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terça-feira, 19 de maio de 2015

TROCADOS NA MATERNIDADE DESCOBREM ENGANO AO FICAREM AMIGOS NA ESCOLA.


Hospital foi condenado a pagar R$ 210 mil às famílias de Manduri (SP).
'É preciso ter jogo de cintura para dar atenção às mães', conta jovem.

Do G1 Itapetininga e Região

Depois de serem trocados dentro da Santa Casa de Misericórdia em Cerqueira César (SP), Jônatas Uchoas da Silva e Flávio de Souza Pereira, ambos hoje com 25 anos, só descobriram o engano ao se conhecerem na escola quando crianças. Ficaram amigos e passaram a frequentar a casa um do outro, o que fez as mães desconfiarem pelas semelhanças físicas com os pais biológicos. Eles fizeram o teste de DNA aos 19 anos, o que confirmou o erro e garantiu uma indenização de R$ 210 mil às famílias.    
De acordo com Clemilda Lopes dos Santos, mãe biológica de Flávio, foi a amizade entre os dois na época da escola em Manduri (SP) que promoveu a aproximação entre as famílias. Hoje, Flávio trabalha como vendedor e vive com a família que o criou na mesma cidade. Já Jônatas é casado e vive com a mulher na mesma cidade.

Emocionada, Clemilda dos Santos mostra fotos dos filhos (Foto: Cláudio Nascimento/TV TEM)Emocionada, Clemilda dos Santos mostra fotos
dos 2 filhos (Foto: Cláudio Nascimento/TV TEM)
As mães entraram com uma ação na Justiça e pediram danos morais contra o hospital.  A decisão foi da juíza Roberta Hallage Gondim Teixeira, da 1ª Vara Cível de Cerqueira César, que condenou a maternidade. "Não se trata de pequeno incômodo ou dissabor, mas de dor e sofrimento que, se apartando da normalidade, revela-se suficiente a interferir intensamente no comportamento psicológico dos autores", avaliou a magistrada.
Descoberta da troca
Clemilda explica que a busca pelo exame de DNA começou depois que a diretora da escola comparou o filho mais velho dela com Flávio, que é o biológico. Por estar em uma família de descendentes de italianos, a mulher contou que sofreu por muitos anos com o erro do hospital, já que era acusada de traição por marido e vizinhos, pois a criança tem a pele mais escura. “Foi uma sensação grande de alívio. Na verdade, não sabia se era nervo ou alegria”, revela.
Amizade entre Flávio Pereira e Jônatas da Silva começou na infância (Foto: Arquivo Pessoal/ Clemilda Medonça)Jônatas (esq.) e Flávio (direita) são amigos em
Manduri (Foto: Arquivo Pessoal/ Clemilda Medonça)
Para Cirlene Sabino de Souza, que é a mãe biológica de Jônatas, o resultado do teste de DNA realizado foi surpreendente. “Quando chegou o exame, eu não acreditava. Parei de comer e só chorava”, relembra.
Flávio lembra que, após descobrirem o engano, um dos aniversários marcou um momento bonito entre as famílias. "Quando fiz 19 anos, convidei o Jônatas e cantaram parabéns para nós dois. Minha mãe chegou e eu falei para ela dar um abraço no filho que também era dela", descreve.
O jovem conta ainda que tatuou o nome das duas mães em cada braço para demonstrar o amor que sente por elas. E conta ainda que precisa tomar cuidado para não deixá-las sem a devida atenção. "É preciso ter jogo de cintura para que uma não pense que eu gosto mais da outra."
Maternidade teve de pagar R$ 210 mil para famílias, em Manduri (Foto: Arquivo Pessoal/ Clemilda Medonça)Flávio (esq), Clemilda, Cirlene e Jônatas em almoço familiar (Foto: Arquivo Pessoal/ Clemilda Medonça)

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