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domingo, 23 de agosto de 2015

APENAS QUATRO CIDADES DO INTERIOR DO CEARÁ TÊM PATRIMÔNIO TOMBADO.

Embora esteja entre as primeiras construções que formaram vilas e cidades, as igrejas carecem de preservação

Capela de Nossa Senhora da Assunção, em Itapiúna, é tombada ( Foto: Alex Pimentel )
Mosteiro dos Capuchinhos, em Guaramiranga, foi criado com o propósito de promover o desenvolvimento das missões da Congregação do Norte do Brasil
Itapiúna. Provas históricas da formação de vilas e cidades, as igrejas e capelas católicas precisam ser preservadas, e também reconhecidas como patrimônio nacional. No Ceará, apenas Viçosa do Ceará, Icó, Sobral e Aracati têm templos tombados como patrimônio histórico. Entretanto, muitas edificações religiosas estão espalhadas por todo o Estado, mas os municípios não tem demonstrado interesse em perpetuar essas riquezas arquitetônicas.
O Maciço de Baturité é um exemplo. Nenhuma edificação religiosa é tombada. Apenas a Capela de Nossa Senhora da Assunção, em Itapiúna, é uma exceção. Deu início ao seu processo de tombamento.
A paróquia de Itapiúna trabalha pelo reconhecimento Estadual da pequena capela, erguida no povoado de Itans na primeira metade do século XVIII, entre 1720 e 1740. Após a outorga da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), o próximo passo será o aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), explica o pároco Antônio Firmino Bezerra.
Liberação de recursos
O trabalho pelo tombamento já vinha sendo realizado pelos párocos anteriores, mas somente neste ano, após o Iphan liberar recursos financeiros, foi possível restaurar o pequeno templo, segundo provas históricas e os traços arquitetônicos, erguido pelos jesuítas.
A superintendente do Iphan no Ceará, arquiteta Diva Maria Figueiredo, elogia o empenho da Paróquia de Itapiúna e confirma o desinteresse dos gestores públicos em trabalharem pelo reconhecimento do acervo imobiliário de suas cidades como patrimônio histórico.

No caso do Maciço de Baturité, apesar de a região possuir importantes edificações históricas, nenhum dos municípios apresentou projetos e nem solicitou ainda as visitas de técnicos do Instituto para reconhecimento nacional como patrimônio histórico.
A Paróquia apresentou o projeto de restauro ao Iphan e solicitou a liberação de recursos financeiros para realizar os trabalhos. Foram disponibilizados R$ 265 mil, provenientes de uma medida compensatória de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), aplicada a uma empresa de pesca no litoral de Aracati, de onde, inclusive, Itapiúna era distrito antes de se emancipar em 1958. O restauro da capela jesuítica, com estilo arquitetônico de transição entre o Maneirismo e o Barroco, foi iniciado no dia nove de março. Cinco meses depois estava pronta.
 No último sábado, foi realizada a festa com missa campal, celebrada com a participação do bispo diocesano de Quixadá, dom Ângelo Pignoli, para comemorar a restauração da capela.
Além da superintendente do Iphan, também participou o arquiteto responsável pelos estudos, Ramiro Teles.
Mosteiros
Na oportunidade, ele avaliou a possibilidade de realizar estudos sobre as igrejas matrizes das cidades da região e dos mosteiros erguidos no Maciço de Baturité, os quais também poderão ser reconhecidos como patrimônio histórico nacional, havendo comprovação da preservação dos traços arquitetônicos originais e da importância histórica. 
Para os moradores da vila de Itans, o restauro foi muito importante, e mais ainda quando a capela for reconhecida como patrimônio nacional.
O título vai atrair turistas ao pequeno povoado. Até lá, os historiadores podem se debruçar em estudos sobre a possibilidade de que a igrejinha seja a segunda mais antiga do Ceará, perdendo apenas para a de Viçosa do Ceará, a qual recebe o nome da mesma santa, Nossa Senhora da Assunção, explica a estudante Sislane Gomes Vidal. "A nossa capela também foi construída pelos índios. Essas coisas a gente já está aprendendo na sala de aula. Só não sabia que consertar uma igreja antiga era, assim, tão importante", completa a estudante Sislane Gomes.
Situado a pouco mais de 4km do centro de Baturité, o Mosteiro dos Jesuítas Sagrado Coração de Jesus ainda preserva as características da Escola Apostólica fundada em 1922.
A construção, de pedras, foi erguida por jesuítas portugueses e guarda objetos de antigos moradores. O vão principal tem 110 metros de frente por 78 de fundo. Os traços arquitetônicos foram cuidadosamente planejados pelo padre jesuíta português Antônio de Oliveira Pinto.
Um pouco mais à frente, ainda na região do Maciço, mas já no município vizinho, Guaramiranga, o Convento de Nossa Senhora de Lourdes ,mais conhecido como Convento da Gruta, também mantém traços arquitetônicos similares ao do Mosteiro dos Jesuítas, de Baturité. A edificação é praticamente uma réplica do Mosteiro beneditino de Santo Domingo de Silos, em Burgos, na Espanha.
O Convento de Guaramiranga nasceu de um projeto da Cúria Geral dos Capuchinhos, com o propósito de promover o desenvolvimento das missões da Congregação do Norte do Brasil, levando-as a organizarem em conjunto um noviciado e estudantado teológico. Após uma sondagem minuciosa, Guaramiranga foi escolhida para instalação da casa de formação.
FIQUE POR DENTRO
Importância desde os tempos do Brasil Colonial
Segundo historiadores, quando o Reino de Portugal resolveu colonizar o Brasil, a partir do seu descobrimento, no ano de 1.500, além de exploradores, soldados, criminosos e escravos foram enviados pelo rei D. João VI nas primeiras caravelas. A influência da igreja católica era muito forte junto ao Reno e atendendo aos pedidos de seus emissários, a partir de 1549 os jesuítas da Companhia de Jesus, começaram a chegar também, formando vilas e cidades, a mais celebre delas, São Paulo. Nos anos seguintes as missões dos jesuítas se espalharam pelo Nordeste. A vila de Itans, a pouco mais de 10Km do Centro de Itapiúna, é um exemplo. Embora os templos religiosos estejam entre as construções arquitetônicas mais antigas, a preservação é uma preocupação rara nos municípios do Interior, se comparada a importância desses locais para as memórias e a historiografia dos locais.
Mais informações:
Paróquia de Itapiúna
Telefone: (88) 3431-1192
Iphan
Telefone: (85) 3221-6360   
Alex Pimentel
Colaborador
FONTE:DIÁRIO REGIONAL

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