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domingo, 3 de maio de 2015

ESTUDANTES ACOMPANHAM PESQUISA DE REMÉDIOS CONTRA CÂNCER NA ANTÁRTICA.


Jovens foram escolhidos em concurso para conhecer trabalho de cientistas. No gelo, podem estar escondidos segredos para avanço da medicina.


Fonte:G1/Fantástico/TN

Os quatro jovens que o Fantástico acompanhou durante quase dois anos finalmente botaram os pés na Antártica, terra dos amiguinhos pinguins. Os estudantes foram escolhidos em um concurso para conhecer o trabalho dos cientistas brasileiros. Em meio a todo aquele gelo, podem estar escondidos segredos importantíssimos para o avanço da medicina. 
Depois de um ano tentando chegar, não dá para perder tempo. Tamara, Waldemir, Elias e Mateus mal pisam no chão antártico e já estão em helicóptero. O destino é a estação brasileira Almirante Ferraz, que fica mais ao centro da ilha do Rei George.
Um sobrevoo para visitante nenhum botar defeito. “Nossa, foi emocionante. As paisagens são muito lindas”, diz o estudante Elias Martini.
Com direito a um tchauzinho de uma moradora local. Quando estava dando uma volta na baía, apareceu uma baleia. Duas jubartes, bem em frente à estação brasileira. “Fazendo aquele movimento de descida. Ela coloca a cauda para fora”, conta o estudante Matheus Mantovani.

O Brasil tem uma estação permanente no continente gelado. Mas em 2012, um incêndio destruiu quase completamente as instalações. Dois oficiais morreram. Existe um projeto para a construção de uma base mais moderna, já em andamento. É em uma base provisória, montada em apenas um mês, no verão de 2013, que a equipe ficou. 
As instalações são feitas para causar o mínimo de impacto possível nesse lugar quase imaculado. Todo lixo é separado, compactado e retorna para o Brasil. Mulheres de um lado e homens, do outro.
Eles vão ter que se acostumar a dormir de dia. É porque durante os meses de verão, o sol não se põe. É sempre dia. Ótimo para ficar horas e horas explorando o lugar.
Chegar até lá já foi uma grande vitória, e agora, esses estudantes tem três dias para descobrir o mundo que vai muito além de uma paisagem gelada. É uma grande aula de ciências a céu aberto.
De bote, até os vizinhos, a estação polonesa Arctowski. No caminho, muito gelo. Os poloneses aguardam, na praia. Onde esbarramos com os pinguins que viemos ver.
O simpático guia turístico nos leva até a ‘pinguineira’, uma colônia de pinguins que toma toda a lateral de uma montanha.
“Eu só via pela televisão. E quase todas as vezes que eu via eu dizia 'um dia vou ter que ver isso’”, diz Waldemir.
Os pinguins-de-adélia vêm ao mesmo lugar, ano após ano, para se reproduzirem durante o verão. Os estudantes deram sorte com os pinguins. Os filhotes ainda estão trocando a pelugem, então os pais ainda não foram embora pro mar. As colônias ainda estão cheias.
“Quando eles nascem, são pequenos, eles nascem com essa penugem para proteger do frio e do vento. E conforme eles vão crescendo, a penugem vai caindo. Até a penugem cair completamente, eles não podem ir buscar comida, porque é que nem a gente, nadando com roupa molhada. É muito difícil. E aí os pais têm que vir na boca deles e regurgitar”, afirma Tamara Klink.
Os pinguins não são os únicos que curtem o "calor" do verão na Antática. Esparramados, os elefantes marinhos ficam jogados ao sol curtindo um bronze. São mamíferos. Eles têm cinco dedos. Se você olhar, você vê direitinho o dedo e a unha.
Na hora de voltar, uma surpresa: enquanto o grupo visitava a ‘pinguineira’, o vento deslocou um campo de gelo e trouxe para a beira da praia. E agora marinheiros tiveram o maior trabalho para trazer o bote para embarcar.
“O desafio agora é a gente conseguir passar por esse mar de gelo e voltar para a estação brasileira”, conta Mateus.
Abrimos caminho pelo meio do gelo. Pesquisadores de várias universidades brasileiras esperam pelos estudantes. “A nossa missão, nessa expedição da Antártica, é fazer a coleta de solos e sedimentos de vários pontos”, explica Lara Sette pesquisadora da Unesp ou Emanuele Kuhn, pesquisadora do instituto oceanógrafo da USP.
O solo Antártico é rico em fungos, que resistem ao frio extremo. E podem virar remédio para tratar um tipo de câncer infantil. “A leucemia linfoide aguda, é uma leucemia que ataca principalmente crianças de 3 a 5 anos de idade”, afirma o pesquisador.
É a doença que Tiago, 5 anos, combate bravamente no Inca, o Instituto Nacional do Câncer, no Rio. O tratamento provoca efeitos colaterais e muita dor. É difícil fazê-lo sorrir.
Denise da Silveira, mãe do Tiago: Muito sofrido você ver seu filho na cama, chorando. É muito complicado.
Fantástico: Um remédio que tivesse menos efeitos colaterais?
Denise da Silveira: Seria ótimo. Uma benção.
“Isso é uma busca superimportante. Se você consegue produzi-lo de uma forma menos alergênica, menos geradora de alergia, já é uma grande vantagem, tanto no sentido do efeito colateral, mas também na própria eficácia. E as crianças vão sofrer menos”, afirma o pesquisador do Inca Carlos Gil Ferreira
Sabendo isso, o simples ato de coletar amostras de terra em solo antártico tem outro sentido. “O trabalho humano por trás de cada remédio que a gente vê é muito grande, são anos de pesquisa”, diz Tamara Klink.
A descoberta de um novo antibiótico pode começar capturando ouriços do mar. Os bichos feiosinhos produzem um líquido poderoso, capaz de matar as bactérias. A bordo do navio de pesquisa Almirante Maximiano, outros cientistas buscam remédios nos fungos e algas da Antártica.
Nesses organismos que resistem a tanto frio e escuridão, podem estar as curas de doenças tropicais, como dengue e malária.
O navio também pesquisa as profundezas do Mar Antártico, um mar genioso. De repente, ondas de 5 metros de altura. Até marinheiro experiente passa mal. Haja remédio para enjoo.
Doze horas de tempestade. E, de repente, o mar está de novo para peixe.
O bacalhau antártico ajuda os pesquisadores a entender o impacto das mudanças climáticas na vida marinha. Vida que está sendo mapeada sem ninguém molhar os pés, graças a um robozinho.
Ele vai a até 300 metros de profundidade e manda, ao vivo, as imagens do que encontra. Ao vivo, a natureza em ação. As geleiras soltam mais os blocos no mar, porque essa área da Antártica ficou muito mais quente nos últimos anos.
Três dias de experiências intensas. Antes de voltar, um ritual. Só Saloá, Pernambuco, terra de Waldemir, ainda não tinha uma plaquinha no local.
“Vai mudar minha vida daqui para frente. E se agora está acontecendo coisas melhores, no futuro, espero que aconteçam muito mais”, diz Waldemir.
Para os quatro estudantes,uma experiência inesquecível. “A gente ficou três dias e parece que foi um sonho assim, porque tudo deu certo”, conta Tamara Klink. 
“Ver as pesquisas, ver os animais tudo muito de perto assim, é muito diferente”, diz Elias.
“Vou chegar em casa, vou lembrar como foi aqui e vou sentir saudades de voltar”, diz Matheus.

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