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sexta-feira, 12 de junho de 2015

REPÓRTER DIZ QUE É DISCRIMINADA POR BOMBEIRO APÓS VÍDEO EM FESTA EM MINAS GERAIS-MG.


Ela alega ter sido barrada para entrevista após filmagem em Frutal.
Tenente disse que jornalista interpretou atitude de forma errada.

Do G1 Triângulo Mineiro

A repórter Paola Silveira diz ter sido discriminada e censurada no 7º Batalhão do Corpo de Bombeiros de Frutal (MG) após a distribuição de um vídeo via aplicativo de celular. A jovem de 24 anos foi filmada dançando de minissaia em uma festa universitária, durante um concurso em uma república de estudantes, no dia 17 de maio. O problema, de acordo com ela, é que depois da repercussão foi impedida pelo comandante tenente Magalhães de entrevistar um militar na última terça-feira (9). “O comandante disse que não queria a imagem do Corpo de Bombeiros vinculada a mim”, contou. O vídeo acima foi enviado ao G1 pela própria jornalista.
G1 conversou com o tenente, que afirmou ter ocorrido interpretação errônea por parte de Paola. A queixa, segundo ele, foi sobre as roupas utilizadas pela repórter em um ambiente militar. O G1também entrou em contato com o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), Kerisson Lopes, que está acompanhando a situação. Ele disse ter se reunido com o subscretário de Estado de Defesa Social e que as possíveis irregularidades cometidas pelo tenente serão analisadas pela corporação. 

Paola trabalha em uma emissora de rádio da cidade. Ela ainda não fez Boletim de Ocorrência ainda, mas afirmou que deve fazer em breve. Segundo ela, no dia do ocorrido questionou o militar sobre a possível discriminação sofrida durante o trabalho, alegando que o vídeo foi gravado em um momento de lazer, mas ainda assim foi impedida de fazer a entrevista.
“Eu esperava um sargento para a segunda entrevista quando o tenente veio na minha direção e perguntou o que eu estava fazendo no batalhão. Ele disse que tinha falado para o meu patrão que não era para eu ir lá, pois não queria que a imagem do Corpo de Bombeiros fosse vinculada a minha pessoa. Eu perguntei o motivo e ele disse que era por causa do vídeo. Eu disse que estava no meu horário de lazer. E ele insistiu dizendo que não queria que os militares me dessem entrevista. Fui saindo e disse para ele que era discriminação e que eu falaria da situação para o comando dele e ao meu chefe. Foi uma humilhação e tanta. O comandante chegou a ser irônico e disse que já tinha dito ao comando que não aceitaria entrevistas comigo”, relatou.
O militar afirma que procurou o chefe da repórter para alertar sobre as "roupas inadequadas" utilizadas por Paola no trabalho. Segundo ele, dentro deste contexto, a jornalista errou na interpretação da situação ocorrida na terça-feira. “Ao chefe dela citei um vídeo em que ela apareceu e comentei que era complicado recebê-la por causa das roupas utilizadas em um meio militar. Ela não estava com vestes adequadas. Não tenho nada a ver com a vida particular dela, mas infelizmente ocorreu esse mal entendido”, afirmou.
Sobre as roupas inapropriadas para o trabalho em ambiente militar, Paola afirma que na maioria das vezes trabalha de uniforme social. Nas ocasiões em que não está uniformizada, ela diz se pautar pelo bom senso. “Nunca tive problema com minhas roupas e com o jeito que me porto durante o meu trabalho. Mesmo se eu tivesse usando algum tipo de roupa, seria outro preconceito, pois não foi imposto um jeito de se vestir para trabalhar. É claro que no meu conceito profissional eu não iria até o batalhão de forma vulgar”, argumentou.
O tenente disse também lamentar pela confusão causada e que se mantém à disposição de qualquer profissional da imprensa para o repasse de informações. “Lamento o que ocorreu, pois são duas versões. Lamento que ela tenha usado as palavras de forma diferente das que eu falei. Ela entendeu que eu a proibi de ir ao pelotão. Hoje, a procurei, mas ela não quis me atender. Ainda é função minha atendê-la diante de qualquer situação” disse.
Nunca tive problema com minhas roupas e com o jeito que me porto durante o meu trabalho. Mesmo se eu tivesse usando algum tipo de roupa, seria outro preconceito, pois não foi imposto um jeito de se vestir para trabalhar."
Paola Silveira, repórter
Suporte sindical
O presidente do SJPMG Kerisson Lopes, destacou em nota que a posição do tenente enquanto funcionário público deveria ser em prol do atendimento à imprensa para que a sociedade seja informada. Veja a íntegra:
“Fomos acionados por um jornalista da cidade nesta quinta-feira (11) pela manhã, que relatou o caso ao sindicato e entendemos que foi um ato contra a liberdade de expressão e o trabalho de um profissional da imprensa. Consideramos isso grave. Solicitei um relato da Paola com detalhes, e solicitamos imediatamente uma reunião com o secretário de segurança pública, que designou que fossemos recebidos pelo subsecretário de estado de Defesa Social, coronel Wilson Gomes da Silva Júnior. Fomos recebidos no fim da tarde desta quinta-feira (11), formalizamos a denúncia alegando as duas irregularidades cometidas. Ele também assim interpretou e se comprometeu a entrar em contato com o comando do Corpo de Bombeiros para que fosse aberta uma sindicância interna para a corporação apurar quais foram às atitudes e se houve irregularidades cometidas pelo tenente”.
Visão jurídica
O advogado criminalista e professor universitário Leuces Teixeira, destacou que a denúncia apontada por Paola fere direitos individuais da atividade intelectual. Além disso, a postura do militar indica normas que legalmente não existem.
“Está na constituição federal, artigo 5º, no capítulo dos direitos e deveres individuais e coletivos, que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, se não em virtude da lei. Diante disso, o tenente teria que mostrar onde está escrito que, por ela ter usado determinado roupa, está proibida a entrada dela no batalhão. Ele está criando uma regra de comportamento sob a ótica dele, pois é livre a liberdade da atividade intelectual, artística, científica e comunicativa. A intimidade e vida particular da repórter é inviolada”, explicou.
Denúncias
Após o ocorrido, Paola afirma que está procurando maneiras de ser ressarcida pelo tratamento que teve no batalhão. “Eu liguei no disque-denúncia do 181 e fui direcionada para o 162 (denúncia contra órgãos e servidores públicos), onde expliquei toda a situação, obtive um protocolo e estou esperando eles me responderem”, disse.

Ela afirma ainda que a situação comoveu outros profissionais da imprensa de Frutal, e também militares. Segundo ela, um grupo de pessoas próximas elabora uma carta de repúdio ao comportamento do tenente.
“Meu professor e um amigo de outra emissora se solidarizaram e compartilharam a situação na rede social. Disso surgiu comentários de apoio a mim e resolveram fazer uma carta de repúdio ao tenente. Está todo mundo assinando para que encaminhemos essa carta para a Corporação de Belo Horizonte e de Uberaba para ver se cabe punição ao tenente. Depois que sai de lá, muitos militares entraram em contato e disseram que me apoiam e não esperavam uma situação tão vergonhosa”, acrescentou.
Medo
Questionada sobre a necessidade de retornar ao batalhão, Paola destaca que teme humilhação, mas não abrirá mão da liberdade profissional e nem do livre arbítrio de se divertir como quiser nos momentos de folga.
“Depois disso não teve ocorrência e não teve necessidade de eu ir até lá. Se tiver, eu terei que ir. Eu estou com receio de ser humilhada novamente, pois é uma atitude machista, mas não vou deixar de ir lá. Eu não cometi nenhum crime. No horário de lazer eu faço o que eu quiser. A vida particular é minha”, concluiu.https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=3926392783764741131#editor/target=post;postID=6028932214482685332

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