Juliano Cruz defende que água para o asfalto não pode ser retirada dos poços do SAAE.
O vereador Juliano Cruz, na última Sessão da Câmara, dia 20, expôs a denuncia de populares informando que a água que está sendo utilizada na obra de asfaltamento da estrada do Maceió, está sendo retirada dos poços da rede de abastecimento do SAAE de Camocim. O vereador disse que não é contra o asfalto, mas apresentou preocupação com o fato, devido ao problema constante que a população enfrenta com a falta de água na cidade.
"Eu não quero é que mais na frente as pessoas sofram mais ainda do que já estão sofrendo", disse o vereador lembrando que no período compreendido entre os meses de "agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, até janeiro, o subsolo não tem água suficiente para abastecer a cidade", e com a retirada da água para a construção , "isso pode se criar um problema mais na frente".
Juliano sugeriu que a água para a construção seja retirada do Açude Gangorra, da cidade de Granja , "o que não pode é ser retirar dos poços que tem no nosso município, que já está passando por dificuldades", alertou pontuando que o problema da falta de água não é divulgado, mas que falta água em Camocim, em diversas ruas".
O Vereador Emanoel Vieira informou que a água está sendo retirada mediante estudos da Coordenadoria de Gestão de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, e que a empresa Britânia, construtora da obra, irá compensar a retirada cavando poços na área de captação de abastecimento da cidade, mediante compromisso do Governo do Estado e da Britânia firmado com o SAAE.
Alfinetada
É impressionante o esforço e agilidade que o governo público municipal e estadual tem para resolver problemas não tão urgentes da população. Se por um lado, sem muita burocracia, solucionam o problema de abastecimento de água para a construção de uma obra, por outro lado, não se percebe tamanha agilidade e esforço para resolver o problema de abastecimento de milhares de pessoas que sofrem historicamente com a seca na cidade.
O pior de tudo é imaginar que enquanto milhares de camocinenses, neste exato momento, estão bebendo pouca água e de péssima qualidade, o SAAE está disponibilizando muita água, "boa de se beber", para a construção de uma obra do Governo do Estado.
Muito embora os governos mantenham projetos hídricos afim de amenizar os impactos da seca, isso de forma lenta e bastante questionável, no caso especifico em questão, percebe-se uma forte inversão de prioridades. Ora, basta se atentar que, no momento, a falta de água para consumo humano é a prioridade mais relevante a ser observada, pois se trata da sobrevivência das pessoas, e que a água que o SAAE, que está gasta na referida construção, deveria de alguma forma ser ofertada para a população. Ou seja, o SAAE não deveria dividir com a empresa o que já é pouco e prioritariamente para consumo humano (beber, banhar, cozinhar etc).
O asfalto é importante e a construção não pode parar, mas que fossem conseguir água em outras paradas com mais abundância. Onde? Não sei, isso quem tem que saber e procurar é o governo municipal e estadual, que são pagos com nossos impostos para resolver os problemas públicos.
Outro fator a ser observado e questionado na afirmação do Emanoel Vieira, é que, segundo ele, a empresa, mediante estudo, irá cavar poços na área de captação do SAAE para compensar o disperdicio. Ora, então por que não foram cavados antes, já que a escassez de água é um fenômeno da natureza altamente previsível?
A falta de água no planeta é um das principais, se não a mais importante, discussão mundial, por tanto, não pode ser tratada de qualquer forma, de qualquer jeito. Não se pode empurrar na goela do povo certas justificativas descabidas, como se estivessem tratando de algo irrelevante. O debate do problema deve existir e forte
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