento, conversou com Gilson Kleina e entrou na vaga de Mendieta. Mesmo mancando e longe de seu ideal, o chileno deu o toque de criatividade que faltava à equipe.
O problema é que o Palmeiras “pregou”. De tanto correr e se esforçar para abrir espaços, foi o Verdão que deixou caminho livre para o Ituano atacar em velocidade. Os sinais foram dados aos poucos. Um chute errado, um passe mais longo... Quando o time de Doriva encaixou, conseguiu calar o Pacaembu. Em uma jogada bem desenhada, a bola sobrou para Marcelinho, aos 38 minutos, dar um "tapa" sem chances para Bruno.
O abafa no fim não adiantou. Sem qualquer organização, as bolas na área não surtiram efeito algum. Vagner segurou a bronca na defesa e ajudou a colocar o Ituano na final – 12 anos depois, o time do interior tem a chance de ser campeão paulista mais uma vez. Ao Palmeiras, restam Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro para salvar o centenário.
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