Quatro pessoas tinham reservas feitas mas não embarcaram no avião da Germanwings. O Fantástico localizou uma delas, no Brasil.
Quatro pessoas tinham reservas feitas mas não embarcaram no avião da Germanwings, que caiu nos Alpes franceses. O Fantástico localizou uma delas, no Brasil.
Uma passageira que tinha nas mãos o bilhete para o voo, desistiu, e agora só consegue pensar que nasceu de novo.
Ainda é assustador para Claudia lembrar que poderia ter embarcado no avião que seguia de Barcelona para Düsseldorf, e que nunca chegou ao destino final.
“Fiquei com um estado de choque muito grande. Senti-me muito feliz. E lá tomei consciência da minha segunda vida”, conta a empresária Claudia Alarcón,
Claudia é chilena e mora com a família em Barcelona. Ela veio a São Paulo para reuniões de trabalho. No começo da semana, voltaria para Barcelona e de lá pegaria o voo para Düsseldorf, para outros compromissos.
“Eram muitas viagens, então decidi que ao invés de voltar para a Europa, decidi ficar para curtir umas férias e descansar um pouco”, conta Claudia.
Cláudia tentou cancelar a passagem pela internet, não conseguiu. Na hora do acidente, ela conta que estava dormindo.
“Seis horas da manhã, 6h30, acordei-me bruscamente e depois deitei-me novamente, mas não entendi por quê. Aquela hora foi a mesma hora do acidente. Exatamente 10h30”, conta.
Encontramos Cláudia em São Paulo, ainda sob o impacto das emoções dos últimos dias: a dor pela tragédia e a felicidade de estar viva e poder voltar pra casa, ao encontro do marido e dos filhos, de sete e dois anos.
“Estou muito ansiosa para encontrar a minha família cada vez mais”, conta.
Pode ser um atraso, a antecipação de um voo ou até mesmo um cancelamento de última hora. São situações inesperadas que fizeram toda a diferença para quem escapou de tragédias aéreas.
Em setembro de 2006, Gelson Azevedo foi a Manaus dar uma palestra. Estava com a passagem marcada para voltar a Brasília na sexta-feira, no voo 1907 da Gol.
“A organização do congresso, já no aeroporto, me perguntou se eu poderia antecipar o horário da palestra, de 15h para as 10h. Eu disse puxa, mas com isso eu posso voltar na própria quinta”, destaca o juiz aposentado Gelson Azevedo.
Gelson antecipou a volta e trocou a passagem para um dia antes, e, sem saber, salvou a própria vida. O Boeing em que Gelson embarcaria foi atingido na asa por outro avião, um jato executivo Legacy, com seis pessoas a bordo. O Legacy seguia para os Estados Unidos e conseguiu pousar na Base Aérea do Cachimbo, no sul do Pará. O avião da Gol caiu no meio da Floresta Amazônica, em Mato Grosso, com 154 pessoas a bordo. Ninguém sobreviveu.
“Ainda me emociona a lembrança do que poderia ter acontecido comigo e o que aconteceu com os outros inocentemente lá”, conta o aposentado.
E o que dizer de um homem que sempre foi pontual, mas que um dia se atrasa? Em 31 de outubro de 96, o advogado Rubens Serra correu para embarcar no voo da TAM, que seguiria de São Paulo para o Rio de Janeiro.
Fantástico: Quando você chegou no balcão do check-in, o que falaram pra você?
Rubens Serra: Que eles já tinham iniciado o atendimento da lista de espera, e que eu tinha chegado 4 ou 5 minutos e que...
Fantástico: Atrasado....
Rubens Serra: É, que eu tinha chegado atrasado e que infelizmente não iam poder me atender, porque existia uma fila enorme de pessoas querendo embarcar para o Rio naquele dia, então eu fiquei fora do voo.
Fantástico: E qual foi a tua reação?
Rubens Serra: Eu fiquei muito bravo.
Rubens Serra: Que eles já tinham iniciado o atendimento da lista de espera, e que eu tinha chegado 4 ou 5 minutos e que...
Fantástico: Atrasado....
Rubens Serra: É, que eu tinha chegado atrasado e que infelizmente não iam poder me atender, porque existia uma fila enorme de pessoas querendo embarcar para o Rio naquele dia, então eu fiquei fora do voo.
Fantástico: E qual foi a tua reação?
Rubens Serra: Eu fiquei muito bravo.
Segundos depois de decolar do Aeroporto de Congonhas, o Fokker 100 da TAM caiu sobre um bairro residencial. Noventa e nove pessoas morreram.
Fantástico: Mas por que naquele dia você então se atrasou? Porque fez o contrário?
Rubens Serra: Eu dei uma parada no meu escritório, não me pergunte por quê. Não precisava parar.
Fantástico: Você nunca tinha feito isso?
Rubens Serra: Não. Nunca.
Rubens Serra: Eu dei uma parada no meu escritório, não me pergunte por quê. Não precisava parar.
Fantástico: Você nunca tinha feito isso?
Rubens Serra: Não. Nunca.
O atraso de Rubens fez com que alguém embarcasse no lugar dele.
Fantástico: Como você explica isso, Rubens? A que você atribui isso?
Rubens Serra: Deus. Deus, não tenha dúvida.
Rubens Serra: Deus. Deus, não tenha dúvida.
E esta não foi a única vez que Rubens escapou da morte. Em 2007, ele tinha um compromisso em Porto Alegre. A volta para São Paulo estava marcada para o dia 17 de julho, no voo 3054 da Tam. Ao pousar em Congonhas, o avião acelerou, ultrapassou a cabeceira da pista e a avenida e se chocou contra um depósito da empresa. Todas as 187 pessoas a bordo e mais 12 em solo morreram.
Rubens Serra: Na hora em que eu fiquei sabendo que era o voo que eu tinha adiado por conta de um amigo cliente que tinha cancelado a reunião um dia antes, e eu vi que era de Porto Alegre, eu falei: ‘Epa. Estou gastando das sete vidas, duas já foram’.
Fantástico: Quando você viu que o voo era de Porto Alegre, você sabia que era aquele em que você embarcaria?
Rubens Serra: Tinha certeza absoluta.
Fantástico: Você conferiu o bilhete?
Rubens Serra: Conferi o bilhete.
Fantástico: Quando você viu que o voo era de Porto Alegre, você sabia que era aquele em que você embarcaria?
Rubens Serra: Tinha certeza absoluta.
Fantástico: Você conferiu o bilhete?
Rubens Serra: Conferi o bilhete.
Sorte? Destino? Casualidade? É difícil encontrar uma explicação para essas "segundas chances".
“Se tudo tivesse dado certo, eu não estaria te dando essa entrevista aqui hoje”, diz Rubens.
“O destino, a vida mesmo, pode colocar qualquer palavra”, conta Claudia.
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