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quinta-feira, 5 de março de 2015

QUADRILHA USAVA DOLEIROS PARA LAVAR DINHEIRO E COMPRAR, DROGAS,DIZ PF.


Esquema que usava contas de empresas era liderado pelo oeste do Paraná.
Quatro pessoas com residência fixa na região foram presos em operação. 

Do G1 PR
Durante cumprimento de mandados em Foz do Iguaçu, policiais apreenderam veículos usados por suspeitos de integrar o esquema de lavagem de dinheiro (Foto: Rodrigo Soares / RPC)Durante cumprimento de mandados em Foz do
Iguaçu, policiais apreenderam veículos usados
por suspeitos (Foto: Rodrigo Soares / RPC)
A quadrilha desarticulada durante a Operação Bemol usava doleiros para a 'lavagem' e o envio de dinheiro ao Paraguai, aponta a Polícia Federal. Os valores que chegavam ao país vizinho eram usados para a compra de drogas e de mercadorias contrabandeadas enviadas para o Brasil. Durante a ação realizada desde a madrugada desta quinta-feira (5) no PR, RS, SC e SP foram presas 37 pessoas até as 17h.
Em entrevista coletiva em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, o delegado-chefe, Ricardo Cubas César, explicou que o esquema era comandado por quatro pessoas com residência fixa no oeste do Paraná: três delas em Foz do Iguaçu e uma em Cascavel. Entre os líderes estavam um professor universitário, um doleiro e um empresário.
O esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas teria movimentado mais de R$ 600 milhões entre 2011 e 2015, de acordo com a PF. Depois de 'lavado', parte do dinheiro, observou o delegado, era reinvestido no esquema para a aquisição de mais drogas e mercadorias. Outra era usado para a aquisição de bens como veículos de luxo.

Conforme as investigações, iniciadas em 2012, o grupo utilizava contas bancárias de 87 empresas – a maioria delas fictícias e de vários ramos como de hotelaria e de venda de bebidas – para receber valores de pessoas físicas e jurídicas de diversos estados interessadas em adquirir mercadorias, drogas e cigarros do Paraguai. Certas quantias eram levadas para o país vizinho passando pela Ponte da Amizade, principal ligação entre os dois países. Cabia aos doleiros repassar o dinheiro para "quitar" dívidas de traficantes e contrabandistas, que em troca enviavam os produtos e as drogas ao Brasil. 
"Eles possuíam várias empresas usadas pelo comprador para depositar o dinheiro que deveria chegar ao Paraguai. Quando envolvia pequenas quantias, sacavam em agências bancárias e levavam esse dinheiro fisicamente pela Ponte da Amizade. Quando envolvia quantias maiores, usavam o esquema de 'dólar cabo', uma espécie de compensação em que o dinheiro passa de uma mão para outra sem sair do país onde está”, explicou o delegado.
César esclareceu ainda que grande parte dos sócios-laranjas sabiam das atividades ilícitas da qual estavam participando e por isso também podem responder por tráfico de drogas, descaminho e contrabando, além de formação de quadrilha e falsidade ideológica.
"O alvo nesta operação não era o tráfico de drogas ou o contrabando, mas o caminho que o dinheiro percorria. E, com isso, conseguimos chegar aos líderes da quadrilha e desvendar como os envolvidos operavam este esquema financeiro paralelo", observou o delegado da Receita Federal em Foz do Iguaçu, Rafael Dolzan.
Até o fim da tarde, ainda faltavam ser cumpridos quatro mandados de prisões temporárias e dois de condução coercitiva. Os 68 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. O mandado do Rio Grande do Sul foi cumprido no municípios de Soledade. O empresário não teve a identidade revelada pela Polícia Federal e estava em um hotel da cidade.
As prisões temporárias têm prazo de cinco dias e podem ser prorrogadas pelo mesmo período. Já as preventivas não têm prazo pré-definido. Durante ação, foram apreendidos R$ 62,3 mil, US$ 400 dólares, três carros e uma arma sem registro.
Os municípios alvo da operação são: Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, Matelândia, Cascavel, Toledo, e Altônia, no Paraná; Joinville, em Santa CatarinaSoledade, no Rio Grande do Sul; e Ribeirão Preto e Monte Aprazível, em São Paulo. Mais de 200 federais e 30 servidores da Receita Federal atuam no cumprimento dos mandados.
A PF informou ainda que os investigados eram responsáveis por conferir a aparência lícita a recursos financeiros de origem criminosa e remeter o dinheiro ao Paraguai. Além dessas atividades, para atender às exigências de “doleiros” paraguaios, a organização criminosa também era responsável por transferir parte dos ativos ilícitos para contas bancárias brasileiras controladas por tais “doleiros”. 
Além de R$ 63,5 mil em dinheiro, policiais apreenderam durante a ação três carros, celulares, computadores e uma arma se registro (Foto: PF / Divulgação)Além de R$ 62,3 mil em dinheiro, policiais apreenderam durante a ação três carros, celulares, computadores e uma arma se registro (Foto: PF / Divulgação)
Bemol é referência à teoria musical
A operação da PF foi batizada de "Bemol" por possuir o mesmo propósito da Operação Sustenido, deflagrada há menos de um ano pela PF em Foz do Iguaçu, que desarticulou organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro. A expressão Bemol é uma referência à teoria musical, visto que tanto o sustenido quanto o bemol representam uma nota intermediária entre duas outras notas musicais.
O papel das organizações criminosas dessas duas operações, segundo a PF, era fazer a ligação entre traficantes de droga, “cigarreiros” e empresários brasileiros, com os fornecedores de tais produtos residentes no Paraguai.

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